Apesar de o número de casos de covid-19 ainda continuarem muito elevados na Europa, devido à variante Ómicron, os internamentos e as mortes estão com uma tendência estável. Por isso, vários países europeus estão a despedir-se de todas ou de algumas restrições, porque consideram que já estão numa fase diferente e menos “crítica”. De Inglaterra a França, começou a vaga de fecho da pandemia na Europa.
Inglaterra
Esta quinta-feira, Inglaterra abandonou todas as restrições do chamado “plano B” que foram impostas antes da vaga de infeções provocada pela variante Ómicron.
A partir de hoje deixa de ser obrigatório usar máscara em lojas e transportes públicos, os certificados de vacinação não são mais precisos para aceder a espaços e a recomendação do teletrabalho deixa de ser exigida.
O secretário de Estado da Saúde britânico, Sajid Javid, argumentou que o sucesso da vacinação aliado a uma melhor compreensão do tratamento do vírus “permite regressar cautelosamente ao plano A, restaurando mais liberdades ao país”.
O governo britânico salientou que a recomendação de uso de máscara em locais fechados e lotados mantém-se e que os estabelecimentos podem decidir se exigem ou não o certificado digital aos clientes.
Quando Boris Johnson anunciou o fim das restrições, justificou que os especialistas acreditam que a onda da Ómicron já atingiu o pico. “Devido à extraordinária campanha de reforço [da vacinação], juntamente com a forma como a população respondeu às medidas do plano B, podemos voltar ao plano A”, afirmou.
Irlanda
A Irlanda também já levantou quase todas as medidas de combate à pandemia desde as 6h00 do último sábado, dia 21 de janeiro. “Ao navegarmos nesta nova fase da pandemia, está na altura de sermos nós próprios outra vez”, disse o chefe de governo da Irlanda, Micheál Martin, acrescentando que o país “resistiu à tempestade Ómicron”.
As discotecas reabriram na Irlanda, o horário de encerramento antecipado para a restauração foi eliminado, assim como os limites de lotação para eventos ao ar livre e em espaços fechados, incluindo casamentos. O regresso faseado aos escritórios começou já esta segunda-feira. Algumas medidas de proteção foram igualmente abolidas, tal como o distanciamento físico e a necessidade de mostrar o certificado digital.
A vacinação “transformou completamente a situação” da Irlanda, disse Micheál Martin, argumentando que já não se justificava manter a maior parte das medidas de saúde pública. A Irlanda tem cerca de 77,4% da população totalmente vacinada contra a covid-19.
Holanda
Na Holanda, estabelecimentos como bares, restaurantes e museus foram autorizados a reabrir esta quarta-feira, depois de o primeiro-ministro, Mark Rutte, ter dito que o governo estava “conscientemente a tentar agir dentro dos limites do possível”.
Os casos continuam a atingir novos máximos diários, mas as mortes e internamentos em cuidados intensivos estão a diminuir. Neste sentido, a decisão de prolongar as medidas restritivas teria arriscado “prejudicar a nossa sociedade”, disse o ministro da saúde holandês, Ernst Kuipers.
Cafés, bares e restaurantes fechados desde meados de dezembro podem agora reabrir com capacidade reduzida até às 22h00, desde que os clientes apresentem o certificado digital. Também os cinemas, teatros, museus e eventos desportivos estão autorizados a abrir portas ao público.
Dinamarca
A partir da próxima terça-feira, dia 1 de fevereiro, a Dinamarca vai eliminar todas as restrições de combate à pandemia, uma vez que a covid-19 vai deixar de ser considerada uma doença “crítica” no país.
“Estamos prontos para sair da sombra do coronavírus, despedirmo-nos das restrições e saudarmos a vida que tínhamos antes. A pandemia continua, mas já passámos a fase crítica”, disse a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, numa conferência de imprensa.
Isto significa que, na Dinamarca, as máscaras deixam de ser obrigatórias em espaços fechados e transportes públicos, os restaurantes deixam de ter horários de funcionamento limitados e podem servir álcool depois das 22h00, deixa também de ser obrigatório mostrar o certificado de vacinação no acesso a espaços, as lojas podem aumentar a lotação e, por último, as discotecas podem reabrir.
A decisão de reabrir totalmente a sociedade surge numa altura em que os casos estão a atingir números recorde devido à Ómicron, mas as hospitalizações estão estáveis porque a variante é “menos preducial”, afirmou a primeira-ministra dinamarquesa.
“Pode parecer estranho e paradoxal que eliminemos as restrições com os níveis atuais de contágio, mas devemos olhar para mais números. Um dos mais importantes é o dos doentes graves e essa curva baixou”, disse ainda Mette Frederiksen.
O fim das restrições tem a “autorização” do painel de peritos que aconselha o governo dinarmaquês na resposta à pandemia.
Áustria
Já a Áustria decidiu que vai acabar com o confinamento para os não vacinados, na próxima segunda-feira, uma vez que a pressão nos hospitais está a diminuir. O anúncio foi feito pelo governo austríaco esta quarta-feira.
Apesar de os casos ainda permanecerem altos, devido à nova variante Ómicron mais transmissível, a taxa de ocupação de unidades de cuidados intensivos está a baixar. Por isso, e como afirmou o ministro da Saúde, Wolfgang Mueckstein, “chegou-se à conclusão de que o confinamento de pessoas não vacinadas na Áustria só é justificável no caso da ameaça de uma sobrecarga iminente da capacidade de unidades de cuidados intensivos”.
Desde 15 de novembro que as pessoas não vacinadas contra a covid-19 estão confinadas, na Áustria, o que significa que só são autorizadas a sair de casa quando estritamente necessário, como para ir para trabalhar ou ir ao supermercado, por exemplo.
Bélgica
A Bélgica também já anunciou, na última sexta-feira, a flexibilização de algumas regras: o público vai regressar aos estádios, com um máximo de 70% da capacidade, as salas de espetáculos com capacidade para até 200 pessoas podem reabrir, e aquelas que dispõem de capacidade superior podem ser ocupadas até 70% ou na totalidade se existirem boas condições de ventilação. Além disso, os bares e restaurantes podem ficar abertos até à meia-noite (em vez das 23h00) e algumas atividades recreativas e de lazer podem retomar.
“A razão porque podemos fazer isto é porque temos uma taxa de vacinação tão elevada”, explicou o primeiro-ministro Alexander De Croo, em conferência de imprensa. Cerca de 89% da população da Bélgica está totalmente vacinada e 67% recebeu a dose de reforço.
Entretanto, o governo belga anunciou esta quinta-feira que as quarentenas nas salas de aulas caíram. Assim, as escolas não têm mais de encerrar sempre que for detetado um novo surto nas turmas. Só as crianças infetadas terão de cumprir o isolamento, em casa. A aposta será na ventilação, uso de máscara e testagem frequente nas escolas.
Paralelamente, o governo também determinou que a dose de reforço será necessária cinco meses após o esquema vacinal completo, para manter o certificado de vacinação. A medida entra em vigor a partir de 1 de março. Este limite de cinco meses está entre os mais apertados da Europa.
França
Na semana passada, o primeiro-ministro Jean Castex anunciou um calendário para o levantamento gradual das restrições em França, a começar no dia 2 de fevereiro, próxima quarta-feira. “Esta vaga excecional ainda não acabou, mas a situação está a começar a evoluir favoravelmente”, afirmou em conferência de imprensa.
O certificado de vacinação exigido para entrar em restaurantes, cinemas e outros espaços públicos vai permitir levantar os limites de lotação em eventos culturais, desportivos e outros. O teletrabalho vai deixar de ser obrigatório para muitas pessoas e o uso de máscara não será necessário ao ar livre.
O pico da atual vaga em França deverá ser atingido nos próximos dias, como disse o ministro da Saúde Olivier Véran. Esta terça-feira, o país reportou um novo máximo de casos desde o início da pandemia: 501.635.
Em meados de fevereiro, quando o governo francês esperava que o pico da Ómicron já tenha sido ultrapassado, os bares e discotecas vão reabrir e volta a ser permitido comer e beber em espaços como teatros e estádios.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL