O boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado este domingo dá conta de mais 45.569 infeções pelo SARS-CoV-2 e mais 30 mortes.
Já no que respeita às hospitalizações de pessoas com teste positivo para a covid-19, registou-se uma subida considerável nos internamentos – mais 192 do que na sexta-feira – para um total agora de 2219. Em UCI (unidades de cuidados intensivos) houve um aumento de seis camas ocupadas, sendo o total de 160, ainda bem abaixo da linha vermelha, fixada em 255.
Estes números não querem dizer, no entanto, que todas estas pessoas estejam doentes com covid-19. O simples facto de testarem positivo para o novo coronavírus, mesmo que tenham sido internadas por outras doenças, obriga a que sejam dirigidas para as enfermarias onde estão as pessoas infetadas pelo SARS-CoV-2.
Em declarações este domingo à CNN Portugal, António Sarmento, diretor do serviço de infecciologia do Hospital São João, no Porto, chamou a atenção precisamente para este facto, dando conta da situação aí registada no final de semana.
Dos 58 internados em enfermaria com teste positivo para o vírus SARS-CoV-2, 20 tinham desenvolvido doença (covid-19) e 38 estavam infetados, mas não doentes por causa do coronavírus. Já nas unidades de cuidados intensivos, havia 10 pessoas internadas por covid-19 e 7 por outros motivos, embora com infeção pelo novo coronavírus, revelou o médico.
No entanto, admitiu o médico, os números não deixam de preocupar os responsáveis, uma vez que obrigam a procedimentos de isolamento rigorosos, para não porem em causa outros internados. Mas há um ano, reforçou, com um número muito menor, o Hospital de São João enfrentava uma situação “muitíssimo mais pesada”, sendo mais uma prova de que as vacinas tem alta eficácia contra o desenvolvimento de doença grave.
Estes internamentos em alas covid de pessoas que estão doentes por outros motivos, mas que também estão infetadas pelo SARS-CoV-2 repetem-se noutros hospitais.
Os números revelam ainda a existência de quase 490 mil casos ativos, o que equivale a praticamente 5% da população residente em Portugal. Há mais 10.571 recuperados da doença, mas mais 34.968 casos ativos, o que coloca o total em 489.789 casos ativos atualmente em Portugal.
Ainda que este número possa a estar calculado por excesso – o número acumulado de infeções nos últimos sete dias (por regra o tempo normal para se dar a pessoa como recuperada) fica-se pelos 369 mil -, nas contas às pessoas que estão agora confinadas há que juntar mais outras tantas centenas de milhares, que são os seus coabitantes.
O boletim refere ainda mais 26.789 contactos em vigilância, num total de 478.883 pessoas nessa situação.
Lisboa e Vale do Tejo registou mais 8.258 novos casos de covid-19 e 16 óbitos, o Norte mais 5.942 casos e 10 óbitos; o Centro 3.440 novos casos e dois óbitos; o Alentejo 1.108 novos casos e um óbito; e o Algarve 613 novos casos e um óbito.
Nas regiões autónomas não se registaram mortes por covid-19 nas últimas 24 horas, tendo a Madeira registado 152 novos casos e os Açores 56.
A mortalidade por covid-19 aumentou 47% numa semana, fixando-se agora nos 37,6 óbitos por um milhão de habitantes, valor superior ao definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC), alertou na sexta-feira o relatório das “linhas vermelhas” da DGS.
De acordo com as “linhas vermelhas”, os 47% assinalam uma “tendência crescente do impacto da pandemia na mortalidade”.
Em relação ao número de pessoas infetadas internadas nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), as autoridades de saúde revelaram uma tendência estável.
A análise de risco da pandemia adianta também que o número de infeções por SARS-CoV-2, por 100 mil habitantes acumulado nos últimos 14 dias, foi de 5.053, com tendência crescente a nível nacional e em todas as regiões.
Já o índice de transmissibilidade (Rt) fixa-se nos 1,10 a nível nacional, com as regiões Norte e Algarve a apresentarem o valor mais elevado neste indicado (1,14).
Também segundo dados oficiais da DGS, mais de 4,2 milhões de pessoas já foram vacinadas com a dose de reforço contra a covid-19.
A covid-19 provocou pelo menos 5,58 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
Uma nova variante, a Ómicron, classificada como preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral e, desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta em novembro, tornou-se dominante em vários países, incluindo em Portugal.
O QUE ESTÁ A ADIAR O PICO DA QUINTA VAGA DA PANDEMIA?
O pico da quinta vaga de covid-19 em Portugal estava previsto acontecer entre 20 e 24 de janeiro. No entanto, as previsões falharam. O matemático Henrique Oliveira e o pneumologista Filipe Froes apontam alguns fatores que condicionaram as contas.
Henrique Oliveira, professor do Instituto Superior Técnico, aponta para os contágios nas escolas, que acabam por alastrar à restante família, e a campanha eleitoral para as eleições legislativas.
Sobre a campanha eleitoral, o especialista refere que está a ser uma campanha “muito participada”, com arruadas em todos os círculos, muitos candidatos e deputados, no “mês mais perigoso da pandemia”. Em entrevista na SIC Notícias, Henrique Oliveira diz que, se tivesse opção de escolha, optaria por não realizar eleições “numa altura tão crítica”.
Já o pneumologista Filipe Froes considera que as medidas foram mal antecipadas, salientando o início do período escolar. “O vírus transmite-se muito nas crianças, esta variante transmite-se muito”, diz, acrescentando que a vacinação do grupo etário devia ter sido antecipada”, afirma.
MORTALIDADE AUMENTOU QUASE 50% NUMA SEMANA
A mortalidade por covid-19 aumentou quase 50% numa semana, segundo o mais recente relatório das Linhas Vermelhas.
Está agora nas 37,6 mortes por um milhão de habitantes, um valor superior ao definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças.
O número de doentes infetados com coronavírus internados nas Unidades de Cuidados Intensivos mantém-se estável, mas a pressão nos hospitais tem vindo crescer, sobretudo nas urgências.
A análise de risco da pandemia adianta também que o número de infeções sobe cada vez mais em todos os grupos etários, um aumento que coincide com a abertura das escolas e creches.
- Com: Expresso, jornal parceiro do POSTAL