Vivemos tempos de pandemia. São tempos difíceis para todos, onde muitos trabalhadores ficaram em lay-off e outros tantos perderam o seu sustento, sem saber quando podem ainda retomar a sua atividade normal.
As associações dão o melhor de si neste momento, procurando auxiliar quem mais precisa. Contudo, a falta de apoios ou a elevada procura torna essa missão mais difícil. Ainda assim, a vontade de ajudar só aumenta perante as dificuldades. A Associação Artesãos do Barlavento surgiu em 2012, pelas mãos de Vítor Oliveira, residente em Lagos. Com o objetivo de dar valor à doçaria, ao artesanato, à música regional ao vivo, à gastronomia e a outras atividades culturais, o projeto enfrenta agora algumas dificuldades devido ao novo coronavírus. Existem 230 sócios, alguns até de Espanha, que participavam nos projetos antes de toda a situação pandémica começar em Portugal.
Vítor Oliveira não é artesão, mas esteve envolvido na junta de freguesia durante 12 anos e foi desenvolvendo o gosto por esta arte, que precisava de continuar a ser valorizada. Além disso, reconhece que “a doçaria em Lagos é muita rica e forte”. No ano passado, o Dom Rodrigo de 100 quilos entrou para o Guiness, algo que deixou o responsável de 56 anos muito orgulhoso. Ao longo de cinco anos, a Associação Artesãos do Barlavento já participou em diversas atividades, com vista a reconhecer os profissionais que vivem da arte e que lutam todos os dias para sobreviver, num setor muitas vezes “desacreditado”. Vítor Oliveira explica que o principal objetivo da sua associação é “continuar o trabalho de apoiar os artesãos nas feiras”.
Por ano, o grupo participa em cerca de cinco ou seis feiras. Entre elas, o responsável destaca a Feira da Primavera, realizada no início da estação; Feira do Doce de Lagos, no 25 de Abril; e Feira de Natal. Devido à pandemia, a Feira da Primavera foi cancelada, deixando para trás o investimento em publicidade, nomeadamente, cartazes. Vítor Oliveira assumiu-se desiludido com o sucedido, mas reconhece que foi o melhor a fazer, para proteção de todos.
Com toda esta situação, a associação não sabe quando retoma a sua atividade. O responsável deixa claro que “não quer apontar datas”. Contudo, “a associação só vai voltar, talvez na altura da Feira do Natal. Antes disso, será complicado”. Os artesãos e os produtores regionais estão neste momento a passar por dificuldades em escoar os seus produtos. Ainda assim, não desistem e mostram-se confiantes com os tempos que aí vêm. É preciso acreditar, mas também é preciso vender, pois existem muitos homens e mulheres que vivem das feiras e essas pessoas têm, na maioria dos casos, uma família para sustentar.
Neste momento de pandemia, Vítor Oliveira explica que as ajudas da Câmara de Lagos são muitas, uma vez que eles pagam a luz e a água do espaço da associação. Contudo, este ano cortaram o subsídio anual, devido a não haver atividades. Para o diretor da associação, “é exatamente nesta altura que precisamos mais de ajudas”. A falta de apoios em termos de subsídios deixou os membros da Associação de Artesãos do Barlavento preocupados.
Artesãos apoiam profissionais de saúde do Hospital de Portimão
Mesmo sem vender os seus produtos, os artesãos não desistiram de ajudar quem está na linha da frente no combate ao novo coronavírus. Alguns membros da associação estão envolvidos num projeto que tem como principal fim apoiar médicos e enfermeiros. O talento que têm com as mãos está a ser utilizado para “ajudar na confeção de máscaras sociais e roupas de proteção individual”. Os materiais desenvolvidos serão entregues ao Hospital de Portimão, numa ação solidária que serve de exemplo para muitas pessoas, pois a ajuda de todos é essencial para garantir materiais de proteção a quem está na frente de batalha.
É o que levamos de “lição” da pandemia: a solidariedade. Em momentos de incerteza, todos os apoios são bem-vindos e é preciso continuar a lutar. Vítor Oliveira apela a que os artesãos e produtores regionais “não desistam”, uma vez que “melhores dias virão”. Enquanto isso, o desconfinamento vai abrindo portas a alguns setores e existem feiras que já são permitidas. Pode ser a “luz ao fundo do túnel” para estes profissionais. É preciso que a população continue a consumir os produtos regionais, de modo a apoiar quem lhes dá forma e também a valorizar o que é algarvio.