O líder da UNITA apelou ao voto dos angolanos nas eleições gerais de hoje, mas criticou os procedimentos eleitorais, dando o exemplo da sua mesa de voto em que os cadernos de eleitores não foram distribuídos aos fiscais.
A votar no bairro 28 de Agosto, em Luanda, um bairro de casas antigas e chão de terra, Adalberto Costa Júnior disse esperar que “os votos sejam todos contados” nas eleições em que a União Nacional para a Independência de Angola (UNITA), o principal partido da oposição, tenta destronar o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder).
“Fiz a minha atualização” do registo eleitoral e “percebi que fui deslocado para outro local”, mas “fiquei satisfeito e votei no meio do meu povo e constatei que a votação está a ser feita sem cadernos eleitorais aos fiscais, apenas um caderno eleitoral na mesa”, afirmou aos jornalistas Adalberto Costa Júnior, instantes depois de votar na Escola Estrela da Manhã, na zona do Kilamba.
“Ainda assim eu faço um apelo a todos os angolanos: vamos todos ao voto. Hoje é um dia histórico é um dia em que eu espero que todos votem em ambiente de absoluta tranquilidade e no respeito das leis”, afirmou Costa Júnior.
O candidato da UNITA disse esperar que seja possível “cumprir com a festa que são as eleições” e que “os votos sejam todos, mas todos respeitados”.
Sob aplausos e gritos de entusiasmo de centenas de apoiantes gritando “mudança”, “UNITA” e “Presidente”, Adalberto Costa Júnior exerceu o seu voto numa das salas de aulas da escola.
Com poucos seguranças visíveis, o líder da UNITA ultrapassou a fila de quase 40 pessoas que aguardavam para votar, com muitos a gritarem, à sua passagem, “três”, o número do partido no boletim de voto.
Junto à assembleia de voto onde Adalberto Costa Júnior votou, já estavam pessoas que haviam votado, mas prometem ficar nas imediações.
“Vamos controlar o nosso voto”, disse António à Lusa.
A campanha eleitoral da UNITA tem sido marcada por pedidos aos seus apoiantes que controlem os resultados das suas mesas de voto, com o movimento “Votou, sentou!”.
Nas ruas do bairro, todos discutem política, principalmente nas vendas de rua perto da assembleia de voto: “Mané, é para votar no três. Se não vota, eles roubam o teu voto”, disse um rapaz para outro, numa referência à suspeita de que os boletins de abstencionistas possam ser preenchidos por outras forças partidárias.
Já Maria, de vestido de cores garridas – “é roupa de domingo porque hoje são eleições” – não tem dúvidas onde vota e sorri: “Unita porque ele (o líder) é bonito”.
E logo outras vozes femininas se juntaram à conversa gritando indiscriminadamente “bonito” ou “UNITA”.