1 – O imperador romano Júlio César terá dito um dia que à sua mulher não bastava ser honesta, tinha, igualmente, de parecê-lo ou seja, transportando tal princípio para o domínio do poder, quem o exerce não deverá ver recaída sobre si qualquer suspeição.
Terá sido, aparentemente, o respeito por tal princípio de ordem ética que levou, por exemplo, um António Costa, apesar de se sentir de consciência tranquila e, nem sequer, se vendo constituído como arguido, a renunciar ao cargo de primeiro-ministro quando soube que passara a ser investigado no âmbito dum dado processo judicial, conhecido por processo «Influencer» (ainda que tal princípio, pelos vistos, terá dispensado ao aceitar o cargo de presidente do Conselho Europeu, investigado continuando a ser, mas trata-se aqui de simples à parte).
Entretanto, se António Costa, como vimos, pediu a demissão, já um Luís Montenegro, igualmente investigado por causa da construção ou reconstrução duma casa sua, achou por bem, ao invés e em nome duma sua inocência, também, reclamada, que de candidato a primeiro-ministro não devia desistir, primeiro-ministro acabando por vir a ser e vendo, já na decorrência desta sua qualidade, o processo judicial a si respeitante ser arquivado por não se ter encontrado provas de qualquer ilicitude por si cometida.

Jurista
Amigos, amigos… negócios à parte e os amigos da Ucrânia procuram agora cobrar o preço dessa amizade, abocanhando, dos EUA, passando pela França, até à Inglaterra, tudo aquilo que de valor ela tenha, como as designadas terras raras
Ora, face ao atrás exposto, caberá perguntar se, no respeitante a quem exerce funções publicas, deverá prevalecer a exigência de princípios de ordem ética ou o respeito pelo principio constitucional de que todo o cidadão se deve presumir inocente enquanto não houver uma condenação sobre si recaída com trânsito em julgado.
Que pensa o leitor ou leitora?
2 – Não, hoje em dia, no espaço público e no respeitante a muitos personagens, já não se trata dum simples discordar deles, reconhecendo-lhes, contudo, honestidade intelectual e princípios. Trata-se, isso sim, de nos verem como se mentecaptos fossemos, incapazes de detetar as suas incongruências, contradições, embustes e truques, tornando-se, por isso, irritantes e, consequentemente, não se podendo exigir que, democraticamente, os respeitemos, já que por nós respeito não terão!
Todo o mísero espetáculo à volta da queda do governo e atribuição de responsabilidades pela dita mostram-nos esses mesmos personagens!
3 – Lembra-se o leitor ou leitora de quanto, no tempo da Troica, se teve de apertar bem o cinto, com cortes nos salários, nas pensões, na saúde, na educação, etc., de vender anéis para não se ficar sem os dedos e, mesmo depois desse tempo, apertos sempre se foi tendo de suportar, tudo em nome da necessidade das contas certas, do combate aos défices e à dívida pública?
Pois fique sabendo que vai deixar de haver preocupação com essa limitativa necessidade, passando a poder-se gastar à tripa-forra! Mas, atenção, não julgue que é para se poder passar a ter salários e pensões dignos, investimentos devidos na saúde ou na educação, muito antes pelo contrário, mas para se poder comprar armamento! Sim, para nos podermos defender dos russos, esses mesmos que sempre nos disseram não passarem, militarmente, de simples tigres de papel e estarem, por vias de sanções sofridas, à beira de todo um colapso económico, que ameaçarão, todavia, vir pela Europa fora, arrasando tudo pela frente, só descansando quando atingirem o seu objetivo final, que é ocuparem Lisboa para se apoderarem dos nossos Pastéis de Belém e poderem, finalmente, saboreá-los, ao sol, com vodca em espreguiçadeiras com vista para o Tejo!
4 – Conforme lido, a Assembleia da República acaba de aprovar uma resolução do PS, com votos contra do PCP e abstenção do BE, recomendando ao Governo que adote um Plano Nacional de Combate ao Antissemitismo, de forma a executar-se a estratégia da União Europeia no apoio à vida judaica.
Só se espera que por cá, a pretexto do apoio à vida judaica, não se procure censurar e perseguir, isso sim, quem ouse denunciar os crimes perpetrados por Israel sobre o povo Palestiniano, como já se vai observando noutros países tidos como democráticos (veja-se, a propósito, o artigo de opinião «O Grande Irmão já está aqui, da polícia alemã aos EUA. A usar os judeus como arma», por Alexandra Lucas Coelho, no jornal Público de 15 do corrente mês de março).
5 – Amigos, amigos… negócios à parte e os amigos da Ucrânia procuram agora cobrar o preço dessa amizade, abocanhando, dos EUA, passando pela França, até à Inglaterra, tudo aquilo que de valor ela tenha, como as designadas terras raras. Uma Ucrânia pretendida soberana, mas transformada em colónia repartida dos ditos amigos!
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