Um projeto-piloto permite a 20 pessoas com deficiência no Algarve terem uma vida autónoma, num programa que abrange já 900 pessoas em 35 centros no país e procura financiamento no próximo quadro comunitário.
Desde fevereiro de 2019 que o Centro de Apoio à Vida Independente (CAVI) da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral de Faro (APPC) permite a várias pessoas adquirirem uma liberdade e autonomia para estudar ou terem o seu próprio emprego.
Foi em maio de 2019 que Carina Kaupe teve acesso a este apoio, passando a ser acompanhada quase todos os dias por Isabel Van Der Kelen, que lhe trouxe uma “enorme diferença” na sua vida.
“Trouxe mais autonomia, liberdade, independência e oportunidade de estudar de forma mais acompanhada e desafogada, libertando os meus pais”, afirmou Carina Kaupe.
Ter um assistente pessoal permitiu a Carina passar a gozar de atividades de lazer, algo que “não fazia anteriormente” já que os pais “trabalhavam muito”, o que deixava pouco tempo extra para fazer as “coisas que quisesse”, confessa.
A entrada no CAVI possibilitou-lhe continuar os estudos académicos, estando a terminar um mestrado em psicologia e passou a ter uma maior qualidade de vida com a “assistência e o cuidado” que antes era impossível.
“O assistente facilita a questão física da escrita, é o meu prolongamento e digo isto de um modo carinhoso. O projeto traz-nos muita tranquilidade”, assegurou.
É precisamente a continuidade do projeto que preocupa “diariamente” Carina, comparando um eventual não financiamento com o facto de lhe terem dado asas para “poder voar” e depois as “cortassem”.
Isabel Van Der Kelen é a assistente da Carina – a quarta pessoa à qual dá apoio – e revela que se sente “realizada” por sentir que contribuiu para melhorar vidas de quem é “totalmente capaz”, apenas não consegue completar certas atividades que lhes permitiram “viver a vida plenamente”.
“Não é só a parte monetária e trabalhar para cumprir horário é fazer a diferença e sentir que a pessoa fica beneficiada. Quando a Carina faz o mestrado, que ela conseguiu completar aquela fase, sinto-me orgulhosa porque consegui fazer a diferença”, admitiu.
No balanço dos seus quatro beneficiários, cada um com os seus “desafios” dependendo da sua deficiência, disse que o complicado neste momento é lidarem com a ansiedade que o projeto poderá acabar.
“Quem trabalha terá deixar de o fazer e quem estuda o mesmo, caso os pais não possam acompanhar, para além da realização pessoal”, alertou.
À margem de uma visita ao APPC em Faro, a secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência assegurou hoje que o Governo deu um prolongamento aos projetos por “mais seis meses” para além de janeiro de 2022, para que possa haver um transição “com tranquilidade” para o novo quadro comunitário.
Com esta medida, Ana Sofia Antunes disse que fica “garantida” a transição para o novo quadro de apoio ao qual os centros se podem candidatar, obtendo “mais dinheiro” e dar continuidade ao apoio.
“O nosso compromisso objetivo é termos um modelo definitivo, legislado e aprovado até ao final do presente mandato do Governo, até 2023, e que o transforma numa resposta permanente da segurança social”, assegurou.