Terminada a época dos bailes de verão em todas as vilas, aldeias, montes e vales do nosso Portugal, o Dr. António Costa inspirado por tão farta e bela romaria decidiu abrir uma quermesse dedicada aos jovens, a alguns, poucos, muito poucos. Já a Juventude Socialista, tal publico desenfreado no meio de uma “modinha”, dançou ao som da música e esqueceu-se de pensar pela sua própria cabeça.
Permitam-me que resuma os prémios desta bela quermesse em apenas um parágrafo: Aos 18 anos um Cheque-Livro; se completarem o 12º ano ganham 4 bilhetes de comboio e uma semana nas pousadas da juventude; Até aos 23 anos é oferecido o passe; até aos 25 anos, ao acabar a licenciatura, têm desconto no IRS durante 5 anos(dos 100% aos 25%) e ainda recebem 58€ por mês durante 3 anos.
Estas medidas avulso que menorizam os problemas dos Jovens e atingem a sua epitome ridicularizadora com os 4 bilhetes de comboio e uma semana nas pousadas da juventude é uma ofensa para todos os jovens até aos 35 anos com sérias dificuldades em se emancipar e que ficam em casa dos pais, em média, até aos 33 anos. Quanto à questão da habitação nem uma palavra mas abanando a bandeira à esquerda, levando a JS à loucura, anuncia um “fim às propinas” falacioso. Com um método de execução profundamente errado onde promete devolver o valor que os Pais pagaram aos filhos, obrigando assim os Pais a financiarem o Estado quando poderiam estar a financiar a habitação ou a alimentação dos próprios filhos. Mas são também estas medidas, e a reação do líder da JS, que demonstram o quão alheados da realidade se encontram e como não têm uma visão para o futuro do País. Se hipoteticamente esta é a sua verdadeira visão só podemos concluir que o Partido Socialista está deliberadamente à espera que o inverno demográfico e a emigração resolvam o problema da habitação.
Por outro lado, algumas destas medidas são requentadas e completamente desmanteladas de propostas de outros partidos, ora vejamos:
– O Cheque Livro é a versão Socialista do Cheque Cultura defendida pela JSD e pelo PSD na Assembleia da República, isto porque o Partido Socialista quer controlar o tipo de “cultura” que é absorvido pelos Jovens e apenas autoriza o uso deste Cheque Livro nos livros que constem no Plano Nacional de Leitura, fica a música, o teatro, o cinema e outro tipo de espetáculos culturais completamente de fora;
– O Passe Sub-23 alargado ao País todo é uma medida copiada, e BEM, de alguns Municípios com principal destaque o de Lisboa sob a liderança do Dr. Carlos Moedas e de Cascais sob a liderança do Dr. Carlos Carreiras;
– A devolução das propinas para além de imoral na sua execução é apenas e somente um ampliador de desigualdade. Que os Jovens que não têm posses não paguem propinas e sejam apoiadas quer a nível pedagógico como material, é uma medida de importante relevo e que privilegia o bom funcionamento do elevador social é mais do que correto. Já devolver propinas ou isentar indiscriminadamente sem olhar ao contexto financeiro das famílias é apenas imoral e promove a desigualdade. Aliás, já imagino os Jovens em que colocados entre as opções de emigrar e receber 3x o salário médio nacional ou ficar em Portugal e receber mais 58€ por mês irão claramente optar por ficar no nosso País;
– A proposta de redução do IRS apresentada nesta quermesse é outra medida “cartaz” e sem qualquer noção da realidade, um aluno do ensino superior que faça licenciatura acaba, em média, aos 21 anos de idade mas se fizer mestrado acaba aos 23 anos, resumindo, com o tecto definido pelo Partido Socialista nunca irão usufruir da totalidade da medida. Para além disto, tendo em conta que a média da saída de casa dos País é aos 33 anos, estão a discriminar todos os jovens entre os 25 e os 35 que não se conseguem emancipar e que, com a proposta do PSD, viriam o seu IRS ser reduzido para um terço;
– Quanto aos bilhetes de comboio e à semana nas pousadas da juventude é apenas uma brincadeira de mau gosto para com todos os jovens que serve apenas para engrossar apenas um pacote cheio de nada e coisa nenhuma.
Refletindo nesta pequena Quermesse de António Costa e nas reações por parte da Juventude Socialista fico com uma profunda tristeza ao ver uma estrutura de Juventude Partidária, em pelo 2023, continuar a descredibilizar a imagem dos jovens que se interessam e envolvem na política e a demonstrar a pior forma de estar em política, o Seguidismo. Os Jovens têm ideias, propostas, capacidades e são cada vez mais qualificados, serem representados por meros “Seguidores” não chega e é profundamente ofensivo.
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