Os eleitores franceses são hoje chamados novamente às urnas para escolher o futuro Presidente da França numa segunda volta que, tal como aconteceu em 2017, é disputada pelo centrista Emmanuel Macron e pela líder da extrema-direita Marine Le Pen.
Na primeira volta, realizada a 10 de abril, Macron, o Presidente cessante, foi o mais votado dos 12 candidatos na corrida, obtendo 27,85% dos votos, seguido de Le Pen, com 23,15%, segundo os resultados oficiais.
Em todo o país, cerca de 48,7 milhões de eleitores franceses são chamados a votar.
Os eleitores podem votar nas urnas entre as 08:00 locais (menos uma hora em Lisboa) e as 19:00 (18:00 em Lisboa) na maior parte do país e até às 20:00 (19:00 em Lisboa) nas grandes cidades.
Também em Portugal, 16.023 eleitores inscritos poderão exercer o seu direito de voto nas representações diplomáticas francesas em três cidades: Lisboa, Porto e Faro.
Em 2017, o número total de eleitores em Portugal rondou os 14.000.
A campanha eleitoral para esta segunda volta ficou marcada pelo único debate televisivo entre os dois rivais políticos.
O poder de compra dos franceses, a guerra na Ucrânia, a gestão da pandemia de covid-19, a segurança ou a imigração foram alguns dos temas que dominaram o debate entre os candidatos presidenciais que, segundo a maioria dos estudos de opinião efetuados logo após o frente-a-frente, foi vencido pelo atual Presidente francês.
No contacto direto com os eleitores, os dois candidatos dramatizaram o discurso e lançaram todos os esforços possíveis para conquistar, sobretudo, os votos dos apoiantes de Jean-Luc Mélenchon (esquerda radical), que na primeira volta das eleições foi o terceiro mais votado (22%), e mobilizar os abstencionistas.
Na reta final da campanha, Macron recebeu um apoio de peso, com os primeiros-ministros de Portugal e Espanha e o chanceler alemão a apelarem à votação no governante francês, defendendo que a França deve permanecer do lado dos valores da Europa.
“A segunda volta das eleições presidenciais francesas não pode ser ‘business as usual’ para nós. A escolha que o povo francês enfrenta é crucial — para a França e para cada um de nós na Europa. É a escolha entre um candidato democrático, que acredita que a força da França cresce numa União Europeia poderosa e autónoma, e uma candidata de extrema-direita, que se coloca abertamente do lado daqueles que atacam a nossa liberdade e a nossa democracia — valores baseados nas ideias francesas do iluminismo”, defenderam, na quinta-feira, António Costa, Pedro Sanchez e Olaf Scholz, num artigo conjunto publicado em vários jornais europeus.
Em declarações à Lusa à chegada à cidade de Figeac, Macron disse à Lusa que o apelo feito pelo primeiro-ministro português, António Costa, para votar nele na segunda volta das eleições é “muito importante, a título individual e entre os dois países”.
“Quero agradecer ao meu amigo Costa, que foi formidável. O António foi adorável, e fiquei muito emocionado”, afirmou o candidato centrista na cidade da região do Lot, no sudoeste de França, onde decorreu o último comício do candidato antes da segunda volta.
França dividida como nunca na mão da abstenção
As últimas sondagens mostram que Emmanuel Macron tem entre 10 a 15% de vantagem na intenção de voto face a Marine Le Pen, mas a taxa da abstenção pode vir a “baralhar” as contas.
A sondagem com maior distância entre o atual Presidente e a líder da extrema-direita é o estudo elaborado pelo gabinete Ipsos-Sopra Steria para a rádio Franceinfo e para o jornal “Le Parisien”, com Macron a chegar a 57% da intenção de votos e Le Pen a ter 43%.
A par das questões internas, o resultado da eleição presidencial em França terá implicações internacionais, numa altura em que o mundo testemunha um conflito na Europa, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro.
A França é a segunda economia do bloco de 27 membros da União Europeia (UE), a única com veto no Conselho de Segurança da ONU e a sua única potência nuclear.
O país detém atualmente a presidência semestral do Conselho da UE.