A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, considerou hoje que o Orçamento do Estado para 2023 “é absolutamente inaceitável”, porque não garante que os salários sejam atualizados, mesmo no valor abaixo da inflação.
“Ficámos muito preocupados com o que o ministro das Finanças disse ontem [sexta-feira] na Comissão de Orçamento e Finanças, ao reconhecer que o acordo de rendimentos que o Governo veio mostrar, como a certeza de que os salários subiriam acima de cinco por cento ao ano, afinal não vale”, afirmou Catarina Martins os jornalistas à margem de uma visita ao mercado de Olhão, no distrito de Faro.
Para a coordendora do BE, o que o ministro das Finanças [Fernando Medina] disse “é que o acordo de rendimentos que o Governo veio mostrar e a atualização de salários, pode ou não acontecer, mesmo naquele valor pequenino abaixo da inflação”.
Catarina Martins considerou que “este Orçamento do Estado “é absolutamente inaceitável, porque está a dizer que quem vive da pensão ou do salário, vai viver pior, ao mesmo tempo que promete uma gigantesca borla fiscal a setores da economia que , neste momento, até estão bastante bem e que quando tiveram prejuízos foi por causa da má gestão”.
“O que há, é certo, é a enorme borla fiscal que vai dar ao Novo Banco e a outras grandes empresas, que vão poder nunca mais pagar os impostos que devem, deduzindo os prejuízos que tiveram por má gestão, durante todos os anos que quiserem”, apontou.
Para a líder bloquista, “não é possível que os salários e as pensões continuem a perder poder de compra todos os dias”, enquanto alguns setores continuam a ter lucros milionários “e o Governo não faz nada”.
Catarina Martins afirmou que “é possível responder à inflação, atualizar salários, pensões e combater a especulação com um controlo de preços e impondo um imposto sobre os lucros excessivos em setores como a grande distribuição, a energia e a banca”.
Questionada sobre a investigação aos ajustes diretos entre a Câmara de Lisboa e a sociedade de advogados Linklaters, fundada pelo anterior ministro da Economia Pedro Siza Vieira e que envolve Fernando Medina, então presidente da autarquia, Catarina Martins considerou que “a atuação e investigação do Ministério Público é fundamental”.
“Só o Ministério Público pode fazer esse trabalho e esperamos que o faça”, notou a líder bloquista, lembrando que o BE tem vindo a exprimir a sua grande preocupação com a forma como os grandes escritórios de advogados são muitas vezes uma plataforma rotativa entre o dinheiro que é público e os grandes negócios privados”.
A coordenadora do BE deslocou-se ao mercado de Olhão, no Algarve, num périplo que, diz, tem por objetivo “dizer que é preciso outro Orçamento do Estado” para o próximo ano.