A distrital de Lisboa do Chega, liderada pelo deputado Pedro Pessanha, retirou esta quarta-feira a confiança política ao vereador Nuno Afonso. A decisão já foi validada pelo presidente do partido, André Ventura. A razão invocada prende-se com a viabilização por parte do vereador do Orçamento e Grandes Opções do Plano da Câmara Municipal de Sintra para 2023.
Nuno Afonso confirmou a informação ao Expresso, remetendo demais comentários para um comunicado que fará nas próximas horas.
O sentido de voto do vereador foi “contra as indicações e orientações” que recebeu pelos órgãos locais e pelo coordenador autárquico distrital, justifica a distrital de Lisboa, em comunicado. “Perante a gravidade da tomada de posição”, prossegue Pedro Pessanha, “venho por este meio transmitir o nosso repúdio pelo seu desrespeito”. “Logo após o conhecimento destes factos, o núcleo concelhio de Sintra transmitiu à Comissão Política Distrital a imediata e incontornável perda de confiança política no vereador eleito pelo Chega no município de Sintra”, lê-se ainda.
O comunicado assinado pelo deputado à Assembleia da República e presidente da distrital de Lisboa descreve ainda o sentido de voto de Nuno Afonso, “à revelia das orientações do partido e da estratégia definida para o distrito”, como “claros atos de indisciplina partidária”. “Não deixa outra alternativa senão a de retirar, de imediato, a confiança política” ao vereador, continua, acrescentando que a decisão já foi transmitida à direção nacional do partido, “na pessoa do seu presidente”, André Ventura, que “validou a nossa decisão”.
O orçamento da Câmara de Sintra para o próximo ano, no valor de 315 milhões de euros, foi aprovado na terça-feira com os votos favoráveis do PS (quatro vereadores mais o presidente), do vereador da CDU, a abstenção do vereador do Chega e os votos contra do PSD e do CDS (quatro vereadores).
Na semana passada, na sequência de mais um chumbo dos estatutos do Chega pelo Tribunal Constitucional, Nuno Afonso, que é o militante número 2 do partido, disse ao Expresso que avançará para a disputa da liderança se Ventura puser o lugar à disposição e se conseguir reunir os apoios necessários. “Se há altura para fazer alguma coisa, é agora”, declarou, justificando que o presidente do partido se devia demitir não só por “todas estas trapalhadas jurídicas, que são da sua responsabilidade”, mas também por “mentir deliberadamente aos militantes” para ter “carta branca para tomar decisões”.
Chefe de gabinete parlamentar de Ventura, enquanto este era ainda deputado único, Nuno Afonso foi reconduzido na sequência das eleições legislativas de janeiro, nas quais o Chega elegeu uma bancada de 12 deputados. No entanto, no início de maio, viria a ser exonerado do cargo.
Nuno Afonso torna-se assim o quinto vereador a passar a independente, pelo que dos 19 vereadores eleitos pelo Chega nas eleições autárquicas do ano passado restam 14 que respondem pelo partido no poder local.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL