O envelhecimento da população a par da desertificação e dispersão do território colocam Alcoutim entre as três câmaras do continente que mais trabalhadores têm por mil habitantes, justificou o presidente da autarquia, que rejeita reduzir funcionários.
Apesar de Alcoutim ter uma taxa de trabalhadores municipais por mil habitantes situada ligeiramente acima dos 70%, segundo dados disponibilizados pelo Governo no portal da transparência municipal, Osvaldo Gonçalves (PS) disse à Lusa que uma redução de quadros “não é uma preocupação, porque a autarquia não está obrigada a isso” devido à sua situação financeira equilibrada.
O Orçamento do Estado para 2015 prevê que as câmaras endividadas reduzam o número de trabalhadores e Alcoutim está entre as três câmaras nacionais [a par de Barrancos e Mourão] com maior número de trabalhadores por mil habitantes, indicador que “tem aumentado nos últimos anos à medida que a população tem diminuído por força da desertificação e do envelhecimento populacional”.
Em 1960, o concelho do nordeste algarvio tinha mais de nove mil habitantes e actualmente a sua população não chega aos três mil. Estes números que colocam Alcoutim como um dos que mais emprega por mil habitantes.
“Isso [ser um dos municípios com mais funcionários] é mais uma forma de se fazer um ataque aos municípios, que já têm grandes dificuldades de sobrevivência e subsistência”, considerou o autarca.
Alcoutim muito afectado pelo despovoamento
Osvaldo Gonçalves explicou que “Alcoutim é um concelho muito afectado pelo despovoamento e pela desertificação”, conta com “um território de cerca de 578 quilómetros quadrados”, uma “centena de localidades dispersas” e “uma rede viária imensa”, sendo os atuais 167 trabalhadores municipais responsáveis pela prestação dos serviços necessários à população.
“Não temos empresas municipais, não temos serviços concessionados, nós suportamos todas essas necessidades, como a recolha do lixo, a manutenção das estradas, temos escolas, apoiamos inclusivamente na área da Saúde”, exemplificou.
Osvaldo Gonçalves considerou que “por força da redução acentuada da população, esses indicadores dispararam” e deixaram Alcoutim no topo da lista de municípios com números relativos de trabalhadores elevados.
“Esta é a justificação principal para os indicadores que apontam para esse excedente. Mas isso não quer dizer que o número de funcionários da câmara seja excessivo”, defendeu, rejeitando a hipótese de reduzir efectivos no próximo ano, porque a situação financeira do município não obriga a tomar essa medida.
A proposta de Orçamento do Estado para 2015 impõe a redução de funcionários entre 2% a 3% para os municípios endividados que se encontrem em situação de saneamento ou em ruptura financeira.
(Agência Lusa)