O Sindicato dos Médicos Dentistas (SMD) veio esta sexta-feira a público exigir a demissão da Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, alegando desprezo pelas reivindicações dos profissionais da Medicina Dentária e negligência na gestão da saúde oral em Portugal.
Em comunicado, o SMD destacou que, após vários contactos e promessas de reuniões institucionais desde abril deste ano, os encontros foram sistematicamente adiados ou cancelados, demonstrando, segundo o sindicato, desrespeito pela classe. A reunião mais recente, agendada para 22 de outubro e confirmada com 40 dias de antecedência, foi cancelada com apenas 48 horas de aviso e sem justificativa, deixando questões importantes sem resposta.
Entre os temas a discutir, destaca-se a criação de uma carreira especial de Medicina Dentária no Serviço Nacional de Saúde (SNS), que visa regularizar vínculos laborais precários. Atualmente, 152 médicos dentistas exercem no SNS, dos quais 130 estão contratados através de falsos recibos verdes, enfrentando condições laborais precárias e sem direitos como subsídios ou seguros adequados. Outros 22 profissionais estão enquadrados de forma irregular na carreira geral.
O SMD também alertou para os baixos índices de saúde oral no país, com 68% dos portugueses a sofrerem de edentulismo parcial e 10% já sem dentes, destacando que 65% das crianças até seis anos nunca consultaram um dentista. O sindicato critica ainda o fraco impacto do cheque-dentista, cuja adesão é limitada.
Apesar de 30 gabinetes dentários financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência estarem prontos para uso, permanecem inativos devido à falta de contratação de profissionais. O sindicato acusa o Ministério de inércia e de ignorar as recomendações internacionais, bem como as necessidades da população.
Face à ausência de diálogo e ações concretas, o SMD considera que a Ministra da Saúde não está à altura do cargo e apela ao Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, para uma intervenção urgente que garanta melhorias na saúde oral e no reconhecimento da classe profissional.
O sindicato reforça que só com uma abordagem séria e estruturada será possível alcançar uma saúde oral adequada, essencial para a qualidade de vida da população.
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