O (des)governo utiliza a areia de duas maneiras, esconde a cabeça e a que sobra atira-a para os olhos dos portugueses.
Já escrevi algumas vezes neste jornal acerca da divida directa do Estado. Faço-o mais uma vez para alertar algumas pessoas mais distraídas.
A divida pública nunca foi tão grande, apenas nos primeiros seis meses deste ano aumentou 9.000 milhões, evoluiu assim:
Os países europeus estão a sofrer as consequências de vários factores de risco. A crise económica da década passada ainda não está completamente recuperada, a taxa de inflação quase nos dois dígitos, a subida das taxas de juro e a guerra na Ucrânia.
Portugal arrisca-se, dentro de meia dúzia de anos, a não conseguir pagar os juros da divida, e, claro que a divida também não. Basta pensar que cada 1% de subida da taxa de juro os juros a pagar aumentam 2,8 mil milhões de euros por ano!
Christine Lagarde, presidente do BCE, disse ontem, 21/07/2022, que a divida tem que diminuir o que significa começar a pagar a divida existente. Em contrapartida o governo português diz que a divida vai diminuir em percentagem do PIB, claro que como a inflação está perto dos 10% o PIB a preços correntes aumenta na mesma proporção logo o peso relativo da divida no PIB diminui sem necessidade de fazer alguma coisa, o primeiro ministro e o ministro das finanças andam sorridentes a deitar areia para os olhos dos portugueses, qual deles será o mais incompetente e que remexe mais areia? E ainda têm a coragem de dizer que a culpa é do tempo da Tóika! Em 2015 a divida era de 226 362,8 milhões de euros, muito devido ao resgate de 75.000 milhões pedidos pelo governo do PS.
Nós não pagamos a divida com molhinhos de percentagens, pagamos com euros.
Já estamos a pagar a incompetência governativa com a subida da inflação que parece chegar este ano aos 10%, repare-se que os salários vão crescer no máximo 4%, perdem cerca de 6% do poder de compra, metade do que perderam temporariamente com a Troika e sem se falar em austeridade, mas as pensões vão perder muito mais ao aumentarem apenas 0,9%. Como diz o povo “a culpa é da mãezinha deles por não lhes ter torcido o pescoço à nascença.”
O PS, para satisfazer a clientela política, continua a enterrar o país com uma divida insustentável. Pergunto-me a mim próprio como é que um partido com tanta gente honesta e altamente competente deixou chegar ao Poder os populistas incompetentes.
Em termos geracionais, serão os nossos netos e bisnetos que irão pagar o dinheiro desbaratado pelos governos do PS nos últimos vinte anos.
A divida não pára de crescer. Recordo que temos que a pagar.
* Licenciado em Economia pelo ISEG – Lisboa;
Mestre em Educação de Adultos e Desenvolvimento Comunitário pela U. Sevilha;
Professor aposentado.