Portugal regista uma “tendência fortemente crescente” de internados em cuidados intensivos com o vírus SARS-CoV-2, uma subida média de 20% no espaço de uma semana.
O número de doentes de covid-19 internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente revelou uma tendência fortemente crescente, correspondendo agora a 50% do valor crítico definido de 255 camas ocupadas, quando na semana anterior era de 40%, segundo a análise de risco semanal da pandemia divulgada esta sexta-feira,
De acordo com o relatório das autoridades de saúde, os territórios neste momento mais críticos são as regiões do Algarve e do Centro que já têm uma ocupação em percentagem do nível de alerta acima dos 70%”.
O grupo etário com maior número de casos de covid-19 internados em UCI é o dos 60 aos 79 anos, registando-se uma tendência crescente a partir das primeiras semanas de outubro, mas, nos últimos dias, a faixa dos 40 aos 59 anos apresenta também tendência crescente.
Mortalidade com tendência crescente
Quando à mortalidade, na quarta-feira estava nos 17 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, que corresponde a um aumento de 10% relativamente à semana anterior e com uma tendência crescente.
Este valor é inferior ao limiar de 20 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças.
Segundo esta análise de risco, a pressão nos serviços de saúde e o impacto na mortalidade são moderados, mas com tendência crescente, e a emergência da nova variante de preocupação Ómicron suporta a “necessidade de reforçar a vigilância epidemiológica, virológica e do controlo de fronteiras em Portugal, até serem conhecidas mais informações”.
Portugal pode ultrapassar as 480 infeções por 100 mil habitantes em menos de 15 dias
Ainda segundo a análise de risco semanal da pandemia, o número de novas infeções por 100 mil habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 386 casos, com tendência fortemente crescente a nível nacional.
Já o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus apresenta um valor superior ao limiar de 1, indicando uma tendência crescente da incidência de infeções a nível nacional (1,13) e em todas as regiões do país.
“A manter esta taxa de crescimento, a nível nacional, estima-se que o limiar de 480 casos em 14 dias por 100 mil habitantes possa ser ultrapassado em menos de 15 dias”, adiantam “as linhas vermelhas” da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
O grupo etário com incidência cumulativa a 14 dias mais elevada corresponde ao das crianças com menos de 10 anos – 597 casos por 100 mil habitantes -, que não são elegíveis para vacinação contra a covid-19.
Na última semana, registou-se igualmente um aumento no número de testes, que ultrapassaram os 552 mil, assim como um aumento do número de pessoas com testes positivos para SARS-CoV-2.
Perante estes indicadores, as “linhas vermelhas” da pandemia indicam que Portugal regista uma atividade epidémica de SARS-CoV-2 de intensidade elevada, com tendência fortemente crescente a nível nacional.
A covid-19 provocou pelo menos 5.233.111 mortes em todo o mundo, entre mais de 263,61 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.492 pessoas e foram contabilizados 1.157.352 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
Uma nova variante, a Ómicron, classificada como “preocupante” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em cerca de 30 países de todos os continentes, incluindo Portugal.