Ao longo da história, o leite tem sido um dos alimentos mais essenciais para a humanidade. Desde as primeiras civilizações agrícolas, o leite foi uma fonte crucial de nutrição, garantindo proteínas, cálcio e outros nutrientes fundamentais. Em muitas culturas, o seu consumo está enraizado em tradições gastronómicas, sendo utilizado na produção de queijo, manteiga e iogurte. No entanto, este tipo de leite começou a ser vendido em supermercados europeus, e os especialistas alertam para os riscos do consumo.
Além do seu valor nutricional, o leite tornou-se também um símbolo de crescimento e desenvolvimento infantil, sendo promovido como um alimento essencial para a saúde óssea e o bem-estar geral.
No entanto, apesar da sua importância na dieta global, as formas de processamento do leite evoluíram ao longo dos séculos para garantir maior segurança alimentar e evitar riscos de contaminação.
O leite cru tem sido um tema de controvérsia há vários anos. Ao contrário do leite pasteurizado ou UHT, este produto não passa por qualquer tratamento térmico, sendo apenas arrefecido após a ordenha.
Apesar de estar a tornar-se cada vez mais comum nos supermercados de alguns países europeus, as autoridades de saúde continuam a desaconselhar o seu consumo sem uma prévia fervura, devido ao risco de contaminação por microrganismos patogénicos.
O que distingue o leite cru do leite pasteurizado e UHT?
A principal diferença entre estes tipos de leite reside nos processos térmicos a que são submetidos:
- Leite pasteurizado: aquecido a 72°C durante 15 a 20 segundos e depois arrefecido rapidamente a 4°C. Este tratamento elimina a maioria dos microrganismos patogénicos, mantendo parte das propriedades naturais do leite.
- Leite UHT (Ultra High Temperature): sujeito a uma temperatura de 150°C durante 1 a 2 segundos, garantindo uma esterilização completa que permite a sua conservação durante meses sem necessidade de refrigeração.
- Leite cru: não passa por qualquer tratamento térmico, sendo apenas refrigerado a 0°C – 4°C imediatamente após a ordenha.
Leite cru nos supermercados: um risco para a saúde?
A venda de leite cru tem vindo a crescer na Europa, com supermercados finlandeses como a cadeia K-Group a comercializarem dezenas de milhares de litros por ano, segundo o jornal Yle. No entanto, os especialistas alertam para os perigos associados ao seu consumo.
A Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutricional (AESAN) recomenda que o leite cru seja sempre aquecido a 72°C durante pelo menos 15 segundos antes do consumo. Ainda assim, este procedimento não garante a eliminação total de microrganismos, uma vez que algumas bactérias podem resistir ao aquecimento.
Entre os agentes patogénicos que podem estar presentes no leite cru encontram-se:
- Salmonella – bactéria responsável por infeções gastrointestinais severas.
- Listeria monocytogenes – pode causar listeriose, particularmente perigosa para grávidas, idosos e pessoas com sistema imunitário comprometido.
- Brucella – associada à brucelose, uma doença que pode levar a febre prolongada, dores articulares e complicações graves.
- Escherichia coli enterohemorrágica – pode provocar infeções intestinais severas e, em casos extremos, insuficiência renal.
Outro fator preocupante é a conservação do leite cru. De acordo com especialistas, este produto deve ser armazenado a temperaturas inferiores a 4°C, um nível que a maioria dos frigoríficos domésticos não consegue garantir.
Conclusão: riscos superam benefícios?
Embora o leite cru esteja a ganhar popularidade em alguns países, os riscos para a saúde pública continuam a ser uma preocupação. Especialistas alertam que o consumo deste produto sem tratamento térmico pode aumentar a exposição a bactérias perigosas, levando a infeções graves.
A recomendação oficial mantém-se: caso opte por consumir leite cru, ferva-o sempre antes de beber. No entanto, mesmo com esta precaução, o risco de contaminação não é completamente eliminado, pelo que as autoridades de saúde continuam a desaconselhar a sua ingestão regular.
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