Vários cientistas anunciaram esta quinta-feira que encontraram um método para destruir certos poluentes, conhecidos como “eternos”, devido à sua extrema resistência e toxicidade. Estes produtos químicos estão presentes em muitos objetos do quotidiano e podem causar graves problemas de saúde.
Que poluentes são estes e que perigos representam?
Desenvolvidos na década de 1940, os PFAS (per e polifluoroalquil), são uma classe de produtos químicos que se desintegram muito lentamente, encontram-se em embalagens, champôs, frigideiras anti-aderentes e produtos de maquilhagem. Ao longo do tempo, espalharam-se pelo nosso ambiente: água, solo, ar, águas subterrâneas, lagos e rios.
De acordo com alguns estudos, a exposição aos PFAS pode ter efeitos na fertilidade e o desenvolvimento fetal. Pode também levar a um aumento dos riscos de obesidade ou de certos cancros (próstata, rim e testículos) e ao aumento dos níveis de colesterol. A sua natureza quase indestrutível está ligada às longas ligações carbono-flúor que os compõem, e que se encontram entre as mais fortes da química orgânica.
Os métodos atuais para decompor este tipo de poluentes requerem tratamentos poderosos, tais como a incineração a temperaturas muito elevadas ou a irradiação por ultrassons.
Novo método e como se processa
Após um complexo processo de investigação, os cientistas conseguiram identificar uma fraqueza em alguns tipos de PFAS: numa extremidade da sua molécula, um grupo de átomos de oxigénio pode ser afetado por um solvente e um reagente comum a temperaturas em média de 80 a 120 graus Celsius. Quando isto acontece, “causa o colapso de toda a molécula numa cascata de reações complexas”, explica William Dichtel da Northwestern University, um dos autores do estudo, citado pela agência Agence France-Press (AFP).
A técnica, que requer temperaturas relativamente baixas e os chamados reagentes comuns, foi desenvolvida por químicos nos EUA e na China, cujo trabalho foi publicado na revista Science. Os cientistas também utilizaram métodos computacionais poderosos para mapear a mecânica quântica por detrás destas reações químicas. Este trabalho poderá eventualmente ser utilizado para melhorar o método. O estudo centrou-se em 10 PFAS, incluindo um grande poluente chamado GenX, que contaminou o rio “Cape Fear” na Carolina do Norte.
Graças a todo este trabalho desenvolvido, existe agora uma potencial solução para um problema danoso para o ambiente, gado e para os seres humanos.
Porém, existem mais de 12.000 “químicos eternos”, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA. “Há outros tipos [de PFAS] que não têm o mesmo calcanhar de Aquiles, mas cada um tem a sua própria fraqueza. (…) Se o conseguirmos identificar, então saberemos como ativá-lo para o destruir”, garantiu William Dichtel à AFP.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL