Portugal regista hoje 6.994 novos casos de infeção com o novo coronavírus, o valor diário mais elevado desde o início da pandemia, e mais 69 mortes relacionadas com a covid-19, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Este é o maior aumento diário de infeções desde o início da pandemia, ultrapassando o máximo registado no dia 13 de novembro (6653).
Relativamente aos internamentos hospitalares, o boletim epidemiológico revela que estão internadas em enfermaria 3.017 pessoas (menos 34 do que na quarta-feira) e 458 estão em unidades de cuidados intensivos (mais 26).
Desde o início da pandemia, Portugal já registou 3.701 mortes e 243.009 casos de infeção pelo novo coronavírus, estando hoje ativos 81.384 casos, mais 2.703 do que na quarta-feira.
A DGS indica que das 69 mortes registadas nas últimas 24 horas, 29 ocorreram na região Norte, 24 na região de Lisboa e Vale do Tejo, 12 na região Centro, uma no Alentejo e cinco no Algarve.
Segundo o boletim, 63 por cento dos novos casos situam-se na região Norte, que contabilizou nas últimas 24 horas mais 4.415 infeções, totalizando 124.572 casos de infeção e 1.726 mortos desde o inicio da pandemia.
Número de pessoas internadas em unidades de cuidados intensivos atingiu o nível mais alto desde o início da pandemia, com 458 doentes nesta situação, um crescimento superior a 6% em comparação com a véspera
Na região de Lisboa e Vale do Tejo foram notificados mais 1.542 novos casos de infeção, contabilizando-se agora 84.800 ocorrências e 1.363 mortes.
Na região Centro registaram-se mais 724 casos de infeção, contabilizando-se agora 22.921 e 466 mortos.
No Alentejo foram registados mais 145 novos casos, totalizando 4.825 e 89 mortos.
A região do Algarve tem hoje notificados mais 102 casos de infeção, somando 4.459 casos e 40 mortos desde o início da pandemia.
Na Região Autónoma dos Açores foram registados 40 novos casos nas últimas 24 horas, somando 684 infeções detetadas e 15 mortos desde o início da pandemia.
A Madeira registou 26 novos casos nas últimas 24 horas, contabilizando 748 infeções e dois óbitos.
A DGS refere também que as autoridades de saúde têm em vigilância 80.097 contactos, mais 470 em relação a quarta-feira, e que foram dados como recuperados mais 4.222 doentes, num total de 157.924 desde o início da pandemia.
No boletim, a Direção-Geral da Saúde precisa que a 16 de novembro houve uma atualização do sistema de tecnologia de análise de dados provenientes do SINAVE (Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica), tendo sido atualizado o número cumulativo de casos confirmados e recuperados nessa data.
Os casos confirmados distribuem-se por todas as faixas etárias, situando-se entre os 20 e os 59 anos o registo de maior número de infeções.
Mulheres concentram a maior incidência de casos no país da doença do novo coronavírus, totalizando 131.249 infeções, enquanto os homens somaram 107.130 casos
Há uma maior incidência de mortes no caso dos homens, até ao momento com um total de 1897 óbitos, enquanto que para as mulheres este valor se cifrou em 1804
– Expresso
O novo coronavírus já infetou em Portugal pelo menos 107.130 homens e 131.249 mulheres, de acordo com os casos declarados.
O boletim de hoje refere que há 4.630 casos confirmados de sexos desconhecidos que se encontram sob investigação, uma vez que estes dados não são fornecidos de uma forma automática.
Do total de vítimas mortais, 1.897 eram homens e 1.804 mulheres.
O maior número de óbitos continua a concentrar-se nas pessoas com mais de 80 anos.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.350.275 mortos resultantes de mais de 56,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Confinamento geral ou localizado? Os hospitais aguentam? As respostas dos especialistas às perguntas de Marcelo
Foram de Marcelo Rebelo de Sousa as primeiras perguntas feitas esta quinta-feira, no regresso das reuniões do Infarmed, que reúnem vários especialistas para que seja feito um retrato da evolução da pandemia de covid-19 em Portugal, avança o Expresso.
Começando por assinalar os dados positivos – “o R a descer ligeiramente e o tempo de duplicação de casos a subir até aos 26 dias” -, mas também os negativos – “o R acima de 1 e o próximo pico a chegar, ou no final de novembro ou no começo de dezembro” – revelados na reunião, o Presidente da República procurou prazos: da duração do processo de vacinação, mas também da ocorrência ou não de uma eventual terceira onda no início do próximo ano. Perguntou por linhas vermelhas: a partir de que nível sugerem os especialistas que se volte a adotar as “medidas extremas” de março? Mas também sobre escolas e sobre as medidas para concelhos em situações de gravidade diferentes. E as unidades de Cuidados Intensivos, aguentam?
No final, ainda antes de receber as respostas, deixou um sinal a Marta Temido. “Muito interessante esta iniciativa”, disse sobre a reunião que assinalou o regresso dos encontros entre governantes e especialistas em saúde pública.
TODOS EM CASA OU SÓ ALGUNS E NOS CONCELHOS ‘VERMELHOS’?
Manuel Carmo Gomes, professor de Epidemiologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, não vê “grande alternativa” ao cenário atual de medidas de restrição a nível local, mas frisa a importância de contar com as autoridades de saúde locais para definir regras específicas. “Estamos com um conjunto de medidas que considero intermédias, entre o não fazer nada e voltar à situação de março. Se não quisermos ir para a situação de março, e eu não defendo isso, sinceramente não vejo alternativa a uma situação muito parecida, idêntica ou com algumas variantes à que vivemos nesta altura”, disse.
Sobre a transversalidade das medidas ao território nacional ou a adoção de medidas locais a resposta foi bem mais elucidativo. “Sempre defendi que utilizássemos uma faca cirúrgica e não uma romba, que toma o país como um todo. Sempre defendi níveis de risco, com uma definição clara de como se passa de um nível para o outro e uma tentativa de adaptar a cada concelho medidas gerais e específicas”.
O especialista sublinhou ainda a importância de olhar para outros indicadores, que não apenas o número de novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias, para definir os níveis de risco. “A aceleração com que os casos evoluem nas semanas anteriores é uma informação importante”, defendeu. Além disso, é preciso ter em conta a “vizinhança”, ou seja, a realidade dos concelhos envolventes e outra informação “mais difícil” de obter: as características dos surtos em cada concelho. “Combinar as quatro informações não é simples. E comunicá-las de forma percetível à população também não”, reconhece Carmo Gomes. “Há que fazer um refinamento das medidas de acordo com as realidades locais. E para isso é necessário contar com as autoridades de saúde locais que são quem conhece melhor a realidade.”
Pior foi a resposta sobre quanto tempo ainda teremos pela frente em situação de pandemia e sobre eventuais novos picos no início do próximo ano. “Se mantivermos a pressão, o R virá para baixo de 1 e se se mantiver a incidência começará a descer. Depois, depende do que fizermos. O R, como nós vimos, está sempre preparado para vir por aí acima.”
OS CUIDADOS INTENSIVOS AGUENTAM?
Por sua vez, coube a João Gouveia traçar o cenário das unidades de cuidados intensivos em Portugal. E a preocupação do Presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos é grande. “Estamos com 84% de taxa de ocupação das camas dedicadas à covid-19 e já em risco de não poder receber todos os doentes que precisem de medicina intensiva. É um valor com uma variedade regional enorme, temos unidades no Norte a 113% e outros com menos noutras zonas do país. Mas as que estão a 40% ou 60% são em serviços mais pequenos e por isso com menos camas”, alertou. Admitindo estar “muito preocupado”, João Gouveia reconheceu que ainda há “almofada”, mas que haverá um preço a pagar por isso: “Temos uma almofada, uma capacidade de extensão e podemos chegar às 967 camas, mas com sacrifício da assistência a outros doentes. E isso é uma fatura que vamos pagar mais tarde.”
“Estou convencido que vai haver uma terceira e uma quarta onda e que teremos um período de tempo em que vamos ter de conviver com este vírus. Não podemos manter o tipo de expansão que temos agora, reativo, porque não é compatível com uma atividade médica normal”, disse o responsável, lembrando, no entanto, que está em curso um projeto de expansão da capacidade nacional de cuidados intensivos. Para já, não estamos “em situação de catástrofe, ainda, mas estamos em rotura em muitos sítios”.
VACINAS PARA QUANDO, A CHEGAR A QUANTOS E QUANTO TEMPO SERÁ PRECISO?
Coube a Rui Ivo, presidente do Infarmed, esclarecer as dúvidas sobre o processo de vacinação. Mas com mais expectativas que certezas. Caso tudo corra pelo melhor no desenvolvimento, autorização das vacinas, a expectativa é que no próximo verão já “um número muito significativo de pessoas” tenha sido vacinado.
“O fabrico das vacinas já está a acontecer”, lembrou Rui Ivo, defendendo que no começo do ano poderão estar “disponíveis algumas quantidades, não para todas as pessoas, mas para iniciar o processo”. “Em janeiro podemos ter as primeiras doses de vacina e nessa altura teremos de olhar para os dados da agência europeia e perceber para onde as devemos dirigir”, apontou.
AS ESCOLAS E UNIVERSIDADES SÃO OU NÃO LOCAIS DE MENOR CONTÁGIO?
Henrique de Barros, presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), apresentou um estudo de caso sobre os fatores de risco para infeção por SARS-CoV-2 . Contudo, os dados que tem referem-se apenas a estudantes do Ensino Superior, como esclareceu na resposta às perguntas de Marcelo Rebelo de Sousa.
O estudo permitiu concluir que frequentar presencialmente as instituições de Ensino Superior não provocou um aumento de casos. Henrique de Barros sublinhou ainda que esse dado pode ainda ser conciliado com outros como os que indicam que o contágio dos casos identificados nas faculdades ocorreu fora do espaço da universidade, noticia o Expresso.
*NOTA DA DGS:
Os valores desta segunda-feira resultam de uma mudança no sistema de análise de dados. A diferença diária nestes campos é calculada em relação aos dados do dia anterior. No entanto, os dados cumulativos foram atualizados historicamente, resultando em +4375 casos confirmados, +13529 casos recuperados e -9154 casos ativos. Esta atualização do número acumulado de casos confirmados traduz-se em +2101 casos na região do Norte, +1745 casos na região de LVT, +286 casos na região do Alentejo, +163 casos na região do Algarve, +52 casos na região da Madeira, + 29 casos na região do Centro e -1 caso na região dos Açores.
Os casos Covid-19 no Algarve
Ao que o POSTAL apurou até 12 de novembro, o total de casos confirmados Covid-19 elevava-se a 3803 (DGS apresenta hoje 4.459, mais 102), com 39 falecimentos a lamentar (DGS contabiliza 40).
Até à data de quinta-feira, dia 12 de novembro, os concelhos de Faro [223], Portimão [215], Loulé [186] e Albufeira [149] apresentavam o maior número de casos ativos confirmados [ver quadro].
O número de casos ativos e de recuperados por concelho estão no gráfico a cima.
Lamentavelmente, DGS e ainda uma maioria das autarquias algarvias deixaram de publicar regularmente os números Covid-19 por concelho de casos, o que dificulta perceber a evolução diária na região.
Estes dados baseiam-se nas informações disponíveis da Entidade Regional de Saúde do Algarve e das autarquias algarvias que disponibilizam essa informação, quer oficialmente, quer oficiosamente.
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Bruxelas faz recomendações sobre alívio de restrições para evitar nova vaga
A Comissão Europeia vai apresentar aos países da União Europeia (UE) recomendações sobre o levantamento gradual das restrições adotadas para conter a covid-19, visando evitar uma eventual terceira vaga, dadas as “lições tiradas” no verão.
“Todos aprendemos lições com o que ocorreu no verão, [nomeadamente] que o levantamento das medidas restritivas após uma vaga – neste caso foi depois da primeira – é bastante complexo e que aliviar essas restrições demasiado cedo pode ter bastante impacto na situação epidemiológica”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Falando em conferência de imprensa, em Bruxelas, após um Conselho Europeu por videoconferência sobre a pandemia de covid-19, a responsável vincou que, “desta vez, as expectativas têm de ser melhor geridas”.
Por essa razão, “vamos apresentar uma proposta para uma abordagem gradual e coordenada para o levantamento das medidas de contenção e isso será muito importante para evitar o risco de uma nova vaga”, referiu Ursula von der Leyen.
As declarações da líder do executivo comunitário foram feitas numa altura em que se especula como serão as restrições na UE na altura do Natal, o que vai sempre depender da evolução da situação epidemiológica, embora a própria responsável e alguns especialistas tenham já advertido que esta será uma época natalícia “diferente”.
Nestas declarações à imprensa em Bruxelas, após a reunião dos líderes da UE, Ursula von der Leyen anunciou que, até final do ano, será adotado um formulário digital para localizar passageiros uniforme para todos os Estados-membros, sendo que atualmente cada país tem os seus métodos de rastreamento de quem viaja, incluindo por via aérea.
“Há quatro semanas fomos mandatos para criar um formulário digital localizador de passageiros e agora vamos lançar um projeto-piloto, em cooperação com a Agência Europeia para a Segurança da Aviação, que irá começar em dois Estados-membros, sendo que outros 12 estão tecnicamente prontos para se juntar porque têm formulários digitais compatíveis”, especificou a líder do executivo comunitário.
Depois de, esta quarta-feira, a Comissão Europeia ter emitido recomendações sobre a utilização de testes rápidos, Ursula von der Leyen afirmou ainda hoje à imprensa que “estes são bons se houver uma alta prevalência de infetados” ou para despistagens regulares.
“O padrão deverá ser recorrer aos testes PCR [moleculares], mas esses são mais caros e requerem capacidade laboratorial, pelo que os resultados demoram mais tempo” do que os de antigénio, acrescentou.
Ursula von der Leyen admitiu que “nem todos os testes de antigénio têm a mesma qualidade”, razão pela qual insistiu na validação, através de um enquadramento regulatório específico, e na necessidade reconhecimento mútuo dentro da UE.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.350.275 mortos resultantes de mais de 56,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo.
Em Portugal, morreram 3.701 pessoas dos 243.009 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Privados disponíveis para desmarcar cirurgias para reforçar camas e UCI
Os hospitais privados estão disponíveis para desmarcar cirurgias para libertar camas e capacidade de cuidados intensivos, adiantou hoje o presidente da Associação Portuguesa da Hospitalização Privada (APHP), Óscar Gaspar.
Num debate online, dedicado à saúde e apoio social, no âmbito do Ciclo de Conferências Retomar Portugal organizado pelo BPI, Jornal de Notícias e TSF, o representante dos hospitais privados defendeu a disponibilidade do setor para uma maior articulação e apoio ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), para doentes covid e não covid, referindo que os privados “não se põem de fora do apoio direto à questão da covid e também dos cuidados intensivos, havendo essa disponibilidade”.
“Temos vindo a insistir nas últimas semanas que era muito importante conhecer o planeamento do Ministério da Saúde, porque há a possibilidade de também os privados cancelarem as cirurgias, como está a ser feito numa série de hospitais públicos, no sentido de também libertarmos camas e capacidade de cuidados intensivos, nomeadamente para a covid ou para recebermos pessoas que hoje estão internadas nos hospitais do SNS e que venham a ser transferidas para os hospitais privados”, disse Óscar Gaspar.
Questionado sobre preocupações levantadas recentemente com os impactos do adiar de consultas e cirurgias no avolumar de listas de espera, Óscar Gaspar disse que a maior preocupação neste momento deve ser com os cuidados de saúde primários e não com os cuidados hospitalares, que “estão a trabalhar e mobilizados, seja para covid ou não covid”.
“Preocupa-me muito o nível baixo de atividade dos cuidados de saúde primários, que por sua vez, não prescrevem às pessoas cuidados de diagnóstico, não referenciam para o serviço hospitalar e pode dar-se aqui este caso irónico de, no final deste processo, termos menos pessoas nas listas de espera do que tínhamos. Por um efeito aqui de evidente inércia, ou seja, as pessoas pura e simplesmente não estão a alimentar as listas de espera, porque não estão a ser referenciadas […] Isto é um problema da maior gravidade. Mais do que a questão dos hospitais penso que é a questão dos cuidados de saúde primários que devia fazer acender umas luzes vermelhas neste momento no Ministério da Saúde”, afirmou.
Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, disse, por seu lado, que para além dos casos clínicos que estão a ser deixados para trás e a permitir-se uma evolução para casos mais graves será preciso também atenção especial à saúde mental e a um reforço de resposta nesta área.
Defendeu também que “estamos num momento excecional que implica a colaboração de todos” e que nesta situação “não há recursos que possam ser dispensados”, lembrando o “contributo inultrapassável” dos privados em matéria de testagem à covid-19, sem o qual estaríamos agora em “muito piores lençóis”.
Sobre testes, Ricardo Mexia destacou as diferenças, mas também a utilidade dos três tipos de testes disponíveis – antigénio (rápidos), PCR, serológicos – sublinhando que nenhum substitui qualquer dos outros.
Sobre os rápidos, mais baratos, Ricardo Mexia sublinhou a expectativa depositada nestes testes para o combate à pandemia, referindo que apesar de uma sensibilidade menor, ao detetarem infeções num ponto em que as pessoas estão mais contagiosas, por fornecerem resultados rápidos podem ter uma utilidade maior na quebra de cadeias de transmissão, um objetivo para o qual, insistiu, continua a ser necessário alocar mais recursos humanos e não apenas anunciá-los, sobretudo para os inquéritos epidemiológicos e contactos de vigilância.
Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), sublinhou que os testes rápidos vão permitir adotar medidas mais rapidamente nos lares e sobre as brigadas de intervenção rápida, recentemente criadas para agir de emergência em lares com surtos, comentou o caso do lar de Alhandra – onde os responsáveis disseram que a intervenção das brigadas demorou uma semana após ser conhecido o surto – referindo que tem sido difícil encontrar pessoas para integrar estas equipas, porque “trabalhar com idosos não é apetecível” e as pessoas têm medo de o fazer em contexto de pandemia.
Adiantou ainda que a residência com 160 lugares disponíveis para acolher doentes de covid-19 já em recuperação, na Póvoa do Lanhoso, Braga, recebe na sexta-feira as primeiras 20 pessoas.
Óscar Gaspar deixou ainda preocupações com o “pouco investimento” em saúde do país, que deixa Portugal “muito abaixo da média europeia”, e com os dados que revelam que apesar dos impostos os portugueses ainda pagam do seu bolso 30% dos seus cuidados de saúde, contra, por exemplo, uma comparticipação direta na ordem dos 13% na Alemanha, defendendo que é necessário “mais investimento na saúde que não pode recair sobre os cidadãos, já sobrecarregados”.
Sobre a notícia de que nos últimos meses mais 600 mil portugueses contrataram seguro de saúde, considerou-a “surpreendente numa altura em que as pessoas estão com quebras de rendimento”, mas reveladora de que as pessoas estão a “procurar alternativa para aceder a cuidados de saúde”.
“Enquanto presidente da APHP fico muito satisfeito com esta escolha, mas enquanto cidadão fico preocupado com o facto de haver esta avalanche de pessoas que de repente entende que pode não ter acesso ao SNS”, disse.
Portugal contabiliza pelo menos 3.701 mortos associados à covid-19 em 243.009 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
O país está em estado de emergência desde 09 de novembro e até 23 de novembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado e municípios vizinhos. A medida abrange 191 concelhos.
Marcelo Rebelo de Sousa faz comunicação ao país às 20:00 de sexta-feira
O chefe de Estado vai fazer uma comunicação ao país na sexta-feira às 20:00, na sequência da votação no parlamento do seu decreto que renova o estado de emergência, disse à Lusa fonte da Presidência da República.
Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu mensagens ao país a partir do Palácio de Belém, em Lisboa, sempre que decretou o estado de emergência, nos dias 18 de março, 02 de abril, 16 de abril, na fase inicial desta epidemia em Portugal, e também no passado dia 06 de novembro, quando decidiu repor este quadro legal.
Hoje, o chefe de Estado enviou hoje para a Assembleia da República o projeto de decreto que renova o estado de emergência em Portugal das 00:00 de 24 de novembro até às 23:59 de 08 de dezembro, para permitir medidas de contenção da covid-19, que os deputados irão discutir na sexta-feira de manhã e votar.
O atual período de estado de emergência começou às 00:00 no passado dia 09 e termina às 23:59 da próxima segunda-feira, 23 de novembro. O respetivo diploma foi aprovado no parlamento com votos a favor de PS, PSD e CDS-PP, abstenções de BE, PAN e Chega e votos contra de PCP, PEV e Iniciativa Liberal.
Para renovar por mais 15 dias o estado de emergência, que permite a suspensão do exercício de alguns direitos, liberdades e garantias, o Presidente da República tem de ter ouvir o Governo, que já deu parecer favorável, e de ter autorização da Assembleia da República.
Marcelo Rebelo de Sousa anunciou hoje, no final de uma reunião sobre a covid-19 em Portugal, no Infarmed, em Lisboa, que iria propor a renovação do estado de emergência e considerou que se deverão seguir outras renovações deste quadro legal, “aquelas que forem necessárias”, para se “esmagar a curva” da evolução desta epidemia.
O estado de emergência vigorou por um total de 45 dias na fase inicial da epidemia de covid-19 em Portugal, entre 19 de março e 02 de maio.
Há risco de não se conseguir receber todos os doentes em UCI
João Gouveia, da Coordenação da Resposta em Medicina Intensiva, alertou hoje que existe o risco de já não se conseguir receber todos os doentes com covid-19 que precisem de cuidados intensivos.
“Neste momento, temos 84% de taxa de ocupação das camas de unidades de cuidados intensivos dedicados à covid-19. Temos o risco de já não conseguir receber todos os doentes que precisem de Medicina Intensiva com covid-19 e esta situação tem uma variedade regional enorme”, afirmou João Gouveia na reunião do Infarmed em resposta a uma pergunta do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República tinha questionado João Gouveia sobre o que pensa quanto à situação de stress nos cuidados intensivos.
“Isto é, olhando para os cenários de evolução de casos e de internamentos, concretamente em cuidados intensivos, como é que vê a probabilidade de pressão? Porque isso é naturalmente muito sensível, é fundamental quer para a panóplia de medidas quer para o comportamento genérico dos portugueses, que é a peça fundamental em tudo isto, quer [ainda] para a resposta dos serviços de saúde”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Em resposta, João Gouveia, presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva (CARNMI), manifestou-se preocupado com a situação da Medicina Intensiva, afirmando que há serviços no Norte do país que estão a 113% da sua capacidade e outros que estão com menos noutras zonas do país, entre os 40/60%, lembrando que estes “na verdade, são serviços mais pequenos”.
Por isso, o número verdadeiro de camas que está disponível é menor, sublinhou o especialista.
Apesar de ainda haver “almofada”, com capacidade de expansão, de poder chegar às 967 camas, João Gouveia mostrou-se preocupado por tal estar a ser feito com “sacrifício da assistência aos outros doentes”.
“Isso é uma fatura que vamos pagar depois no fim. Vamos ter de conviver com este vírus durante bastante tempo, e não podemos manter a expansão, porque não é compatível com uma atividade médica normal”, salientou.
“Resumindo, estou preocupado, não acho que estejamos em situação de catástrofe, ainda, mas estamos já em situação de rutura”, lamentou.
O chefe de Estado falou após ouvir as intervenções de oito especialistas sobre a epidemia de covid-19, numa parte da reunião a que a comunicação social presente no local pôde assistir, numa outra sala do Infarmed, onde foram colocados dois ecrãs – mas que, ao contrário do que aconteceu na anterior reunião, no Porto, não teve transmissão aberta através da Internet.
Pelo menos 1,350 milhões de mortos no mundo desde início da pandemia
A pandemia da doença covid-19 já causou pelo menos 1.350.275 mortos no mundo desde que o novo coronavírus foi descoberto em dezembro na China, indicou hoje o balanço diário divulgado pela agência France-Presse (AFP).
Mais de 56.234.440 casos de infeção foram diagnosticados oficialmente no mesmo período, dos quais 36.029.400 são pessoas consideradas, até à data, como curadas, de acordo com os dados reunidos pela agência internacional.
Nas últimas 24 horas, registaram-se mais 11.013 mortes e 582.654 novos casos de covid-19 em todo o mundo, segundo a AFP.
A agência noticiosa francesa sublinha que o número de casos diagnosticados só reflete, contudo, uma fração do número real de infeções.
Alguns países só testam os casos graves, outros utilizam os testes sobretudo para rastreamento e muitos países pobres dispõem de limitadas capacidades de despistagem.
Os países que registaram mais mortes no último dia foram, e de acordo com os respetivos balanços, os Estados Unidos da América (EUA) com 1.751 óbitos, o Brasil com 756 óbitos e Itália (753).
Os Estados Unidos são o país mais afetado, tanto em número de mortos como de casos, com um total de 250.548 mortos entre 11.529.818 casos recenseados, segundo o balanço da universidade norte-americana Johns Hopkins.
No mesmo país, pelo menos 4.350.789 pessoas foram declaradas como curadas.
Depois dos Estados Unidos, os países mais afetados são o Brasil com 167.455 mortos em 5.945.849 casos, a Índia com 131.578 mortos (8.958.483 casos), o México com 99.528 mortos (1.015.071 casos) e o Reino Unido com 53.274 mortos (1.430.341 casos).
Ainda entre os países mais afetados, a Bélgica é o que conta com mais mortos em relação à sua população, com 130 óbitos por cada 100.000 habitantes, seguido pelo Peru (107), Espanha (90) e Argentina (80).
A China (sem os territórios de Hong Kong e Macau) declarou oficialmente um total de 86.381 casos (12 nas últimas 24 horas), bem como 4.634 mortes (nenhuma no último dia) e 81.433 recuperações.
Por regiões, a América Latina e as Caraíbas totalizavam até hoje (às 12:00 hora de Lisboa) 428.767 mortes em 12.227.735 casos de infeção, a Europa 354.124 mortes (15.440.652 casos), os Estados Unidos e o Canadá 261.701 mortes (11.838.887 casos), a Ásia 184.739 mortes (11.652.379 casos), o Médio Oriente 71.635 mortes (3.028.240 casos), a África 48.368 mortes (2.016.461 casos) e a Oceânia 941 mortes (30.088 casos).
O balanço foi realizado a partir de dados recolhidos pelas delegações da AFP junto das autoridades nacionais competentes e de informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Devido a correções feitas pelas autoridades ou a notificações tardias, o aumento dos números diários pode não corresponder exatamente aos dados publicados no dia anterior, segundo referiu a AFP.