As farmácias do Algarve têm conseguido responder ao aumento da procura por testes rápidos para deteção da covid-19 devido às regras de acesso a alojamentos turísticos e restaurantes nos concelhos com maior risco, disseram hoje responsáveis do setor.
“Existe muita procura, tanto de cidadãos nacionais como de estrangeiros, mas nunca se verificaram problemas com o fornecimento dos testes rápidos ou dos auto testes de antigénio para deteção do SARS-CoV-2”, disse à Lusa o proprietário de uma farmácia na praia da Rocha, em Portimão.
De acordo com António Pedro, “a corrida pelos auto testes e pelos testes de antigénio comparticipados pelo Estado”, estes últimos realizados nas farmácias, verificou-se assim que foram conhecidas as restrições impostas pelo Governo para acesso aos alojamentos turísticos, restaurantes (aos fins de semana) e eventos nos concelhos em risco elevado ou muito elevado.
O responsável pela farmácia Palma Santos, que integra a rede de farmácias com testes comparticipados, referiu que, até ao momento, não se registou qualquer rutura de ‘stock’, “dado que foi feito um aprovisionamento substancial atempado dos produtos, perspetivando esse aumento da procura”.
Por outro lado, notou, “existem também muitos fornecedores”, pelo que não se perspetiva “uma eventual rutura ou dificuldade na aquisição dos testes”.
Os testes rápidos de antigénio são 100% comparticipados pelo Estado desde o dia 1 de julho, existindo, atualmente, 406 farmácias no país a disponibilizar testes gratuitos nos seus estabelecimentos.
A comparticipação está limitada a um máximo de quatro testes por mês por pessoa e não se aplica àqueles que já têm o certificado de vacinação ou o certificado de recuperação. O programa também não abrange testes a menores de 12 anos.
Em Albufeira, concelho considerado como a capital do turismo do Algarve, nas quatro farmácias contactadas pela agência Lusa “não houve até agora qualquer rutura no fornecimento de testes” para detetar a covid-19.
Maria Campos, técnica da farmácia Olhos d’Água, referiu à Lusa que “há um aumento muito grande pela procura dos auto testes, principalmente por cidadãos nacionais”, mas, garante, “houve sempre capacidade para responder a todos os pedidos”.
“Os portugueses são quem mais compra os auto testes para acederem aos restaurantes e a outros locais onde é exigida a sua apresentação. Entre os estrangeiros, que são em menor quantidade, uma grande percentagem são turistas espanhóis”, destacou.
No setor da hotelaria não há, até agora, registo de dificuldades na aquisição de testes pelas unidades de alojamento turístico do Algarve, adiantou o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).
Em declarações à Lusa, Elidérico Viegas reiterou o seu “descontentamento” pela obrigatoriedade da realização de testes nas unidades hoteleiras que, considera, tem contribuído “para afastar mais pessoas que pensariam vir de férias para o Algarve”.
Para o presidente da maior associação hoteleira regional, é uma “medida desadequada e sem lógica sanitária” e só é de lamentar “que o Governo não tenha já acabado com essa obrigatoriedade às unidades hoteleiras, porque é uma medida que não faz sentido”.
Elidérico Viegas lamentou que a realização dos auto testes seja feita “por pessoas sem conhecimentos técnicos para poderem aferir os resultados”, uma “coisa perfeitamente ilógica e cuja eficácia levanta muitas dúvidas”.
“É uma confusão que, francamente, o setor prescindia e que contribuiu para afastar mais pessoas que pensariam vir de férias para o Algarve”, sublinhou.
O empresário disse esperar que o Governo “reconsidere e acabe rapidamente com esta medida de transferir para os funcionários dos hotéis as responsabilidades que são de outras entidades”.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.163.235 mortos em todo o mundo, entre mais de 194,1 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência France-Presse.
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.301 pessoas e foram registados 954.669 casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.