“Água com um Pingo de Consciência” é o mote da campanha de sensibilização que tem por objetivo promover a utilização eficiente da água através da consciencialização para o seu valor em todas as dimensões.
A campanha “Água com um Pingo de Consciência”, lançada pela empresa Águas do Algrve, será veiculada através de anúncios de imprensa, rádio, televisão, outdoor e meios digitais, estando ainda previstas ações em escolas e workshops sobre efi ciência hídrica, em utilizações urbanas, nomeadamente na rega de espaços verdes e lavagem de ruas, para técnicos municipais.
Esta campanha de sensibilização surge na sequência do Estudo Nacional sobre as Atitudes e Comportamentos dos Portugueses face à Água, realizado em abril de 2018, que identificou a existência de dissonâncias entre as atitudes e os comportamentos dos portugueses face à água, que consideram como o mais importante recurso mas não o valorizam e reconhecem que praticam desperdício.
O estudo, que teve a participação de mais de 1.660 pessoas num inquérito online, permitiu também identificar que os portugueses consideram as campanhas de sensibilização como uma das ações mais indutoras de comportamentos de poupança e valorização da água.
A campanha agora lançada vem reforçar este movimento de sensibilização para a importância de se integrar o uso eficiente e racional de água de forma permanente, uma vez que a escassez de água é uma realidade inevitável, designadamente no contexto das alterações climáticas.
Tendo em conta estas preocupações ambientais, o POSTAL falou com Teresa Fernandes, responsável pela Comunicação e Educação Ambiental da Águas do Algarve.
Porque é que deram início a esta campanha?
Como sabe, os níveis de pluviosidade deste ano foram abaixo do que é normal no Algarve e consequentemente também as disponibilidades e reservas hídricas da região, superficiais e subterrâneas, não são as mais desejáveis. Contudo, e apesar de estar garantido o abastecimento de água, com qualidade e quantidade a toda a região, na Águas do Algarve estamos a acompanhar a situação com a devida preocupação. Temos agora um sistema mais resiliente do que tínhamos há alguns anos atrás, no entanto, é necessário manter medidas de poupança de água. Não nos podemos alhear de um cenário anunciado que a médio e longo prazo continua a ser preocupante. Menos água obrigará a uma gestão mais refletida por parte de TODOS, não apenas da Águas do Algarve.
Qual é o objetivo da Campanha “Água com um Pingo de Consciência”?
A tomada de consciência da escassez de água desperta-nos para a urgência da sua gestão responsável. Esta campanha pretende “alertar” os consumidores e utilizadores, de que é necessário fazermos um uso parcimonioso da água em toda e qualquer utilização que façamos com ela. Cada um de nós, no nosso dia-a-dia, pode e deve contribuir para combater o desperdício e fazer um uso eficiente da água.
A campanha surge numa fase em que não existe qualquer alarmismo e por isso mesmo fundamental. Se chegarmos a uma fase em que ela já não corra nas nossas torneiras, de que valem as campanhas de sensibilização? É importante pensarmos nisto.
O nome da campanha é, por si só, um alerta para a situação que se vive atualmente?
É verdade. O cenário atual convida-nos a essa reflexão. A população na região algarvia neste período de verão vai triplicar e consequentemente também o seu consumo e logo… maior desperdício! É também nossa obrigação estar atento ao que nos rodeia, muitas vezes sem termos de sair de casa. É o caso do pingo-pingo das torneiras. Sabia que uma torneira a pingar pode gastar cerca de 25 litros de água por dia, o que corresponde a mais de 10.000 litros de água por ano? É só fazer as contas, na carteira e no ambiente.
A que público-alvo pretendem chegar com esta campanha?
Poupar água “é uma responsabilidade de todos”. Nesse sentido, a campanha dirige-se não apenas aos nossos residentes, mas também aos milhares de turistas que nesta época rumam ao Algarve.
Será promovido um conjunto vasto de ações que serãodesenvolvidas no terreno, muito próximas da população, durante os meses de Julho e Agosto. Para além disso, contamos com um conjunto muito rico de parceiros (que aceitaram de imediato o desafio), cujas sinergias nos permitirão levar a mensagem a todos os “cantos” da região. Falo da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), a Administração Regional de Saúde (ARS), a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), a Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP), a DECO, o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), a Região de Turismo do Algarve (RTA) ou a Universidade do Algarve (UAlg), a Associação Bandeira Azul e RTA e a Região de Turismo do Algarve, entre outras.
Que medidas podemos adotar para poupar água?
Embora ainda se observe muita negligência e falta de visão relativamente a este recurso, creio que essa situação irá alterar-se com brevidade. Convido a uma breve reflexão. Imagine um dia, um dia apenas, sem usar água. É difícil não é? São tantos os usos diários com água que começam logo que acordamos… Tomar banho, lavar os dentes, a loiça, tomar café, as várias vezes que vamos ao WC, regar plantas, cozinhar… e o mais importante, para beber. Ninguém quer que cheguemos aqui. Todos nós, realizando pequenos hábitos diários, conseguimos poupar grandes quantidades de água. E veja-se, poupar não é deixar de usar, é consumir apenas a quantidade que realmente precisamos. Um das melhores formas de poupar no dia-a-dia é, sem dúvida, reduzir o consumo. Há tanto que podemos fazer. Alguns exemplos:
• Feche a torneira enquanto não está a utilizar a água;
• Não descongele comida em água a correr;
• Regue o jardim a horas adequadas (manhã cedo ou final do dia);
• Banhos de imersão tendem a usar mais água do que duches. Prefira os duches curtos;
• Desligue a torneira enquanto se ensaboa, lava os dentes ou faz a barba;
• Se tem máquina de lavar loiça, use-a apenas quando estiver cheia;
• Se faz a lavagem da loiça à mão, junte também uma quantidade considerável antes de começar a lavar;
• Não tenha a água sempre a correr. Tenha, se possível, um recipiente para lavar e outro para enxaguar;
• Ponha de molho panelas difíceis de limpar em vez de ter a água a correr enquanto esfrega;
• Feche bem todas as torneiras, não as deixando a pingar;
• Dê banho ao cão numa área do jardim que precise de água;
• Lave fruta e vegetais numa bacia d’água em vez de ter a torneira a correr e use-a depois para regar plantas.
No Portal da água temos estas e outras dicas muito interessantes. Para saber mais clique AQUI
Que medidas podemos ainda tomar para minimizar a seca e reverter este problema cada vez mais preocupante?
Na minha opinião, este é um dos maiores desafios que a humanidade já enfrentou e que importa de facto resolver, se queremos que os nossos descendentes tenham um planeta onde é bom viver. Muito embora cada vez mais portugueses tenham maior consciência sobre o efeito das alterações climáticas, sendo as alterações dos padrões de pluviosidade e aumento de temperaturas alguns destes.
Trata-se de um problema que certamente não se resolve apenas com opções individuais de consumo, mas através de estratégias políticas nacionais e internacionais, onde muito pode ser feito. Para combater as alterações climáticas, as emissões de gases de estufa a nível mundial devem ser significativamente reduzidas e o desenvolvimento de estratégias e ações de adaptação aos impactos das alterações climáticas na Europa e, logo no nosso país, devem ser implementadas. Todavia, nós também podemos ajudar. De acordo com a Quercus estas são as principais medidas em que as nossas ações farão toda a diferença: reduzir o consumo de electricidade gasta no aquecimento (e arrefecimento) das casas, investir em painéis fotovoltaicos, evitar o carro sempre que possível, reduzir o consumo de carne de vaca e de produtos lácteos, aplicar os 3 Rs: reduzir, reutilizar, reciclar e reflorestar.
(Stefanie Palma / Henrique Dias Freire)