O Bloco de Esquerda reuniu com os membros da associação em formação “Vizinhos da Fábrica”, fazendo-se representar pelo eurodeputado José Gusmão e os dirigentes distritais João Vasconcelos e Sandra da Costa.
O partido exige que “a Corticeira Amorim Cork Insulation (ACI) faça os investimentos necessários na sua fábrica de Silves para cumprir com a legislação nacional e europeia a nível da qualidade do ar e ruído”.
“A fábrica, dedicada à produção de aglomerados de isolamento, apresenta-se como respeitadora do meio ambiente, mas o movimento de moradores tem apresentado dados factuais que apontam no sentido contrário”, explica o Bloco de Esquerda em comunicado, acrescentando que “a situação tem-se agravado no concelho de Silves na área envolvente à Corticeira, mas também já se faz sentir no concelho de Lagoa, onde a poluição também é notória. Segundo relatos de moradores e passantes, os fumos de cor branca e preta são visíveis a quilómetros de distância”.
O Grupo Parlamentar do BE, através do ex-deputado João Vasconcelos, apresentou em outubro de 2020 algumas questões ao então ministro do Ambiente e da Ação Climática, sobre a qualidade do ar dos residentes, com nefastas consequências para a sua saúde e qualidade de vida. As respostas recebidas minimizaram o problema, referindo-se ao fumo como vapor puro e garantindo que não havia motivo para preocupação.
Após cinco reuniões no último ano, as grandes nuvens de fumo e os elevados níveis de ruído contínuo emitidos pela fábrica da Corticeira Amorim continuam. Testes confirmaram que o fumo branco contém uma quantidade significativa de Suberin, inerente ao processo de produção e que o fumo preto contém níveis elevados de Partículas Finas (PM10).
Os “vizinhos da Fábrica” têm vindo a desenvolver iniciativas, na tentativa de resolver a situação conjuntamente com os órgãos locais, nomeadamente Câmara Municipal e CCDR Algarve, contudo, a solução para as questões apresentadas e sobejamente conhecidas pelos envolvidos parece estar longe de ser conhecida.
“As soluções estão disponíveis, mas não há urgência em implementá-las. O principal problema é a atitude e mentalidade da ACI que prejudica a saúde e a subsistência da população vizinha”, destaca o Bloco de Esquerda.
Na visita ao exterior da Corticeira, pode observar-se “os diversos tipos de pó existentes no espaço envolvente dispostos em montes que, quando arrastados pelo vento, se espalham pelas redondezas, afetando quem vive, circula e trabalha na zona”.
A delegação do Bloco ouviu ainda “queixas de níveis de ruído que excedem de forma contínua os limites legais, acrescentando a poluição sonora à poluição atmosférica”.
Após a reunião e a visita, o eurodeputado José Gusmão falou sobre a importância de integrar política ambiental, saúde pública e política económica: “A diversificação da atividade económica, incluindo a atividade industrial, é importante e deve ser promovida. Não deve, no entanto, ser promovida de uma forma ilegal, profundamente lesiva da qualidade de vida e saúde dos moradores e lesiva de outras atividades económicas, como a agricultura ou as atividades turísticas”.
Para o eurodeputado do Bloco, “não há justificação para que os investimentos já identificados e indispensáveis ao cumprimento da lei não tenham sido realizados. A fábrica, de acordo com os seus próprios documentos, tem gerado lucros mais do que suficientes para responder a essa necessidade”.