O ato de ler acontece mesmo antes da palavra escrita. A leitura assume diversas formas, mas é no texto escrito que a compreensão dos símbolos assume um maior significado. A interpretação que daí decorre, confere ao leitor uma visão mais alargada e aprofundada do mundo que o rodeia.
O papel das Bibliotecas Municipais, na promoção da leitura (já muito estudado e explanado em diversas plataformas) torna-se relevante nas comunidades em que se insere. A mediação da palavra escrita, exercida junto dos vários públicos, continua a ser um dos pilares da sua missão. Proporciona um complemento fundamental na aquisição de ferramentas para a compreensão na leitura, das suas várias camadas, especialmente na interpretação e reflexão do texto escrito.
Contudo, assiste-se a uma rápida mudança de paradigmas, numa era cada vez mais tecnológica. Neste Mundo da “Aldeia Global”, as Bibliotecas Municipais procuram acompanhar estes novos tempos e assegurar ao utilizador, os meios necessários e estratégias inovadoras para o entendimento das leituras decorrentes do digital, assumindo-se de novo, como intermediário / agente social.
No entanto, num Mundo que se digitaliza a cada segundo, não é possível votar ao esquecimento aqueles públicos que por múltiplas razões, ainda se encontram na aquisição do domínio da leitura, na sua vertente mais tradicional.
Aqui, as Bibliotecas Municipais detém um papel fundamental, através de diferentes abordagens, a fim de cumprir a sua missão. Intervir junto dos mais idosos, dos mais isolados (financeira, social ou geograficamente) ou dos migrantes, continua a ser necessário e urgente.
É de extrema importância alcançar a compreensão da palavra escrita para permitir a inclusão no mundo digital, mas essencialmente para dotar o indivíduo da capacidade de compreender e de analisar de forma crítica a realidade que o rodeia. Não basta olhar apenas para o futuro do digital mas, entender que “a leitura”, no seu sentido mais restrito, ainda não é um dado adquirido.
Simplesmente saber ler e compreender o que se lê, constitui uma etapa relevante, reconhecida pelas Bibliotecas Municipais, que não a devem descurar em prol do digital. E é no espaço destas instituições que os dois mundos se podem fundir, permanecendo uma ponte entre o passado e o futuro.
Ana Miguel ([email protected])
e Inês Colaço ([email protected])
(Biblioteca Municipal Lídia Jorge – Albufeira)