A fila à entrada da discoteca Twice estende-se ao longo da rua do Prior, uma das principais da noite de Faro. A porta ainda está fechada, apesar de já serem 00h30 deste 1 de outubro, mas ninguém parece importar-se com a espera. Pelo contrário, neste ‘dia da reabertura’, é a ansiedade misturada com alguma excitação que domina o ambiente.
Foto D.R. Filipe Farinha
A maioria são jovens, na casa dos 20 anos. Alguns, muitos, com menos idade. E entre eles há até quem seguramente nem tinha idade para ir a discotecas quando estas fecharam, há 18 meses, devido à covid-19. A confirmar isso mesmo, ouve-se uma jovem dizer aos amigos, com um riso nervoso: “É a primeira vez que venho ao Twice.” Já para Catarina Niza, mais velha que a maioria, é um regresso. “Estava à espera há muito tempo, quero sair à noite quero dançar”, explica. “Estive cá no último fim de semana antes de fechar tudo. Hoje tinha de vir.”
Foto D.R. Filipe Farinha
A casa – “a única com classificação de discoteca, em Faro”, segundo o gerente, André Pires – abre finalmente, à 01h00, mas a entrada é feita a conta gotas. Os porteiros têm de ver os obrigatórios certificados de cada um (sejam de vacinação ou de recuperação da doença). E quando permitem a passagem, ainda avisam: “lá dentro não se pode fumar.” É ‘dia de reabertura’ mas a pandemia ainda não acabou.
“Dei instruções para que não deixem a casa chegar ao limite da capacidade”, refere André Pires. “Estamos a reabrir mas queremos manter alguma segurança, algum espaço para se circular, alguma distância entre as pessoas”, acrescenta. Para o grupo, que além da Twice tem mais alguns bares e um restaurante em Faro, este ano e meio de encerramento não foi fácil. “Quando fechou tudo tínhamos 60 funcionários. Conseguimos mantê-los, em lay-off. Agora queremos reabrir, é muito bom voltar a funcionar, mas com segurança”, conclui.
Foto D.R. Filipe Farinha
Lá dentro, as regras de segurança sanitária pouco parecem preocupar os jovens. Dançam em grupos. Conversam, de copos na mão. Riem-se. A música toca alto. A covid-19 será a última coisa que lhes passará pela cabeça, neste novo passo para o regresso à normalidade.
Em Faro, a animação noturna vive muito dos estudantes da Universidade do Algarve. E, por isso, bares e discoteca encheram-se às primeiras horas deste 1 de outubro. Já em Albufeira, onde os turistas são os principais clientes, o cenário é muito diferente. “Nenhuma discoteca abriu hoje”, resume Alberto Macedo, responsável pela comunicação do grupo Liberto’s.
Foto D.R. Filipe Farinha
Estamos na avenida Sá Carneiro, a ‘rua dos bares da Oura’, e não se vê muitas pessoas a passar. “Esta notícia [reabertura das discotecas] é muito boa para Lisboa, para o norte. Para nós, já vem tarde. O verão já passou”, continua Alberto Macedo. O grupo manteve os bares a funcionar durante toda a pandemia mas a emblemática Kiss só vai reabrir a 9 de outubro. E as outras discotecas da cidade – que se autointitula a ‘capital do turismo’ – também continuam de portas fechadas. “Talvez alguma abra no fim de semana mas, nesta altura, há pouca gente, não se justifica”, diz ainda o responsável pela comunicação do grupo Liberto’s.
Notícia exclusiva do parceiro do jornal Postal do Algarve: Expresso