Entre outubro do ano passado e maio deste ano não foram registadas mortes por gripe em Portugal. As regras sanitárias para conter a covid-19, nomeadamente, o uso da máscara, distanciamento social e higienização das mãos, contribuíram para que não se registasse nenhuma morte.
Na última época gripal, o vírus circulou de forma esporádica e nunca chegou a atingir-se atividade epidémica.
A notícia avançada pelo Jornal de Notícias, admite que na Europa, os casos de gripe também diminuíram de forma acentuada devido às medidas contra o coronavírus.
De acordo com o Centro Europeu de Controlo e Prevenção da Doença (ECDC), na Europa houve um descida de 99% de casos de gripe em relação ao ano anterior. Foram apenas detetados 934 casos da doença.
Os especialistas portugueses temem que este menor contacto com o vírus da gripe possa levar a uma perda de imunidade e a um maior risco no próximo inverno.
A vacinação contra a gripe será uma arma de combate à doença no próximo inverno. Apelam à população que adiram à vacinação e ao Governo que adquira doses suficientes.
Por que os japoneses já usavam máscaras muito antes da Covid-19
Nas regiões do Oriente, países como o Japão, mas também China, Correia do Sul, Singapura, Malásia…, as pessoas já usavam máscara como elemento de sua vida quotidiana há décadas ou mesmo séculos, segundo a BBC News.
“Quando alguém está doente, por respeito, usa a máscara para evitar infectar os outros”, disse à BBC Mitsutoshi Horii, professor de sociologia da Universidade Shumei, no Japão.
“Mas não é a única razão pela qual os japoneses têm esse hábito. Não é apenas uma prática coletiva desinteressada, mas um ritual autoprotetor”, acrescenta.
Vários analistas apontam que o uso generalizado da máscara, observado na sociedade japonesa há décadas, é uma das razões por trás da baixa taxa de infeções e mortes por covid-19.
Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe
Em 2019/2020 registaram-se 920 óbitos devido à gripe, revela o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), mas entre o outubro do ano passado e maio deste ano (2020/2021) não foram registadas quaisquer mortes por gripe em Portugal.
Segundo refere o Serviço Nacional de Saúde (SNS), desde 1990 que a Rede Médicos-Sentinela realiza a vigilância epidemiológica, semanal, da síndroma gripal, em colaboração com o Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios. Até 1999, na Direção-Geral da Saúde e, a partir daí, no Departamento de Epidemiologia do Instituto Ricardo Jorge.
Este programa, que se inicia no princípio de outubro e termina em maio do ano seguinte, integra as componentes clínica e laboratorial da vigilância. A primeira é constituída pelas taxas de incidência da síndroma gripal, estimadas através da notificação dos novos casos da doença ocorridos nas listas de utentes dos médicos participantes na Rede Médicos-Sentinela e identificados segundo critérios exclusivamente clínicos. A segunda é obtida através da identificação dos vírus isolados em amostras de sangue e/ou zaragatoas faríngeas recolhidas nos utentes identificados como tendo síndroma gripal.
A vigilância clínica ocorre, semanalmente, durante todo o ano. A laboratorial decorre de setembro a maio do ano seguinte.
Parte da informação, provisória, obtida através deste programa é enviada, semanalmente, para “ECDC – WHO/Europe Joint Surveillance” de forma a permitir, juntamente com a informação enviada por mais de 40 países, a descrição da atividade gripal na Europa, e ainda, identificar precocemente eventuais surtos de gripe nos países participantes.
Semanalmente, à quinta-feira, é elaborado o Boletim de Vigilância Epidemiológica (Semana 28 – 12/07/2021 a 18/07/2021), de acordo com as seguintes notas metodológicas.
Em Portugal, o sistema de vigilância da gripe é composto pelas seguintes redes:
► Rede Médicos-Sentinela;
► Serviços de Urgência /Obstetrícia;
► Áreas de Atendimento Dedicadas a Doentes Respiratórios (ADR) [época 2020/2021];
► Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico do Vírus da Gripe;
► Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
Este programa tem início no princípio de outubro, terminando em maio do ano seguinte, e integra componentes clínicas e laboratoriais
Na presente época, o Sistema de Nacional de Vigilância da Gripe foi ativado em outubro de 2020, na semana 40 e funcionará até à semana 20, em maio de 2021. Contudo, a componente clínica deste sistema manter-se-á ativa após o término da época de vigilância, durante todo o ano de 2021.
Relembrar o uso de máscara no início da pandemia covid-19
Estávamos no mês de março de 2020, com os primeiros casos de coronavírus a serem detetados em Portugal. Como contextualizava, na altura, uma peça da TSF, “a doença é a mesma, mas as práticas e os conselhos de diferentes autoridades de saúde sobre o uso de máscaras durante a pandemia de Covid-19 variam de país para país e, sobretudo, de região para região, com uma clara fratura entre aquilo que se aconselha na Ásia e aquilo que se aconselha no resto do mundo”.
José Manuel Esteves é presidente da Associação dos Médicos de Língua Portuguesa de Macau. Se para quem está na Europa as imagens que chegavam do Oriente pareciam estranhas, com praticamente todos a andarem de máscara, para ele o que era estranho eram as imagens que chegavam de Portugal.
Dizia a 21 de março de 2020 à TSF que: “Aqui não posso entrar em lado nenhum sem máscara”, explicava, acrescentando que isso era imposto pelas autoridades de saúde de Macau, mas também da China, do Japão, da Coreia do Sul, de Singapura, da Malásia…
A razão são os doentes sem sintomas que se sabe que também podem transmitir o novo coronavírus o que leva a que, segundo garantia, a existência da máscara reduza muito a probabilidade de transmissão.
O médico português sublinhava à TSF que ali, em Macau, estavam constantemente a ensinar, por exemplo na televisão, como é que se devia usar a máscara, com todos a saberem que não deviam estar sempre a tocar-lhe ou ajustá-la, colocando-a quando têm as mãos previamente desinfetadas.
O Centro de Controlo de Doenças da China já dizia claramente, nos seus conselhos para combater a Covid-19, que as pessoas deviam usar máscaras sempre que saíssem de casa para lugares públicos.
OMS, ECDC e DGS desaconselhavam
Pelo contrário, a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) e a Direção-Geral da Saúde (DGS) insistiam que não havia evidências que o uso de máscara prevenia, de facto, a infeção.
Na altura, as várias instituições avisavam mesmo que o uso incorreto de máscara podia aumentar o risco de transmissão pela falsa ideia de segurança e pelo aumentar da frequência com que a pessoa leva as mãos à cara.
No seu plano de contingência, publicado na primeira semana de março de 2020, a própria DGS só as recomendava para quem tinha sintomas, cuidadores de doentes com o novo coronavírus e pessoas com algumas doenças crónicas ou suscetibilidade acrescida (como, por exemplo, imunodepressão) na fase mais grave da pandemia, e em grandes aglomerados populacionais ou quando se ia a serviços de saúde.
Atualmente, com os vários Governos ocidentais a serem pressionados pelas suas populações para serem “livres de não usar máscara”, o Oriente volta a estranhar o comportamento do resto do mundo.
Notícia exclusiva do nosso parceiro SIC Notícias