O director clínico do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) alerta em comunicado para a situação difícil que se está a viver na região.
“A procura dos serviços de urgência é imensa, a pandemia covid está a crescer, as necessidades de internamento aumentam, as unidades de cuidados continuados e os lares estão a operar com capacidade reduzida, as famílias têm dificuldade em receber os familiares com alta clínica”, adverte, acrescentando que “temos um aumento da procura e das necessidades de internamento, mas estamos limitados porque não conseguimos saída para os utentes tratados. Meia centena de camas estão ocupadas com pessoas que poderiam ter alta e, em contrapartida, estamos com uma vintena de doentes internados nos serviços de urgência aguardando vagas nas enfermarias, além de que, frequentemente, somos forçados a cancelar cirurgias por falta de camas”.
Em todos os invernos o cenário repete-se, porque a reserva hospitalar é inexistente, mas agora acresce a doença Covid, “que já nos ocupa mais de 50 camas, nos obriga a circuitos duplos na urgência, estrangulando a acessibilidade e consome imensos recursos, particularmente em cuidados intensivos”.
O dirigente apela “aos utentes para que recorram aos médicos assistentes, ou aos serviços de urgência básica nos centros de saúde, sempre que possível e de acordo com as suas queixas, e que evitem os serviços de urgência hospitalar”.
Horácio Guerreiro pede aos que tenham que recorrer aos serviços de urgência “compreensão e paciência, pois é previsível que os tempos de espera estejam prolongados. As equipas assistenciais estão altamente sobrecarregadas, muitos profissionais com horários de trabalho de 60 ou 70 horas por semana, pelo que é injusto serem confrontadas com o protesto agressivo dos utentes”.
O director clínico chama particular atenção para “as urgências pediátricas do CHUA, que observam mais de 250 crianças por dia e o atendimento tem estado demorado. Por favor levem as crianças ao médico de família, ao pediatra, ou aos SUB, que as encaminharão para a urgência hospitalar se necessário”.
“Embora haja razão para protestos com a demora no atendimento, não descarreguem com os profissionais que lá estão. Os nossos Pediatras estão a fazer um sacrifício enorme, abdicam dos seus direitos, fazem 36 horas de urgência por semana, quando lhes caberia fazer 12, e muitos até estão dispensados, pelo que não merecem ser confrontados”, destaca.
Por outro lado “não há profissionais livres para contratar, temos procurado por todo o país e até fora, com sucesso mínimo, pelo que a situação exige compreensão e colaboração de todos”.
Horácio Guerreiro apela “à partilha de responsabilidades, entre quem tem que gerir e quem é utilizador. Todos temos o dever de fazer bom uso dos recursos, escassos e essenciais. Utilizem a urgência com critério!”.
“Com entreajuda, conseguiremos minorar os efeitos negativos e resolver os problemas”, conclui.