Com vários Estados-membros preocupados com o aumento de casos de covid-19, o retorno da gripe poderá contribuir para aumentar a pressão nos hospitais. A taxa de pessoas infetadas com o vírus da gripe está a aumentar a um ritmo mais rápido que o esperado neste inverno, segundo os dados apresentados pela ECDC.
A Europa poderá enfrentar a chamada “twindemia“, o que significa duplo risco da pandemia da covid-19, em consonância com uma temporada de gripe severa.
A “flurona“, isto é, a contração simultânea do novo coronavírus com a gripe poderá colocar pressão nos serviços de saúde, conclui o ECDC.
O número de internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos por gripe tem vindo a diminuir na sequência da pandemia. Isto porque vários Estados se viram obrigados a implementar confinamentos, uso obrigatório de máscara distanciamento social, entre outras medidas sanitárias.
Estas normas têm sido apontadas como causas que levaram à quase erradicação do vírus da gripe.
Contudo, na Europa, com vários Estados-membros a apresentarem mais de metade de imunizações contra a covid-19, têm adotado medidas restritivas menos rigorosas. Desta forma, têm permitido o retorno de uma antiga preocupação: a gripe.
VÍRUS DA GRIPE TEM CIRCULADO NA EUROPA COM TAXA ACIMA DO ESPERADO
Desde meados de dezembro de 2021, o vírus da gripe tem circulado na Europa a uma taxa acima do esperado, informou este mês o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC).
No mês passado, o número de internamentos em UCI aumentou de forma constante, tendo atingido o pico de 43 na última semana de 2021, de acordo com dados do ECDC e da OMS.
Em 2020, registou-se apenas um caso de gripe em UCI no mês de dezembro.
Apesar dos valores estarem abaixo dos níveis pré-pandemia, o retorno da gripe pode traçar o início de uma temporada “incomumente longa, que poderá estender-se até ao verão”, revelou à Reuters, o especialista do ECDC, Pasi Penttinen.
“Se começarmos a suspender todas as medidas, a grande preocupação que tenho com a gripe é que, por termos tido tanto tempo de quase nenhuma circulação na população europeia, talvez nos afastemos dos padrões sazonais normais”.
O relaxamento de algumas medidas restritivas relacionadas com a pandemia, previsto na primavera, poderá impulsionar a circulação da gripe para meados de maio.
Em França, registam-se elevados valores de casos de gripe. De acordo com dados do Ministério da Saúde francês, existem três regiões, incluindo Paris, que estão a registar uma epidemia da gripe, com pelo menos 72 casos graves de gripe e seis mortes.
Relativamente à eficácia das vacinas contra a gripe, os testes laboratoriais determinaram que “não são ótimas” contra a cepa dominante da gripe, que provoca os casos mais graves entre idosos. Contudo, Penttinen avisa que ainda é cedo fazer uma avaliação final destas vacinas, porque é necessário um número maior de pacientes doentes para análises.
As vacinas contra a gripe são adaptadas todos os anos para torná-las mais eficazes contra os vírus da gripe, que estão em constante mudança. A sua composição é decidida seis meses antes do início da temporada de gripe, com base na circulação de vírus no hemisfério oposto.
TAXA DE INCIDÊNCIA DA GRIPE EM PORTUGAL É DE 13,3 POR 100 MIL HABITANTES
Apesar da redução na taxa de incidência, o boletim de vigilância epidemiológica da gripe e outros vírus respiratórios continua a indicar uma tendência crescente da atividade gripal e lembra que o valor da incidência de síndroma gripal “deve ser interpretado tendo em conta que a população sob observação foi menor do que a observada em período homólogo de anos anteriores”.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL