Num país a ferro e fogo no que toca a incêndios florestais em que este ano, até 15 de Julho, a área ardida é 30 vezes superior à do período homólogo de 2016, o Algarve tem escapado até ao momento à devastação que tem afectado outras regiões, nomeadamente o centro do país.
Faro é o distrito com menor área ardida no país em 2017
Com 64 hectares o Algarve é actualmente a região do país com menos área ardida e contrasta com, por exemplo, os distritos de Coimbra, que soma 17.583 hectares ardidos, e de Leiria, com uns tristemente impressionantes 25.122 hectares.
Razão de satisfação para o Algarve onde a pronta resposta dos bombeiros e da protecção civil e o trabalho das autarquias e do exército vêm consistentemente a proporcionar excelentes resultados na prevenção e combate aos fogos.
A estes factores determinantes pode certamente juntar-se – muito embora seja de difícil avaliação – um maior civismo das pessoas, quer no cuidado dispensado às suas propriedades rurais, com desmatação mais frequente, quer ao evitar comportamentos de risco para as florestas.
Cinco anos depois da última grande tragédia no Algarve
Fez este mês de Julho (dia 18) cinco anos que se registou o último grande fogo no Algarve.
O fogo que lavrou em Tavira e São Brás de Alportel em 2012 consumiu 20.935 hectares, mais do que os 20.072 hectares ardidos em Pedrógão Grande (valor ainda por validar pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) e deixou o sotavento do Algarve vestido de negro.
No combate às chamas então estiveram mais 2.700 homens e 700 veículos num esforço que só depois de três dias deu por controladas as chamas devoradoras.
Tempos de má memória que se juntam aos incêndios de grande dimensão que se verificam também com infeliz frequência em Monchique e Silves, como em 2003 onde só num fogo foram consumidos 27,6 mil hectares.
Região está entre as que menos área ardida regista nos últimos três anos
Apesar de o passado nos deixar lições que não devemos, nem podemos, esquecer, a verdade é que a região está nos últimos três anos sempre entre as que menos área viram arder nas suas florestas.
Sempre numa análise até 10 de Julho, em 2015 arderam 202 hectares, em 2016 foram destruídos pelo fogo 27 hectares e este ano 64.
Mesmo nos últimos cinco anos os resultados do Algarve nesta matéria revelam que as alterações instituídas na forma como se responde aos incêndios florestais, nomeadamente a resposta em triangulação – em que a cada deflagração respondem em simultâneo as três corporações de bombeiros mais próximas – bem como o reforço continuado das medidas das autarquias na prevenção têm dado frutos muito positivos.