Infelizmente, o céu deste mês será mais propício para os madrugadores. No início do mês, Saturno nasce por volta da 01:45, enquanto Júpiter e Marte, ainda muito juntinhos depois da recente conjunção, nascem por volta das 03:30. Mas estes dois planetas vão-se afastar rapidamente – se no dia 1 se encontram a apenas 1,5 graus um do outro (à distância de um braço estendido, o espaço que ocupa o dedo mindinho), no dia 30 já se encontram a quase 19 graus.
Já no fim do mês, Saturno nasce por volta da meia-noite, Júpiter à 01:30 e Marte uma hora mais tarde. Já o planeta Vénus nasce por volta das 04:30 durante todo o mês.
Estes quatro planetas continuam assim a desenhar uma enorme linha reta no céu, visível a partir das 04:30 e até ao amanhecer. Mas se no início do mês essa reta vai de Este para Sudeste, com uma extensão de cerca de 70 graus, no fim do mês vai de Este-Nordeste (ENE) para Sul, com uma extensão superior a 100 graus!
A partir do dia 15 será ainda possível ver o planeta Mercúrio, mesmo antes do amanhecer e rente ao horizonte. Este será o desafio de observação do mês, pois o planeta nem alcança uma altura de 10 graus, antes do brilho do Sol nos ofuscar a observação.
Quanto à nossa Lua, no dia 7 está em quarto crescente, enquanto o dia 14 será dia de “super” lua cheia.
Uma “super” lua ocorre quando a lua cheia coincide (mais ou menos) com a altura do perigeu, isto é, o ponto de maior aproximação entre a Lua e a Terra. No entanto, o perigeu segue o período sideral de 27,3 dias (tempo que a Lua demora a completar uma volta à Terra), mas por causa da translação da Terra em torno do Sol, o tempo entre duas luas cheias consecutivas é ligeiramente maior – segue o período sinódico, de 29,5 dias. Por isso, só uma ou duas luas cheia por ano é que coincidem com o perigeu e são “super”.
Dia 18 a Lua passa a cerca de 8 graus do planeta Saturno e no dia 21, a Lua passa a cerca de 6,5 graus do planeta Júpiter. Neste dia também ocorre o solstício, às 10h14. Este é o dia em que o Sol vai estar mais tempo acima do horizonte e na sua passagem a Sul o vemos mais alto no céu. Este é o dia do início do verão no hemisfério Norte.
No dia seguinte, a 22, a Lua está a meio entre Marte e Júpiter, a cerca de 7 graus de cada um dos dois planetas.
No dia 26, o nosso satélite natural passa 1,5 graus acima de Vénus, mas será no dia seguinte, dia 27, que a Lua, num finíssimo minguante, passa cerca de 3 graus acima do planeta Mercúrio, tornando-o mais fácil para localizar. Curiosamente, às 5h28, ainda será possível ver a Estação Espacial Internacional (sigla ISS, em inglês), que passa cerca de 13 graus à esquerda destes dois astros. A ISS aparece às 5h21 a Sudoeste, atinge a altura máxima de 74 graus às 5h25 e desaparece por volta das 5h28, a Nordeste, mesmo à esquerda da Lua e de Mercúrio.
O mês termina no dia 30, com a Lua no apogeu (ponto de maior afastamento da Terra) a alcançar a fase de lua nova.
Boas observações!
* Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço