Carta do Leitor
Logo após a minha chegada a Tavira, começaram os problemas. Habitação cheia de aldrabices, com licença de habitação passada ilegalmente e suportada por documentos falsos, facto já comprovado pelo Ministério Público, com aldrabices na gestão do condomínio que, tanto quanto sei, irão ser alvo de procedimento judicial.
Na minha ingenuidade, causada, eventualmente, por uma experiência de vida de 31 anos em ambiente honesto, denunciei os factos como achei ser normal. Carro riscado, queixa no ministério público por ameaça e outras palhaçadas dignas deste concelho parolo.
Depois veio a Associação. Não apreciando a sueca jogada no jardim, com experiência profissional em áreas específicas das ciências sociais e após experienciar factos e fazer uma análise o mais fundamentada possível da situação social do concelho em tempo de crise, entendi juntar pessoas para se trabalhar no sentido de procurar minimizar as carências sociais e psicossociais de algumas pessoas, sob o lema “Ajudar quem precisa”.
Comecei a conhecer as Instituições. A minha ingenuidade começa a ficar parva. Começo a denunciar pequenos delitos de políticos provincianos que exercem o poder da mesma forma que o exerce um pai de família. Proteger a família, os amigos e as suas coisinhas, para um dia poder dar de frosques com a mala gordinha.
Uma dessas Instituições é a Câmara Municipal de Tavira. É mal organizada e está equipada com o último grito de pessoal técnico saído das mais variadas universidades privadas, bem conhecidas pelos diplomas que vendem e politécnicos que dão cursos esquisitos, com corpos docentes ranhosos, de onde saem doutores que, em, cada linha que escrevem, dão três erros de ortografia. Coisa pouca visto existirem correctores ortográficos. Claro que assim nunca conseguirá ser bem gerida.
A única pessoa que decide é o Presidente. Até sobre o futuro dos munícipes, que, coitados têm que levar com este filme. Lá faço as minhas queixinhas ao Ministério Público, mas acho que a Câmara está-se cagando para isso, para mim e para os outros. Até um dia!
Preocupados com o folclore que é preciso dar ao Zé que votou na malta, fazem com que a Dieta Mediterrânica não me pareça ter trazido mais e melhor turismo e/ou visitantes, perdendo uma oportunidade que só os saloios e mentecaptos perdem. Mas já muita gente ganhou com a candidatura, pelo que, “está-se bem”. À rasca com as empresas municipais, que estão mais lisas que um carapau, mas que devem pagar bem aos administradores, esquecem as pessoas e os seus problemas.
A Assembleia Municipal parece um filme cómico. O boss daquilo não entende muito bem o que anda lá a fazer e a maioria dos deputados nem a ordem do dia devem ter lido, quando vão às sessões. Quando é para votar os resultados são sempre os mesmos, qualquer que seja o assunto em votação. Os deputados da oposição dão ares de quem apoia a política da câmara. Talvez porque a não conheçam nem sequer estejam muito interessados nisso.
No meio disto tudo, uns fantoches de outras instituições públicas, através da mesma metodologia utilizada na Câmara, ou seja, o interesse pessoal ou o jeitinho ao amigalhaço, fazem aldrabices, com várias cumplicidades e ainda se vêm armar em parvos. Também é assunto quase arrumado.
É obra viver-se nesta cidade. O melhor, talvez, é mesmo optar pela sueca. Mas não gosto do espaço do jogo. Sou sistemático e não posso estar dependente do vento ou da chuva. Ou jogo todos os dias ou não jogo.
Vou optar por jogos mais perigosos. Afinal, sempre adorei o risco e a aventura. Sou mais teimoso que uma mula e persistente quanto baste, até conseguir atingir os meus objectivos, numa perspectiva democrática, social, ética e cívica.
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