O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que se a situação económica der “sinais que não são tão positivos quanto se esperaria” o Governo pode ter de ponderar “ajudas sociais complementares” nos próximos meses.
“Eu acho é que se esta evolução lá fora for aquela que pode, por ventura, suceder contra as previsões, que eram otimistas, e se persistir aquilo que são estes sinais que não são tão positivos quanto se esperaria, pode obrigar o Governo a ter de proceder a uma reponderação de ajudas sociais complementares, se for necessário dentro de um mês, dois meses, três meses”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, apontando que “o Governo ponderará isto”.
O Presidente da República afirmou que “a guerra está a durar e vai durar, a inflação está a descer menos rapidamente do que desejaria” e “as notícias que chegam, por exemplo, da Alemanha, não são muito boas”.
Quanto a notícias que dão conta de que os preços dos alimentos estão a subir mais em Portugal do que na zona euro, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “o problema é que nos outros países estão a voltar a subir, ou pelo menos não há evolução”.
“Na Alemanha os últimos números que foram conhecidos esta semana, quer no crescimento, quer na inflação, não acompanham aquela expectativa otimista que havia. Isso tem custos”, lamentou.
“É a insatisfação própria de quem enfrenta uma situação que tem custos”
À chegada à cerimónia dos 140 anos da Sociedade de Instrução e Beneficência “A Voz do Operário”, em Lisboa, o chefe de Estado foi questionado pelos jornalistas sobre as manifestações que se têm realizado nas últimas semanas, incluindo as duas que aconteceram este sábado em Lisboa – uma promovida pelo movimento cívico Vida Justa, em defesa de “salários para viver”, a limitação do preço dos bens essenciais e “casa para as pessoas”, e outra organizada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop) em defesa da escola pública e por melhores condições de trabalho e salariais.
“É a insatisfação própria de quem enfrenta uma situação que tem custos”, apontou, indicando que “em geral, para a sociedade, o grande custo é a inflação, é a subida do custo de vida, a subida dos preços, e ao mesmo tempo não ser acompanhado, obviamente, pelos rendimentos e pelos salários”.
O Presidente da República considerou que as concentrações são normais em democracia, são “manifestações legítimas”, e “haverá outras certamente”, mas recusou que esteja em causa a estabilidade.
E indicou que foi ver a saída das duas manifestações “de milhares de pessoas, num caso perto de 10 mil, no outro caso perto de quatro mil, cinco mil”.
“Era um hábito que eu tinha antes de ser Presidente e mantive enquanto Presidente”, indicou, referindo que não chegou a estar com os manifestantes, mas alguns passaram por si.
No que toca aos professores, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que “aquilo que os portugueses querem é que as negociações tenham sucesso”.
“E continuo a acreditar que terão sucesso. Eu acho que é possível, é uma questão de bom senso. É tão óbvio que os professores querem, o pessoal não docente quer, os pais querem, os alunos querem, a sociedade portuguesa quer, os portugueses querem, portanto qualquer que seja a formula, mais assim ou mais assado, é evidente que terá de haver acordo”, salientou.
O Presidente da República reiterou que espera que o Governo e os sindicatos cheguem a acordo “antes da Páscoa, para que o custo para o ano letivo não seja muito forte”.