Não é de mais insistir que o sénior é altamente sensível ao efeito de determinados tipos de medicamentos. É o caso dos que atuam no sistema nervoso.
O sénior, sendo mais sensível ao efeito sedativo destes, apresenta maior sonolência, menor capacidade de concentração e de raciocínio, efeitos que se juntam a manifestações próprias do envelhecimento, agravando-as. Esses efeitos são ainda mais responsáveis pela ocorrência de quedas, que nessas idades provocam frequentemente fraturas ósseas. Igualmente o sénior tem ainda uma sensibilidade aumentada em medicamentos que provoquem prisão de ventre, dado que há tendência para sofrer deste problema intestinal.
“Há casos de automedicação que podem tornar o doente mais doente (a hipertensão, a hipertrofia da próstata, a diabetes, a epilepsia, a doença de Parkinson, a insuficiência cardíaca, o glaucoma, a asma…)“
No que respeita aos medicamentos não prescritos, chamados de venda livre, a indicação farmacêutica é indispensável, e por maioria de razão o sénior deve aconselhar-se com o seu farmacêutico, havendo que ter em conta, sendo doente crónico, que esses medicamentos não prescritos, podem ter associações com graves riscos, e por isso o farmacêutico deve esclarecer-se sobre: a sua idade, o seu estado fisiológico, a natureza das doenças existentes e o tipo de medicamentos prescritos quando há doenças continuadas e a identificação de reações adversas. Há casos de automedicação que podem tornar o doente mais doente (a hipertensão, a hipertrofia da próstata, a diabetes, a epilepsia, a doença de Parkinson, a insuficiência cardíaca, o glaucoma, a asma…).
Insista-se que a doença crónica é um fator determinante para o aconselhamento farmacêutico em colaboração com o médico prescritor. O organismo do sénior conhece alterações e é de particular importância a eliminação de medicamentos no organismo. Ora o sénior vai tendo menor capacidade de os eliminar pelos rins, o que pode provocar acumulação e aumento dos efeitos secundários. Há pois necessidade de ajustar a dose, reduzindo-a em função do estado da eliminação renal, que se conhece através das análises laboratoriais.
O sénior deve assumir essas alterações que obrigam a cuidados especiais no uso do medicamento, são sobretudo as associadas à função renal, ao sistema nervoso central e às respostas autónomas a determinadas situações. Já se falou na toxicidade, nas alterações no equilíbrio e na maior sensibilidade aos medicamentos utilizados para os nervos, confusão e esquecimento. Há também que ter em devida conta uma baixa súbita da pressão arterial, alteração que obriga a uma seleção criteriosa de certos medicamentos, com destaque para os anti-hipertensores.
O médico, ao prescrever ao seu doente, toma em conta todas as alterações que estão a ocorrer e pondera a existência das doenças crónicas. A automedicação do doente sénior, efetuada sem recurso ao médico, carece de indicação farmacêutica. E casos específicos há de doenças crónicas em que os seniores não devem tomar medicamentos sem prescrição ou recomendação médica. Fale sempre com o seu farmacêutico.
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