São os turistas mais cobiçados a nível europeu, apesar de já não fazerem parte da União Europeia: os britânicos perfilam-se para ter luz verde para fazerem viagens para fora do seu país a partir de 17 de maio, segundo foi anunciado pelo Governo de Boris Johnson, o que já está a gerar movimentações por parte de uma série de destinos, numa altura em que a reabertura do turismo ainda é incerta devido aos números ainda oscilantes associados à pandemia covid-19.
Para o Algarve, a região portuguesa que – a par da Madeira – mais vive de turismo britânico, não é esperado um regresso de ingleses, com impacto nos hotéis, antes de julho.
“Os operadores turísticos britânicos já anunciaram que vão manter as atividades suspensas até 24 de junho. O que significa que os ingleses não vão retomar as viagens antes de julho e, até lá, o Algarve não pode contar com turistas ingleses com impacto nos hotéis, é um facto“, nota Mário Ferreira, presidente executivo do grupo NAU, que tem oito hotéis no Algarve.
Nestes tempos de grande volatilidade, também a decisão dos operadores britânicos em manter a atividade parada até 24 de junho se poderá vir a alterar, sendo certo que nada impede um inglês em auto-férias (designadamente os que têm segundas casas no Algarve) a reservar por sua conta avião, transferes, ou mesmo hotéis, se não houver restrições para o fazer, com a situação da pandemia. Mas os operadores são fundamentais para a construção destes pacotes, ficando mais caro fazê-lo de forma isolada, segundo aponta Mário Ferreira.
As expectativas dos hoteleiros do Algarve para os principais meses de verão, julho e agosto, estão viradas para o mercado português, e também o espanhol, envolvendo pessoas que se podem deslocar de carro e sem dependerem de transporte aéreo.
“Onde eu vejo que poderá haver uma retoma importante do mercado britânico é no pós-verão, em meados de setembro, outubro e novembro, e poderá ser relevante para o segmento de golfe, que é fundamental no Algarve“, adianta o presidente executivo dos hotéis NAU, frisando que “era importante os ingleses voltarem ao Algarve”.
Portugal aberto a receber britânicos a partir de 17 de maio
Na semana passada, Portugal já tinha autorizado a chegada de cidadãos ingleses por razões profissionais, de estudo, reuniões familiares ou objetivos humanitários, e a TAP passou a fazer 15 voos semanais para Londres a 23 de abril.
Os Britânicos passam a poder viajar sem alegar motivos essenciais, mas os operadores turísticos ainda estão parados.
Espanha e Grécia têm vindo a anunciar que estão prontos a receber, sem restrições, turistas britânicos vacinados a partir de 17 de maio, conforme está na agenda do Governo do Reino Unido. E Portugal reiterou o mesmo objetivo há mais de um mês.
“Acolheremos de bom grado, a partir do próximo mês, os cidadãos britânicos que nos queiram visitar”, garantiu esta quarta-feira o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, reiterando que Portugal está aberto a receber viagens de ingleses a partir de 17 de maio e sublinhando o objetivo de “estender aos cidadãos britânicos” as facilidades do passaporte verde europeu que se prepara até junho, com vista a facilitar viagens sem restrições sob o comprovativo das pessoas estarem vacinadas, testadas ou recuperadas de covid-19.
A 18 de março, também a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, já tinha avançado à radio inglesa BBC que os turistas britânicos podiam entrar em Portugal a partir de 17 de maio, apresentando um comprovativo de vacina ou de teste negativo à covid-19.
As declarações da governante portuguesa em março surgiram logo após Portugal ter sido retirado da ‘lista vermelha’ de viagens do Reino Unido – o que significa que ao sair de território português, os britânicos deixavam de ficar obrigados a cumprir quarentenas em hotéis oficialmente identificados para o efeito, e às suas custas, ao chegarem ao Reino Unido, mas continuando sob o dever de ficar em isolamento no seu domicílio, ou outro à sua escolha.
Na altura, o anúncio da secretária de Estado do Turismo foi visto pelos hoteleiros do Algarve apenas como “uma declaração de boas intenções” por parte do Governo português em receber britânicos, mas sem efeitos práticos para o turismo nacional, uma vez que se colocavam numerosas outras questões por resolver até chegar a esse objetivo – também dependente do retomar do transporte aéreo e dos operadores turísticos responsáveis pela comercialização de pacotes de férias.
Viagens essenciais de britânicos a Portugal já permitidas desde a semana passada
A situação tem vindo a evoluir, e na semana passada Portugal levantou a suspensão dos voos que vigorava para o Reino Unido, o que levou a TAP a retomar a 23 de abril uma operação com 15 voos semanais para o aeroporto de Heathrow, em Londres.
Mas estes voos abertos aos cidadãos britânicos desde 23 de abril estão circunscritos a viagens essenciais, motivos profissionais, de estudo, de reunião familiar, razões de saúde ou objetivos humanitários, sendo obrigatório, em qualquer circunstância, a apresentação de teste negativo à covid, o que só não se aplica a crianças com menos de 24 meses.
O que muda a partir de 17 de maio, é que com os britânicos autorizados a fazer deslocações para fora do seu país – o que ainda carece de confirmação definitiva por parte do Governo britânico – também ficam com caminho aberto para virem a Portugal fazer férias e frequentar hotéis, sem a restrição da viagem ter de ser justificada por motivos essenciais.
Portugal tem vindo a evoluir favoravelmente relativamente à situação epidemiológica, e prepara-se para levantar as restrições do estado de emergência. No entanto, permanecem concelhos no país onde as taxas de risco ainda são acima da média. E o Reino Unido tem vindo a avançar nas campanhas de vacinação (contando com uma vacina nacional, a da Oxford e da Astrazeneca), mas tem enfrentado novas estirpes do vírus, e em particular a variante indiana.
O controle da pandemia ainda está numa fase cinzenta, apesar da ânsia dos destinos em quererem abrir o turismo na perspetiva de salvar o verão. E mesmo com o Reino Unido a manter a data de 17 de maio para abrir aos cidadãos a possibilidade de fazerem viagens de lazer, nada impede que venham a colocar recomendações de restrição a determinados destinos, ou a abrir ‘corredores’ com regras discriminadas.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso