O “Albufeira 21 Summit” chegou ao fim e o presidente da autarquia não pôde deixar de expressar o seu contentamento pelos resultados. José Carlos Rolo agradeceu a todos os envolvidos neste “summit” pelo seu empenho e profissionalismo e fez o resumo das comunicações destes três dias, dizendo que este evento “suplantou as expetativas” e que se encontra agora mais motivado e seguro no que concerne aos investimentos de futuro para Albufeira.
Um dos destaques deste dia foi a apresentação de uma campanha já desenhada por José Carlos Rolo, intitulada “Albufeira Safe”, para um verão mais seguro neste ano de 2021, assente num turismo responsável. A apresentação esteve a cargo de Délio Pescada, chefe do Gabinete do presidente, que apelou a que todos vistam a “camisola” desta iniciativa, a qual passa pela criação da aplicação APP Albufeira Safe, com informações atinentes ao uso da máscara, distâncias, limites de grupo, localização do comércio, o acesso e as regras de permanência nas praias. “Albufeira dá passos para garantir um turismo em ambiente seguro e onde os riscos são minimizados”, referiu. Para esta campanha foi criado o slogan“ Albufeira – sinta-se em casa” para outdoors, mupis e multibancos em todo o país e a mesma será comunicada aos operadores turísticos na língua dos países emissores. Délio Pescada solicitou que todos passem a colocar esta informação nos estabelecimentos hoteleiros e comerciais, nomeadamente as agências de viagem. Esta garantia de segurança vai passar por uma “testagem em massa de forma gratuita a residentes e turistas, como emissão de comprovativo” e a colocação de dispensadores de álcool gel em todos os estabelecimentos do concelho. “Albufeira Safe, para bem receber e bem visitar nestes dias de pandemia, já neste verão”.
Este último dia contou com diversas intervenções, focadas na transição climáticas e na transição digital. No que diz respeito à transição climática, Francisco Ferreira, presidente da Zero, falou na necessidade de uma transição climática “justa que garanta uma sólida sustentabilidade”: “Temos tratado o planeta como esgoto e uma das consequências imediatas, na área da saúde é a morte de 6 mil pessoas por ano, só em Portugal”. A causa das grandes alterações climáticas é a emissão de carbono a partir dos combustíveis fósseis. “A pandemia trouxe um pequeno intervalo, apenas”. Refere que nunca houve tanta concentração de dióxido de carbono na atmosfera, o que gera o aumento da temperatura, esperando-se nas próximas décadas uma migração climática, ou seja, o Norte a ter o clima do Sul e o Sul com um clima igual ao do norte de África, colocando em causa o turismo no Mediterrâneo. As emissões de Gases de Efeito de Estufa são em grande volume e apenas 10 países emitem 64% de GEE. As causas são várias, nomeadamente a alimentação, o consumo e os resíduos.
“A Água é Vida, Território e Turismo”, foi com esta frase que Pedro Coelho, diretor regional da Administração Regional Hidrográfica do Algarve deu o mote à sua intervenção, sublinhado tratar-se dos principais desafios para a próxima década. Apontou como principal problema da região, a escassez hídrica, sendo que nos últimos três anos se verificaram valores extremamente baixos de precipitação. O Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve, que se iniciou no princípio de 2020 tem como matriz a integração dos setores da água e saneamento e a sua internalização, referiu. Em termos de metas, pretende-se a redução das perdas reais no setor urbano de 6,5h3 em 2025, a redução de perdas reais no setor agrícola de 5,3h3 em 2025 e a reutilização de água nos campos de Golfe de 5,6h3 em 2026. No setor urbano a água tratada para consumo tem que ter uma eficiência significativa, sublinhou, tendo apontado como um dos principais problemas o peso da água não faturada: 18,4 m3 de água não faturada, dos quais 13,4m3 se reportam a perdas reais.
No âmbito do Plano estão inscritos 200 milhões de euros: 25 milhões para o controlo de perdas no setor urbano; 17 milhões para redução de perdas no setor agrícola, 5 milhões para o reforço da governança a nível dos recursos hídricos, 23 milhões para promover a utilização de água não tratada, 75 milhões para aumentar a capacidade disponível e resiliência das albufeiras/sistemas de adução em alta e 45 milhões para promover a dessalinização da água do mar.
A redução ou eliminação de cargas poluentes que afetam os ecossistemas foi outro dos temas abordados. O objetivo passa por melhorar continuamente a qualidade das águas subterrâneas e das águas superficiais até ao final da década para os 100%. Pedro Coelho, aproveitou para destacar que Albufeira tem na zona de Paderne um aquífero importante que é preciso preservar. No que respeita à Reabilitação Fluvial, sublinhou a urgência de acelerar a erradicação de espécies exóticas invasoras existentes nas ribeiras, com vantagens significativas na melhoria dos ecossistemas e da qualidade da água.
As inundações são fenómenos que ocorrem e vão continuar a existir com consequências drásticas para as populações e os territórios, recorde-se o caso das inundações em Albufeira em novembro de 2015, para isso é preciso estar preparado para enfrentar os riscos, daí a Gestão dos Riscos de Inundação ser outro dos desafios apontados através da criação de sistemas de drenagem sustentáveis e adaptação das infraestruturas. A Prevenção é central no Ordenamento do Território, é por aqui que tudo começa, e neste aspeto “o Plano Geral de Drenagem de Albufeira é um excelente exemplo”, afirmou. A Gestão e Valorização do Litoral foi o último desafio apresentado por Pedro Coelho, tendo chamado a atenção para os impactos associados, nomeadamente o aumento do risco de inundações e destruição de zonas húmidas, aumento da erosão costeira e da frequência e magnitude dos galgamentos e inundações costeiras. Para evitar e mitigar estes problemas é preciso tomar medidas de adaptação, que passam por medidas de prevenção e proteção suaves (alimentação artificial das praias, reforço dos cordões dunares) e a implementação de faixas de salvaguarda), tendo referido como zonas sensíveis em Albufeira o setor entre a Oura e Olhos de Água.
No âmbito da transição digital, Tiago Cortez, gestor dos Projetos Especiais Cofina, trouxe-nos o Prémio nacional de Sustentabilidade, aberto a todos os empresários. “As Nações Unidas alertam que temos que mudar até 2030” e lançou a repto para que as empresas comecem a pensar em terem profissionais em sustentabilidade, melhores salários e não esquecer que “o talento migra” Por seu turno, Rui Pedro Pinto, gestor da Inovação – Hub Lisbon Azambuja, desafiou Albufeira a criar um Centro de Competências para o Turismo, apostando no Turismo 4.0 e que a criptografia quântica é uma das formas seguras de apostar no digital. Albufeira é um local bom para viver, pode acolher os nómadas digitais e vê na paisagem de Paderne uma potencialidade para as ZLT – Zonas Livres Tecnológicas.
“A cidade como plataforma” foi o tema dominante da intervenção de Miguel de Castro Neto a propósito da transição digital. “Os dados são o petróleo do séc. XXI e têm que ser refinados para uma tomada de decisão e consequente condução à ação. São um recurso renovável e há que tirar partido dos mesmos para alterar a realidade. “ Miguel de Castro Neto destacou que é tempo de agarrar a oportunidade da ideia de “a cidade dos 15 minutos”, a partir da inteligência urbana e mediante a qual, “em 15 minutos, a pé ou de bicicleta, se pode aceder a informações diversas”. Referiu ainda que “a transição digital é vista como a aquisição de tecnologia para modernizar processos, tornando-os mais eficientes. Mas a transição digital cria condições para pensarmos de modo diferente para tirar partido de diversas possibilidades”.
José Apolinário apresentou o Programa Algarve 2030, enquadrando Albufeira no âmbito dos desafios regionais. Defendeu que partimos de uma situação muito difícil “Albufeira tem das melhores praias do mundo, os melhores equipamentos ligados ao Turismo, mas enfrenta enormes desafios: 33 400 desempregados, sendo que 52% se encontram no eixo entre Albufeira e Portimão, a necessidade de promover a diversificação da base económica da região e as respostas na área do Turismo.
O Programa Operacional Regional tem a expectativa de gerir 600 milhões de euros, sendo que 300 milhões estão destinados a impulsionar a competitividade, o crescimento e a criação de emprego na região.
No âmbito do PRR, “a chamada bazuca”, programa de abrangência nacional, referiu que a CCDR está a estabelecer acordos com os municípios com vista a dinamizar as candidaturas, bem como com o setor privado e as Universidades. Trata-se de uma estratégia concertada para melhor aproveitar os fundos disponíveis para o desenvolvimento da região. Entre as respostas que consideramos prioritárias destacamos a construção do Hospital Central do Algarve, a Conetividade e Transição Digital e o Plano de Eficiência Hídrica. Refira-se que o PRR tem uma dotação de 35 milhões de euros para aos Municípios, bem como verbas destinadas aos privados nas áreas do Turismo, Sustentabilidade Ambiental, Agricultura e Dessalinização da água do mar.
Como grandes desafios e oportunidades para “Albufeira como Embaixadora do Turismo”, José Apolinário identificou quatro grandes áreas ao nível do Território; Competitividade, Pessoas e Sustentabilidade.
Ao nível do Território realçou a necessidade de reforçar a centralidade, a conexão territorial com o barrocal, a atratividade e qualidade do espaço público, a questão do urbanismo versus turismo, a identidade e o património. No que respeita à Competitividade, destacou a especialização turística e a especialização setorial distintiva, que turismo, produtos e destinos queremos para o futuro, a intermodalidade e a logística, a economia de longevidade, a importância de tirar maior partido da fileira da pedra, bem como a existência de produtos distintivos a nível da pesca, agroindústria e hortofloricultura. As Pessoas estão no centro de tudo e os desafios passam pelas questões ligadas à dinâmica demográfica, intergeracionalidade, multiculturalidade, abandono escolar precoce, a melhoria contínua de competências, qualificações, oferta formativa e a igualdade de oportunidades. Por último, na área da Sustentabilidade identificou questões que se prendem com a água, energia, clima e descarbonização (ambiente); a transição digital e circular, a fixação de investimento e emprego qualificado (economia), a inclusão, segurança, responsabilidade e respostas e serviços inovadores (social), a importância das parcerias e o foco nas pessoas (governança).
Antes da sessão de encerramento dos trabalhos, com as conclusões deste encontro por José Carlos Rolo, o presidente da Assembleia Municipal de Albufeira, Paulo Freitas, usou da palavra, sublinhando que o principal eixo de todas as questões e inovações prende-se com as pessoas, “é com elas que se contrói o futuro e não se pode pensar apenas nos que nos visitam, mas também nos que cá vivem”, para se evitar “um gap entre o que queremos e o que somos”. Por fim, salientou que eventos como este fazem sair dos gabinetes as ideias que estão a ser desenvolvidas, confirmando a máxima de que “partilhar conhecimento é construir o futuro”.