Numa audição a todos os coordenadores regionais realizada esta quinta-feira na Assembleia da República, Jorge Botelho, que é secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, disse que o pico de contágios na região deu-se em 20 de janeiro, mas os serviços de saúde conseguiram evitar a rutura, após um início de pandemia com “altos e baixos”, um “especialmente calmo” verão e um “agravamento” em outubro.
“Eu diria que o grande objetivo que tivemos sempre foi que os casos identificados em Cuidados Intensivos e pessoas que tinham de ir ao hospital nunca passassem aquilo que os serviços regionais de saúde pudessem suportar. E, felizmente, o Hospital [Centro Hospitalar] Universitário do Algarve [CHUA] conseguiu de alguma forma responder às necessidades da população, ativando as quatro fases”, afirmou.
Com a fase quatro do Plano de Contingência do CHUA foi aberta uma unidade de resposta à covid-19 no Portimão Arena, entretanto já desativada, que recebeu “170 doentes” e “104 foram em apoio a pessoas oriundas de outros pontos do país”, como o Alentejo ou Lisboa e Vale do Tejo, quantificou.
Jorge Botelho disse que a “articulação” entre entidades foi uma constante e que a Saúde Pública Regional não seguiu as opções de outras regiões e “não recorreu” a “rastreadores do exército ou serviços complementares”, porque “entendeu que na região se conseguia resolver a questão”.
“Na altura que tivemos um pico, tivemos alguma dificuldade, com alguns atrasos, que se resolveram obviamente ao nível da saúde pública, dos Centros de Saúde e dos ACES [Agrupamento de Centros de Saúde], mas também muitas vezes a apoio das Câmaras Municipais”, sublinhou.
Jorge Botelho situou o pico de contágios no Algarve “no dia 20 de janeiro”, quando “o Algarve teve 447 casos”, registou “267 internados, 238 em enfermaria, 29 em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), dos quais 13 estavam ventilados”, e um “rácio de 1.032,5” casos por 100.000 habitantes.
“No dia de hoje estão 17 internados, isto é, menos 250, 15 em enfermaria, dois em UCI, dos quais dois são ventilados. A taxa de 14 dias por 100.000 habitantes hoje é a mais baixa do país, com 43,8 casos”, contrapôs.
A ativação de Brigadas de Intervenção Rápida (BIR) foi, segundo o governante, “importantíssima” e permitiu realizar “intervenções pontuais”, embora não esteja atualmente nenhuma ativa, “apesar de dois surtos ativos em dois ERPI [Estruturas Residenciais para Idosos] no Algarve, perfeitamente controlados”.
Já as Estruturas de Apoio (EA) foram “muito importantes” para acolher, a partir de 11 de janeiro, “23 utentes com covid” que não precisavam de continuar no hospital, com o objetivo de libertar camas, disse, frisando que “neste momento estão sete” pessoas numa unidade hoteleira de Alvor, em Portimão, com capacidade para 40 camas e que vai funcionar até 31 de março.
A estratégia de “priorizar” o encaminhamento de doentes dependentes, mas sem necessidade de cuidados hospitalares para os serviços sociais permitiu “retirar 106 pessoas do hospital”, tendo “103 ido para lares de idosos” e “três para estruturas residenciais”.
Jorge Botelho realçou também a capacidade laboratorial existente na região, quer com o Algarve Biomedical Center (ABC) quer com o Laboratório de Saúde Pública Laura Ayres, que “conseguiram dar resposta a todos os casos de testes que tiveram de ser feitos”.
Quanto à vacinação, o secretário de Estado disse que “neste momento, o Algarve tem 8% de pessoas vacinadas com a primeira dose e 3% com a vacinação completa”, o que perfaz “45.000 pessoas que já receberam, pelo menos, a primeira dose da vacina”.