Decerto muitos Tavirenses me acompanharão nesta pequena reflexão de preocupação sobre um destrato que se me afigura estar a acontecer na nossa cidade.
Há bem pouco tempo um importante jornal inglês referenciava: “A cidade (de Tavira) exala um charme português autêntico”, e, em fóruns de turismo e na comunicação social especializada, proliferam elogiosas referências à nossa cidade, o que, como é evidente, nos enche de orgulho. Tal sentimento acarreta o dever e a responsabilidade de contribuirmos para salvaguardar e preservar os tão valiosos atributos que fazem desta cidade do Gilão uma “pérola escondida da Europa”. E tais atributos são bem conhecidos de todos nós – valiosa arquitectura civil e religiosa, cuidados frequentes e continuados de preservação do património, convivialidade das nossas gentes, segurança, clima, paisagens envolventes etc…
Quem chega a Tavira sofre uma primeira sensação de agrado ao deparar-se com esta nossa cor mediterrânica, este branco que aviva a luz. É esse Branco, essa cor característica, que nos confere o encanto e nos dá este ar limpo, puro e distintivo.
Não somos porém radicais e exclusivistas do branco. Uma ou outra pincelada cromática quebra a monotonia e até valoriza o conjunto. Mas o predomínio, especialmente em locais conspícuos, por harmonia e por imperativo estético, deverá ser o branco, a cor de Tavira.
Os tons leves, como os utilizados no convento das Bernardas e na pousada da Graça, conjugam-se bem e não se tornam agressivos.
Agora matizar, com cores vivas, o hotel Vila Galé afigura-se-nos um atentado à cidade, pela localização e pela agressão visual a que tal opção conduz.
Já nos chegam as agressões paisagísticas do “mosaico policromado” do centro comercial e das várias antenas por aí plantadas.