O projeto pertence à Plataforma Saúde em Diálogo, uma instituição de solidariedade social sem fins lucrativos, que está sediada em Lisboa. Os primeiros passos foram dados em 1998, com o objetivo de estender a mão aos doentes, não só garantindo-lhes condições de acesso aos cuidados médicos, como inseri-los na sociedade civil.
O Espaço Saúde em Diálogo de Faro surgiu em setembro de 2009, numa parceria entre a Plataforma, o Alto Comissariado da Saúde, a Administração Regional da Saúde do Algarve e o Hospital de Faro.
Defender o interesse dos doentes junto de instituições, autarquias e até perante o Governo é o maior desafio desta iniciativa, que lhes dá voz e os representa perante as suas dificuldades. É importante lutar pelos direitos de quem batalha diariamente por uma vida o mais normal possível, quer seja em termos de acesso a medicação, como de condições de trabalho e aceitação perante a sociedade.
Alda Martins tem 35 anos e é licenciada em Psicologia, pela Universidade do Algarve. Está envolvida no Espaço Saúde em Diálogo desde 2012, como psicóloga clínica, assumindo mais tarde também as funções de gestora do projeto. Durante a sua vida, Alda sempre se entregou a projetos de cariz solidário. É dirigente da Associação do “Akredita em Ti”, em Quarteira, que aborda as questões de “inclusão social de minorias étnicas e grupos de risco, nomeadamente crianças, adolescentes e seus familiares”. Deu também a cara pela “Oficina do Sentir”, em Faro, que pretende “tornar o acesso ao desenvolvimento pessoal e emocional mais fácil e acessível a todos”.
“As atividades são uma desculpa para os idosos conviverem”
Para Alda Martins, outro dos objetivos principais do projeto é dinamizar a cidade de Faro. Existe “ausência de atividades para o público sénior”, que passa muito tempo em casa sem contacto com outras pessoas e sem qualquer tipo de atividade que os faça movimentar ou exercitar o cérebro. Alda acredita que “nas cidades, os idosos ficam mais isolados do que nas aldeias”. Isto tudo, porque o ritmo de vida das cidades é mais agitado, há mais prédios, mais poluição sonora e confusão nas ruas, o que não incentiva a população mais velha a sair de casa. Nas aldeias, o contacto com a natureza e a proximidade das habitações pode aproximar mais a população sénior.
O aumento da esperança média de vida e diminuição da taxa de natalidade em Portugal, tornou-nos num país envelhecido. Faro não foge à regra e é por isso que Alda Martins considera que “relaxar, fazer exercício físico e comer melhor” é tão importante para os idosos e para os doentes, que procuram o Espaço Saúde em Diálogo também para “partilhar experiências”. A iniciativa serve a população idosa ao nível de processos mais complexos e ligados à doença, mas também tem uma componente muito prática, com um programa diverso de atividades. Essas atividades são promovidas por voluntários, que tentam ao máximo incluir todas as pessoas interessadas. “SOS Tecnologia”,“Massagem” e “Saberes e Sabores”, alguns nomes que constam da lista de atividades propostas do Espaço.
Alda Martins deixa ainda o repto a quem quiser ser voluntário, pois as atividades são, muitas vezes, restritas a um número pequeno e muita gente não consegue aceder. Neste momento, é necessário arranjar um novo instrutor de Yoga e também um voluntário para o programa “Clube da Agulha”.
Uma iniciativa unida na doença, na idade e condição física
O Espaço Saúde em Diálogo de Faro propõe assim envolver a sociedade, independentemente da doença, idade ou condição física. Débora Silva tem 28 anos e desde 2019 que colabora com a iniciativa, assumindo o papel de técnica de Apoio Social. Débora Silva é alguém que nos pode falar de preconceito e aceitação da sociedade. Nas suas palavras, ela diz “sou muito mais do que uma cadeira de rodas”.
O caminho para a aceitação está a fazer-se no nosso país, mas a verdade é que a diferença ainda está “incutida na mente” das pessoas, como diz Débora. Em situações de exposição, ela recebe “olhares e comentários”, mas revela com franqueza que “acabo por desculpar”. A sua participação no Espaço Saúde em Diálogo de Faro comprova que qualquer um de nós pode fazer o que quiser.
Antes de colaborar com Alda Martins, Débora Silva não conseguia arranjar trabalho há cerca de dois anos. As empresas que contactou diziam não estar à procura de colaboradores ou limitavam-se a dizer que não tinham acessos. O caminho até encontrar o Espaço não foi fácil, mas a jovem mostrou-se confiante e agarrou a oportunidade. Agora, faz parte deste projeto de cariz solidário e torna-se um exemplo para muitas pessoas. Admite que em Faro, os acessos a “estabelecimentos públicos e apoio a deficientes pode ser melhorado”.
Zelar por estes valores e melhorias é a luta de Alda Martins, Débora Silva e todos os outros colaboradores do projeto. Nunca é demais a ajuda e todos podemos ser voluntários de um projeto que um dia nos pode ajudar a nós. O Espaço Saúde em Diálogo pretende continuar a chegar a mais gente do Algarve, sempre com espírito de partilha e parceria.
Pode encontrar o Espaço Saúde em Diálogo no site ou através da página de Facebook, onde são partilhadas as atividades e informação útil ao leitor.