Estávamos a acabar de jantar quando, na televisão, deram especial importância à notícia. Deixei-os ouvir até ao fim e, sem nada comentar, perguntei-lhes a opinião. O Tomás ficou dois segundos em silêncio e eu lembrei-lhe que, como sempre, podia ser o mais sincero possível. Acabou por dizer que achava muito bem; que da outra maneira não era justo. O João, sempre dono da sua própria opinião, secundou o irmão com toda a naturalidade do mundo.
Nunca tinha debatido o assunto com eles pelo que, confesso, fiquei feliz ao constatar a naturalidade com que assumiram a concordância com este princípio de justiça. Afinal, independentemente de serem filhos de um casal típico, têm vivido sempre sob a lei do amor.
Mas fez-me confusão a demora da chegada desta lei.
Não é a orientação sexual que nos valida como pais. Não é a hombridade de viver de acordo com o que se é intrinsecamente que determina se cada um é melhor ou pior educador da sua prole. Ser mãe não é só parir, é tudo o resto e, todos sabemos: não é pouco. Ser pai é mais que providenciar bens e segurança, é amar, é fazer da cria um adulto feliz e funcional. E ser gente até pode implicar a existência de dois sexos, mas ser gente bem criada só implica amor!
Portugal é melhor hoje.
Em tempos (de diversas maneiras) inseguros, Portugal ficou mais bonito, mais justo, mais coerente. Independentemente da cor política de quem propôs, debateu, decidiu; agradeço-lhes a nobreza e maturidade desta esperada decisão!
Poderia dizer que é uma decisão grandiosa, sábia, generosa… mas em bom abono da verdade, ela é, tão simplesmente, uma decisão humana, normal e expectável por parte de seres humanos com características humanas. Poder adoptar uma criança numa relação homossexual tem o mesmo grau de justiça que poder respirar e viver sendo homossexual: é impensável não se ter como garantido.
Aplaudo, por isso, com grande alegria, a chegada desta lei do amor.