Queira o leitor participar numa breve experiência. Só precisa de uma chávena e um conjunto de esferas como, por exemplo, as bolas perfumadas de madeira de cedro que se usam para perfumar gavetas. Coloque uma bola na chávena e comece a rodar no sentido dos ponteiros do relógio. Qual será o sentido de rotação da bola? A resposta é fácil: a bola roda no sentido dos ponteiros do relógio. Até aqui nada de novo. Mas agora vá adicionando mais bolas. À medida que vai acrescentando esferas existe um ponto a partir do qual as bolas começam a rodar no sentido oposto ao da chávena. Como será isto possível? Um truque de magia? Uma ilusão? Na verdade, a matemática e a física explicam bem este fenómeno. Chama-se transição de fase que ocorre quando, por variação de um parâmetro, o estado do sistema macroscópico subitamente se altera. No caso da nossa experiência a densidade das bolas faz com que a interação entre elas passe a ser mais forte. Se continuar a acrescentar bolas até atingir as 20, por exemplo, ocorre nova transição de fase e elas ficam imóveis. Esta interessante experiência é apenas um dos muitos brinquedos matemáticos descritos pelo japonês Tadashi Tokieda.
O professor de Standford usa objectos do quotidiano como papéis e clips para explicar conceitos matemáticos contribuindo assim para a literacia em ciência.
Há muito mais para descobrir em pequenos vídeos no site https://www.msri.org/web/msri/public/tadashis-toys
E para os leitores que ficaram ainda mais curiosos com a figura de Tokieda sugiro a leitura da obra mais recente da coleção “Ciência Aberta” da Gradiva. O pequeno mas fascinante livro de Jorge Buescu “Amor, matemática e outros portentos” está repleto de capítulos que tornam temas eventualmente mais difíceis em histórias que se lêem de uma assentada. Desde as desavenças da família Bernoulli até às medalhas Fields, passando pelas “contas” do chá por Fisher, há muito para descobrir.
Buescu tem, assim, contribuído para o interesse dos jovens pela matemática com os seus textos. E este seu livro merece mesmo integrar o Plano Nacional de Leitura. É que a matemática não é apenas útil para entendermos o mundo. Ela pode ser, simplesmente, divertida.