O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) não exclui o aparecimento de novas variantes do SARS-CoV-2 com características de fuga imunitária que causem doença mais grave do que a Ómicron, atualmente dominante na Europa.
“O aparecimento de novas variantes com características de fuga imunitária que causem doenças mais graves do que a Ómicron não pode ser excluído”, afirma o ECDC em resposta escrita à agência Lusa.
A posição surge numa altura de elevado ressurgimento de casos de infeção com o coronavírus SARS-CoV-2 principalmente devido à elevada transmissibilidade da variante Ómicron, situação que, juntamente com altas taxas de vacinação, leva os especialistas a admitir uma passagem para a endemia em breve.
“No entanto, a combinação de uma taxa de crescimento mais elevada e fuga imunitária indica que quaisquer características clínicas potencialmente favoráveis da Ómicron em termos de diminuição da gravidade poderiam ser contrariadas, pelo menos em certa medida, por taxas de infeção muito elevadas na comunidade, levando a uma carga adicional substancial para os sistemas de saúde”, retrata o ECDC, pedindo cautela.
Fazendo projeções, o centro europeu estima, nesta resposta à Lusa, que “o SARS-CoV-2 continuará a circular globalmente e novas variantes continuarão a surgir”.
“Não podemos prever com suficiente certeza que as futuras variantes irão necessariamente causar uma doença mais branda”, salienta a agência europeia de aconselhamento aos países.
O ECDC adianta à Lusa que, a longo prazo, “a circulação contínua do SARS-CoV-2 será provavelmente alimentada por fatores tais como bolsas de pessoas suscetíveis – por exemplo, crianças pequenas e disparidades na cobertura vacinal -, novas variantes ou deriva antigénica, sazonalidade, e/ou reinfeções devido à diminuição da imunidade”.
A covid-19 provocou 5.602.767 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.661 pessoas e foram contabilizados 2.312.240 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A nova variante Ómicron, classificada como preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde, foi detetada na África Austral e, desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta em novembro, tornou-se dominante em vários países, incluindo em Portugal.