A vacinação contra a covid-19 não afeta a taxa de fertilidade nas mulheres submetidas a tratamentos de fertilização in vitro, revela um estudo realizado nos Estados Unidos e divulgado na terça-feira.
Para os autores da investigação, publicada na revista Obstetrics & GynecologyEstes, estes resultados somam-se ao “crescente corpo de evidências” que garante que a vacinação contra a covid-19 não afeta a fertilidade.
A equipa de investigação do Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque, comparou taxas de fertilização, gravidez e aborto prematuro em pacientes de fertilização in vitro que receberam duas doses da vacina, da Pfizer ou Moderna, e obtiveram os mesmos resultados que entre as mulheres não vacinadas.
“Este é um dos maiores estudos para rever a fertilidade e os resultados dos ciclos de fertilização in vitro em pacientes que receberam vacinas contra a covid-19”, salientou Devora A. Aharon, a principal autora do estudo e especialista em fertilidade da Escola de Medicina Icahn em Mount Sinai (ISMMS).
A investigação não encontrou diferenças significativas na resposta à estimulação ovárica, qualidade dos óvulos, desenvolvimento embrionário ou resultados da gravidez entre pacientes vacinadas e não vacinadas.
“As nossas conclusões de que a vacinação não teve impacto nestes resultados devem ser tranquilizadoras para as mulheres que estão a tentar engravidar ou que estão no início da gravidez”, acrescentou a especialista.
O estudo incluiu pacientes cujos óvulos foram retirados dos ovários e fertilizados com esperma em laboratório, criando embriões que foram congelados e depois descongelados e transferidos para o útero.
E ainda mulheres que passaram por um tratamento médico para estimular o desenvolvimento do óvulo.
Os dois grupos de transferência de embriões congelados e descongelados (214 vacinadas e 733 não vacinadas) obtiveram taxas semelhantes de gravidez e perda precoce de gravidez.
Já os dois grupos de mulheres submetidas à estimulação ovárica (222 vacinadas e 983 não vacinadas) apresentaram taxas semelhantes de recuperação de óvulos, fertilização e embriões com número normal de cromossomas.
As pacientes alvo do estudo receberam os tratamentos entre fevereiro e setembro de 2021.
Os autores da investigação esperam que os resultados aliviem a ansiedade das pessoas que pretendem engravidar, acrescentou o hospital em comunicado.
“Com este trabalho podemos ajudar a tranquilizar os pacientes em idade reprodutiva e permitir que tomem as melhores decisões. Cria conforto às pessoas saberem que a vacina contra a covid-19 não afeta o seu potencial reprodutivo”, pode ler-se.
A divulgação deste estudo coincide com a vaga da nova variante Ómicron, altamente contagiosa.
Os investigadores referiram ainda que estudos anteriores apontam que a vacinação ajuda a proteger as mulheres grávidas contra o desenvolvimento da doença grave, confere anticorpos aos bebés e não aumenta o risco de parto prematuro ou problemas de crescimento do feto.
A covid-19 provocou 5.602.767 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A nova variante Ómicron, classificada como preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral e, desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta em novembro, tornou-se dominante em vários países, incluindo em Portugal.