A inquietação generaliza-se no panorama social com a aproximação do dia em que conheceremos a proposta do Orçamento de Estado para 2025. Vai ser aprovado ou vamos todos a eleições?
Apesar da incerteza quanto à previsão das votações, é certo que a procedência do orçamento é querida por, pelo menos, dois dos três maiores partidos com assento parlamentar.
O CHEGA tem sempre um certo gosto em aproveitar palco para se afirmar disruptivo, mas se repetir a birra que fez com a eleição do Presidente da Assembleia da República, vai ser um jogo de cintura bastante perigoso para o partido. Depois da destilação de ódio no protesto anti-imigração convocado na semana passada, em que os militantes marcharam lado a lado com o grupo neonazi 1143, André Ventura sabe que se for a eleições vai sair com menos deputados.
“A prioridade deve ser sempre o interesse do país e não os interesses partidários”
O PSD teve uma estratégia política bastante popular com a referência ao IRS jovem. Independentemente da eficácia ou não desta medida para reverter a tendência da emigração dos jovens, que muitos já vieram contestar, um facto é que se trata de uma proposta amiga das massas, que estimulará resultados favoráveis ao partido se acontecer o retorno às urnas. Por outro lado, a intransigência de Pedro Nuno Santos quanto à medida, não lhe ajuda muito à imagem.
O mais imprevisível são as inclinações socialistas. Se, por um lado, o líder do PS quer garantir, com unhas e dentes, governar o país, por outro, não sabemos se ficar com a fama de responsável pelo chumbo do orçamento, lançando o país a viver em duodécimos, lhe vai ser favorável em eleições. Ainda assim, acredito que não quer correr o risco de ver o PSD consolidar-se em mais uns anos de governação.
Para além disso, também não fica bonito a Marcelo Rebelo de Sousa acabar o mandato a ter que dissolver novamente o Parlamento, obrigando-nos a ir todos às urnas outra vez, daí estar a exercer pressão no sentido de se chegar a um entendimento.
Por conseguinte, embora acredite que o PSD tenha ponderado entrar em negociações com o CHEGA, acabando por decidir publicamente não o fazer, evitando torná-lo seu cúmplice aos olhos dos portugueses, agora já o dispensa, por ter consciência que também ele, precisa da aprovação do OE. A prioridade deve ser sempre o interesse do país e não os interesses partidários.
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