O primeiro-ministro britânico admite um adiamento do levantamento das restrições, previsto para 21 de junho. Boris Johnson está preocupado com os efeitos da variante Delta e a Organização Mundial de Saúde (OMS) também está.
Em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu que há um número de casos elevado de novos infetados, “o que já se sabia em relação às próximas semanas até o Rt (indicador de transmissão) descer consistentemente, produzindo então efeitos dentro de duas a três semanas”.
Interrogado se este aumento do número de infetados poderá configurar a prazo o regresso a uma situação de confinamento, o chefe de Estado afastou este cenário de retrocesso, alegando que a média de mortos “é baixíssima, a média de doentes em cuidados intensivos é muito baixa e a média de internamentos é também perfeitamente aceitável”.
Confrontado com a possibilidade de estar a existir uma transmissão na comunidade da variante Delta do novo coronavírus, o chefe de Estado voltou a desdramatizar: “Tem havido variantes várias, vão aparecendo e desaparecendo”.
“Até agora não ficou provado que as vacinas não abranjam essas variantes”, acrescentou.
O Presidente da República afasta a hipótese de recuos no desconfinamento a nível nacional e diz que os hospitais ainda estão longe de uma pressão igual à de janeiro.
Marcelo Rebelo de Sousa explica que o país terá de se habituar ao aparecimento de novas variantes e que a vacinação periódica poderá ser uma realidade.
Mas Portugal pode ultrapassar as linhas vermelhas da pandemia já daqui a duas semanas, o que pode obrigar o Governo a rever o processo de desconfinamento do país. O aviso é da Direção-Geral da Saúde e do Instituto Ricardo Jorge.
Variante Delta já tem transmissão comunitária em Portugal
Em dois meses, a percentagem das amostras associada a esta variante aumentou cinco vezes.
As autoridades de saúde portuguesas perderam o rasto às cadeias de transmissão da variante Delta (anteriormente conhecida como variante indiana). A transmissão já é comunitária.
Em meados de abril, a variante Delta representava 1% das amostras. Dois meses depois já representa cinco vezes mais. O que está a preocupar as autoridades é que entre muitos dos 92 casos detetados não foi encontrada qualquer ligação.
A variante delta já está em 10 distritos e 24 concelhos. Só Lisboa concentra três em cada quatro casos. 70% são homens adultos com cerca de 35 anos. São, sobretudo, portugueses, nepaleses e indianos.
Com o verão à porta, o Algarve teme o pior. A região algarvia continua a ser a que foi menos vacinada, apesar das promessas de reforço. No verão passado, os casos dispararam e teme-se que tal volte a acontecer.
De acordo com a Agência de Saúde Pública britânica, uma toma das vacinas da AstraZeneca ou da Pfizer confere proteção de apenas 33%. Só a vacinação completa parece ser eficaz, mas os estudos ainda são preliminares.
A variante Alpha (anteriormente associada ao Reino Unido) representa mais de 88% das infeções em Portugal, a Gamma (de Manaus) 2,3% e a variante Beta (da África do Sul) 1,8%. Estão todas a diminuir, exceto a variante Delta (indiana).
Apesar dos sucessivos anúncios de testagem massiva, há redução de testes
Catarina Martins criticou este sábado, em Salvaterra de Magos, a redução do número de testes à covid-19, apesar dos sucessivos anúncios, pelo Governo, de um programa de testagem massiva.
Falando na apresentação dos candidatos do BE aos órgãos autárquicos de Salvaterra de Magos, às eleições que se realizam este ano, Catarina Martins lembrou que o programa de testagem massiva foi anunciado em fevereiro e novamente em março e em abril, mas, não só não começou, como o número de testes tem vindo a descer.
“Estamos em junho e o número de testes tem vindo a diminuir, e não nos digam que é por causa dos feriados, porque, precisamente por causa dos feriados, nós precisamos de mais testagem”, disse, frisando que, dos 325.000 testes numa semana realizados há 15 dias se passou para os 296.000 na semana passada, quando a Direção-Geral da Saúde garantiu haver capacidade para realizar 100.000 testes por dia.
“Não são anúncios que controlam a pandemia, têm que ser medidas concretas”, disse.
Salientando o “sucesso” da vacinação em Portugal, demonstrado na redução do número de mortos, nomeadamente nos lares, Catarina Martins alertou, contudo, para a necessidade de se “olhar com atenção para o número de contágios que têm vindo a aumentar nas últimas semanas”.
“Nas próximas semanas vamos ouvir muitos apelos à responsabilidade individual para conter a pandemia”, afirmou, frisando que há igualmente uma responsabilidade “pública e coletiva”, não se compreendendo, por isso, a demora na testagem.
Catarina Martins fez ainda uma referência ao anúncio do G7, de doação de mil milhões de vacinas aos países mais pobres, sublinhando que esta “é uma gota no oceano” e que “é preciso fazer muito mais coletivamente” num combate que está a ser dificultado pelo aparecimento de novas variantes.
Para a líder bloquista, é necessário garantir que “toda a gente em todo o mundo tenha acesso à vacina”, pois essa é a única forma de garantir a segurança de todos.
A esperança depositada na vacinação
Com mais de 55 por cento da população acima dos 18 anos totalmente vacinada, o Reino Unido regista uma taxa de vacinação muito acima da média europeia.
É também por isso que a Europa continental olha com tanto interesse para o que está a acontecer do outro do Canal da Mancha, sobretudo depois da Organização Mundial de Saúde (OMS) ter dito de forma muito clara que o ritmo de vacinação tem de ser acelerado, para evitar uma nova vaga no outono.
Na Alemanha, um quarto da população está já totalmente vacinada. Em geral, a vacinação é feita após agendamento, mas não foi isso que aconteceu nesta pequena cidade, perto de Frankfurt, onde uma clínica decidiu disponibilizar – sem marcação nem critérios de prioridade – uma das mil vacinas de um lote da Johnson & Johnson.
Nos Estados Unidos, a Agência do Medicamento ordenou a destruição de 60 milhões de doses desta vacina depois de ter sido detetado um erro numa fábrica de Baltimore. Outros lotes da vacina foram considerados seguros e vão continuar a ser utilizados.
A administração Biden tem como objetivo ter 70% da população com pelo menos uma dose da vacina até ao Dia da Independência, celebrado a 4 de julho.
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