Vejamos: no que respeita à literatura portuguesa, predominaram os nomes consagrados e os romances de grande fôlego de José Rodrigues dos Santos, “A amante do Governador”e “As Flores de Lótus”(romances que enquadram historicamente Portugal, a China e Macau na 1.ª metade do séc. XX), de Miguel Sousa Tavares, “Rio das Flores”(a saga da família Ribera Flores ao longo da 1.ª metade do séc. XX) e o clássico “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, do Nobel da Literatura de 1998, José Saramago, romance que possui também uma forte ambiência histórica, a par da carga filosófica e simbólica que é característica da obra deste autor.
Ainda no género do romance, obtiveram o topo dos mais lidos nas bibliotecas públicas algarvias os livros“Jogos de raiva”, de Rodrigo Guedes de Carvalho,“O cais das incertezas”, de José Alberto Salgadoe “A inglesa e o Marialva”, de Clara Macedo Cabral.Fora do âmbito do romance, temos a presença no topo de outro autor clássico, Mário Zambujal,com um livro de contos-crónicas, “Fora de mão”, e o escritor best-seller Pedro Chagas Freitas com o livro-caderno de pensamentos “Prometo falhar”.A literatura lusófona tem apenas dois livros, os clássicos angolanos “Nação Crioula”,romance tricontinental de José Eduardo Agualusaque indaga sobre a construção da identidade individual e nacional, e “Momentos de aqui”, um livro de contos de Ondjakique é um hino à oralidade africana e angolana.
E para além do romance, não existe mais nada no que aos géneros literários diz respeito. Sabemos que os livros de teatro andam “desaparecidos” há anos nas preferências dos leitores, que o conto e a novela vivem envoltos numa neblina densa que os torna invisíveis nas estantes das bibliotecas, mas salvava-se a poesia que, apesar de residual, conseguia fazer-se representar por um ou outro autor nos top’s anuais de leitura.
Surpreendentemente, em 2019, não há registo de nenhum livro de poesia no topo das leituras das bibliotecas públicas algarvias, num ano em que se deu grande destaque a este género literário mercê das comemorações nacionais do Centenário do Nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen, e das comemorações, bem mais modestas, do centenário do nascimento de Jorge de Sena.
(Luísa Maciel – Biblioteca Municipal de Lagos)