Dança com o Destino, de Juliet Marillier, autora best-seller do romance fantástico publicado em Portugal pela Planeta Editora, dá continuidade ao livro A Harpa dos Reis, primeiro da série Bardos Guerreiros.
Entrevistada o ano passado para o Cultura.Sul, a autora defendeu que ainda que haja elementos consistentes, nomeadamente nos seus primeiros livros, os seus romances não seguem uma fórmula, como aliás parece ser bem o caso deste mais recente livro. Há inclusivamente uma passagem bastante ilustrativa: «os bardos não têm as suas ideias ao calhas. Inspiram-se numa reserva antiga de conhecimento. Histórias que já foram contadas mil vezes antes, histórias que mudam um pouco a cada narração. Histórias que ganham partes novas e perdem partes velhas, histórias que misturam o quotidiano e o profundamente mágico, o ordinário e o extraordinário. Acredito que todos esses contos antigos vão buscar as suas raízes a alguma coisa real, alguma coisa verdadeira.» (p. 243)
A narrativa de Dança com o Destino alterna entre Liobhan, Dau e Brocc, mas centra-se mais no jovem Dau, que sofre um acidente durante um treino na Ilha dos Cisnes. Ainda que, como em todos os seus livros, haja temas e motivos alusivos ao folclore e à mitologia, a magia está menos presente. E não faltam algumas das paixões da autora, como os cães e a música. Esta é sobretudo uma história de superação em que estes jovens guerreiros se deparam com mais um treino das suas capacidades físicas e mentais, assim como emocionais, e que permite a Dau pôr ordem na sua vida. Juliet Marillier revela-se novamente como uma exímia contadora de histórias, e ata os fios lançados no primeiro livro, em que nos foi revelada a infância difícil de Dau. As provações contadas neste livro mostram-nos como ele passou «pelo fogo e emergiu brilhantemente polido: uma espada de verdade» (p. 443).
Mundialmente conhecida na área da fantasia histórica celta, a autora nasceu em Dunedin, Nova Zelândia, a cidade mais escocesa fora da Escócia. Os seus livros combinam romance e história, drama e fantasia, folclore e mitologia, no contexto do universo celta. Já venceu 15 prémios literários, como o prestigiado Aurealis Award. Entre diversas trilogias, destacam-se três séries de imenso sucesso: Sevenwaters, Shadowfell e Blackthorn e Grim.
Foi professora de música, responsável por um grupo coral e cantora de ópera. A autora é membro de uma ordem druídica e os seus valores espirituais reflectem-se muito na sua ficção – onde a relação das personagens humanas com o mundo natural desempenha um papel importante, assim como o poder da contação de histórias para ensinar e para curar. Juliet Marillier já visitou Portugal e é fã dos livros de Saramago.