O Governo pediu uma auditoria interna ao INEM para avaliar as condições em que ocorreram duas mortes nos últimos três dias por alegado atraso no atendimento na linha 112, anunciou este domingo o Ministério da Saúde (MS).
O ministério adianta, em comunicado, que tem estado a acompanhar toda a situação que envolve o atraso das respostas do INEM no atendimento de duas chamadas de emergência e lamenta “as mortes ocorridas, cujas circunstâncias estão a ser averiguadas”.
Segundo a mesma fonte, a secretária de Estado da Gestão da Saúde, Cristina Vaz Tomé, já solicitou ao presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Sérgio Janeiro, uma auditoria interna para “a avaliação pormenorizada das condições em que decorreram as duas situações em causa”, adianta em comunicado.
A auditoria interna, que deve estar concluída no prazo de um mês, irá também avaliar “os atrasos que estão a ser sentidos no atendimento de outras chamadas de emergência, numa altura em que os Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar se encontram a realizar uma greve de zelo”.
O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) denunciou, no sábado, que duas pessoas morreram nos últimos três dias por atrasos no atendimento na linha 112, considerando que as condições continuam a agravar-se “por escassez” de profissionais.
O presidente do STEPH, Rui Lázaro, disse que, no caso de sábado, ocorrido na freguesia de Molelos, Tondela, foi uma mulher de 94 anos em paragem cardíaca, em que um familiar conseguiu ligar para a linha 112 às 09:34, mas a chamada só foi transferida para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) às 10:19, cerca de 45 minutos depois.
A mulher ainda foi transportada para o centro hospitalar de Lamego, onde foi declarado o óbito.
Na passada quinta-feira, em Bragança, a mulher de um homem em paragem cardíaca esteve mais de uma hora a tentar ligar para o 112 e, quando foi atendida, explicou que o marido estava naquela situação há mais de uma hora e que, durante todo aquele tempo, ninguém atendeu, referiu Rui Lázaro.
O presidente do sindicato afirmou que, se tivesse sido atendida a chamada e ativada uma viatura médica do hospital de Bragança que se encontrava àquela hora a cerca de dois minutos, “o desfecho da situação poderia ter sido outro”.
Neste caso, o óbito foi declarado no local.
O STEPH adianta, em comunicado, que “estes exemplos de colapso do sistema de emergência médica sucedem-se” e sublinha que, “na última segunda e quinta-feira”, existiram no CODU “mais de 100 chamadas em simultâneo em espera para serem atendidas”.
O STEPH afirma que não deixará de realizar as respetivas denúncias até que sejam adotadas medidas concretas para “a reversão do caos” em que os serviços médicos de emergência se encontram.
O sindicato acusa o Governo de não tomar medidas concretas para resolver o problema da escassez destes técnicos, que provoca atrasos no atendimento de chamadas nos CODU e meios de emergência médica encerrados por falta de profissionais.
Leia também: Existem novidades nas portagens portuguesas e não é só nos preços