O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, confirmou a existência de nove focos de gripe das aves em Portugal, cinco em explorações domésticas e quatro em aves selvagens. A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) alerta para a necessidade de reforço da vigilância e adoção de medidas de biossegurança para evitar a propagação da doença.
O que é a gripe das aves e como se transmite?
Segundo a DGAV, a gripe das aves é uma doença provocada pelo vírus Influenza A, que afeta tanto aves domésticas como selvagens. Embora o vírus esteja adaptado às aves, pode ocasionalmente ser transmitido a humanos e outros mamíferos. Esta transmissão ocorre, sobretudo, em situações de contacto direto e prolongado com animais infetados.
De acordo com a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), “não existem evidências de transmissão aos seres humanos através do consumo de carne de aves e ovos”. A infeção humana, quando ocorre, pode originar quadros clínicos graves, com sintomas como febre alta, rinite aguda, conjuntivite, pneumonia e, em alguns casos, distúrbios gastrointestinais.
Medidas de prevenção para produtores avícolas
Os produtores devem seguir rigorosas medidas de biossegurança, incluindo:
- Proteção das janelas das explorações com redes e instalação de grelhas nos ventiladores;
- Vedação das áreas de criação e disponibilização de sistemas de desinfeção na entrada;
- Utilização de roupa e calçado exclusivo para a exploração;
- Compra de aves apenas em estabelecimentos registados e aprovados;
- Eliminação segura de resíduos, incluindo cadáveres e camas usadas, e desinfeção rigorosa após cada ciclo de produção.
A DGAV recomenda ainda que os trabalhadores das explorações evitem contacto com capoeiras domésticas, reduzindo o risco de transmissão.
Precauções para criadores domésticos
As capoeiras particulares também podem ser afetadas pelo vírus, uma vez que este pode ser transportado por aves selvagens ou mesmo por pessoas que tenham estado em contacto com ambientes contaminados. Para minimizar os riscos, recomenda-se:
- Manter as aves em áreas vedadas e protegidas;
- Separar as espécies e evitar o contacto com aves de outras explorações;
- Limpar regularmente as instalações e garantir condições adequadas de alimentação e hidratação.
Os criadores devem estar atentos a sinais de infeção, como morte súbita de várias aves, inchaço da cabeça, mudanças na cor da crista e dos barbilhões, diarreia, apatia e redução da postura de ovos.
Focos identificados e monitorização da doença
Desde outubro de 2024 até janeiro de 2025, foram confirmados nove focos da doença nos distritos de Faro, Aveiro, Lisboa e Leiria. Os casos mais recentes ocorreram numa exploração avícola em Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, e numa ave selvagem encontrada nas Caldas da Rainha, em Leiria.
As autoridades sanitárias continuam a monitorizar a situação, apelando à notificação imediata de casos suspeitos de gripe das aves à DGAV, médicos veterinários ou autarquias de Portugal.
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