A Câmara de Alcoutim vai promover um conjunto de iniciativas culturais ‘online’ para assinalar o Festival do Contrabando, cancelado devido à pandemia, como a instalação de uma peça de Bordalo II no cais da vila, disse hoje o autarca.
As atividades, que decorrem a partir de terça-feira e até dia 15, vão ser “transmitidas ‘online’ em direto” para que todos possam assistir sem se deslocarem à vila para evitar aglomerações, agora desaconselháveis devido à pandemia de covid-19, disse à Lusa o presidente da autarquia, Osvaldo Gonçalves.
“Vamos criar uma obra de arte que está conotada com o contrabando, com o artista Bordalo II, que nos fez aqui uma peça que irá ser montada junto ao cais sul de Alcoutim, que é uma lontra, uma peça gigantesca, que tem este animal como conotação figurativa relativamente ao que é o contrabandista, porque tem uma capacidade par se camuflar e vive na água e no rio, que era o meio por onde esta atividade ilegal se realizava”, antecipou.
A peça será inaugurada no dia 15, mas está também previsto um programa que conta com um “documentário, filme, arte, instalações, astronomia e teatro físico” e com “a assinatura da ata de fronteira como já foi feita no passado” com o município vizinho de San Lucar del Guadiana, com o qual partilha este passado comum do contrabando entre os dois países, acrescentou.
Durante grande parte do século XX o contrabando era praticado por pessoas deste concelho do interior algarvio com a vizinha Espanha, através do rio fronteiriço luso-espanhol situado a sul de ambos os países, razão que levou à criação do evento, que este ano decorre sob o tema “Tráfico de Artes no Guadiana”,.
“Vamos realizar a iniciativa com um modelo atípico, mas lembrando o Festival do Contrabando e afirmando-o como um evento âncora em Alcoutim e na região e como um evento que ajuda a afirmarmo-nos no território e a dar um contributo para combater a sazonalidade na região do Algarve”, disse o autarca, lembrando o grande objetivo que levou ao apoio do programa 365 Algarve.
Osvaldo Gonçalves lembrou que Festival do Contrabando é o “evento que mais pessoas trouxe Alcoutim”, mas este ano toda a comunicação do “Tráfico de Artes no Guadiana” está a ser feita de forma a evitar a concentração de pessoas devido à covid-19.
Entre as iniciáticas culturais previstas estão, segundo o município, a transmissão do Documentário “220 metros de Guadiana” de Paulo Vinhas Moreira, e do filme “E o Rio Corre”, do programa Mar Limiar, do arquivo da RTP de 1976, assim como a “criação de um mural Frases do Contrabando pela artista local Isabel Ferreira, do Atelier Cerâmicas de Alcoutim”.
Outras das iniciativas é a criação do “Túnel do Contrabando” em cana, executado pela cooperativa espanhola d’arquitectura Voltes, especialista em construção sustentável com este material natural.