A mortalidade por covid-19 aumentou 25% numa semana, estando agora nos 25,5 óbitos por um milhão de habitantes, valor acima do limiar definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças, alerta a análise de risco da pandemia.
“A 12 de janeiro, a mortalidade específica por covid-19 registou um valor de 25,5 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, o que corresponde a um aumento de 25% relativamente ao último relatório”, indicam as ‘linhas vermelhas’ da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) divulgadas esta sexta-feira.
Segundo o relatório, este valor da mortalidade pode indicar “uma inversão da tendência estável que se vinha a verificar, dado que se observa um aumento progressivo no número de óbitos diários na última semana”.
Relativamente ao número de pessoas com covid-19 internadas nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), as autoridades de saúde revelam que se registou uma tendência estável, correspondendo a 64% do valor crítico definido de 255 camas ocupadas.
Segundo a DGS e o INSA, o grupo etário com maior número de casos de covid-19 internados em UCI é o dos 60 aos 79 anos, mas verificando-se uma tendência estável desde as últimas semanas de novembro.
As “linhas vermelhas” adiantam ainda que a fração de testes com resultado positivo nos últimos sete dias foi de 14,0%, quando tinha sido de 10,6% na semana anterior, valor que se encontra acima do limiar dos 4% e com tendência crescente.
O total de testes de despiste da covid-19 realizados nos últimos sete dias foi de mais de 1,6 milhões.
A análise de risco da pandemia avança também que o número de infeções por SARS-CoV-2, por 100 mil habitantes acumulado nos últimos 14 dias, foi de 4036 casos, com tendência fortemente crescente a nível nacional e em todas as regiões do país.
“Há uma tendência crescente da incidência cumulativa a 14 dias em todos os grupos etários. O grupo etário com incidência cumulativa a 14 dias mais elevada correspondeu aos indivíduos entre os 20 e 29 anos, com 6811 casos por 100 mil habitantes”, referem as “linhas vermelhas”.
Já o índice de transmissibilidade (Rt) está nos 1,19 a nível nacional, com a região Norte a apresentar o valor mais elevado neste indicador (1,23).
“A análise dos diferentes indicadores revela uma atividade epidémica de SARS-CoV-2 de intensidade muito elevada, com tendência crescente a nível nacional. A pressão nos serviços de saúde e o impacto na mortalidade são elevados”, conclui o documento.
Dado o rápido aumento de casos, mesmo tendo em consideração a “provável menor gravidade da variante Ómicron, é expectável um aumento de pressão sobre todo o sistema de saúde e na mortalidade, o que faz com que a análise de risco recomende a manutenção de todas as medidas de proteção individual e a intensificação da vacinação de reforço.
Risco de hospitalização ou morte reduz 25% com Ómicron face à Delta
A infeção com a nova variante da covid-19 Ómicron causa uma doença menos grave e reduz em 25% o risco de hospitalização ou morte, em comparação com a Delta, revela um estudo desenvolvido na África do Sul.
O trabalho realizado por cientistas sul-africanos aponta, ainda assim, que a gravidade dos casos com a nova variante é atenuada sobretudo devido às vacinas e infeções anteriores.
“Os casos de covid-19 graves foram reduzidos nesta nova vaga impulsionada pela Ómicron, principalmente pela proteção proporcionada por uma infeção anterior e/ou vacinação”, destaca o estudo, citado pela agência EFE.
Esta menor gravidade “pode representar um risco reduzido de 25% de hospitalizações graves ou morte em comparação com a [variante] Delta”.
Mesmo tendo em consideração a proteção proporcionada pela vacina, ou a imunidade dada por infeções anteriores, os dados do estudo sugerem que as características específicas da Ómicron reduzem em 25% o risco de doença grave, face à Delta”.
Esta investigação é apoiada em outros estudos científicos já divulgados e que apontam para uma maior transmissibilidade, mas menor gravidade, desta variante que foi detetada no final de novembro na África do Sul.
O estudo decorreu na província sul-africana de Western Cape e comparou 5.144 pacientes infetados durante a quarta vaga, influenciada pela Ómicron.
O estudo foi realizado pelo Instituto Nacional de Doenças Infeciosas (NICD) da África do Sul e por autoridades de saúde daquela província e nacionais, estando ainda pendente de revisão por pares.