Caros leitores,
Felizmente que com as primeiras chuvas, embora em pouca quantidade, elas vieram acalmar uma das grandes preocupações das populações.
Falo dos incêndios florestais, esse flagelo que todos os anos devora centenas e centenas de hectares de mato e florestas e que infelizmente, em alguns casos, tem destruído património e ceifado vidas humanas.
Também, as entidades que tutelam a prevenção e a própria intervenção no terreno, deixaram de ter tanta presença mediática.
É natural pois estamos em Novembro, e isso justifica essa ausência.
Justifica, mas não pode ser razão para ficarmos descansados e de braços cruzados à espera que daqui a uns meses tudo volte ao mesmo.
Nesses meses tão duros, somos confrontados com tanta devastação que leva a que famílias percam tudo o que amealharam ao longo das suas vidas.
Lamentável nos dias de hoje.
Um País que arde tanto como o nosso, não pode ser um País com futuro
São tantas as chamas, que tenho receio que com essa continuidade, nos tornemos insensíveis a todos estes dramas que nos vão consumindo por fora e por dentro.
Fogos esses, que continuam a ser politizados e vão alimentando uma indústria que vive dos incêndios.
Quantos milhões de euros se gastam por ano?
Ainda se fosse na prevenção, mas não!
É exactamente nos momentos das calamidades.
São os kits da proteção civil,
São os aviões,
São os helicópteros,
São as máquinas,
Um sem número de exemplos, onde se gastam milhões e milhões, e mesmo assim temos deixado o país a arder.
Entendo que a questão de fundo passa pela prevenção.
Prevenção com um Plano Florestal bem definido, e cada vez mais exigente.
Planear a Floresta, passa por verdadeiros planos de ordenamento do território onde o planeamento deve ser estratégico, de modo, a serem criadas as condições para que as pessoas voltem aos território, já que a realidade conhecida é exactamente ao contrário, ou seja, as pessoas foram afastadas e o resultado está bem visível.
Despovoamento.
Encerramento dos serviços públicos.
Tudo a condizer…
É altura de arrepiar caminho e fixar as pessoas aos territórios.
Elas são a melhor forma de prevenção, e por isso devem residir e trabalhar perto dessas zonas.
Uma nota para as chefias e coordenação no combate aos fogos:
A minha experiência de ex-autarca diz-me que quem melhor conhece os territórios são claramente as chefias locais.
O responsável pela proteção civil e o comando dos bombeiros de cada município.
Estes factores devem ser tidos em conta em cada momento, e não colocarem, por mais credenciadas que sejam, a dirigir as operações os que não conhecem as dificuldades dos terrenos, e normalmente dá asneira.
Falando deste tema leva me a falar dos Bombeiros Portugueses, esses verdadeiros soldados da paz que de uma forma abnegada, e com uma entrega total, abraçam causas e defendem até ao limite o património e as pessoas.
Os bombeiros fazem um esforço para além das suas capacidades físicas e mentais em grande parte das ações onde participam, e nem sempre são valorizados face a sua entrega, já que quando saem dos quartéis deixam para trás tudo o que está ligado às suas vidas familiares e profissionais, e só pensam em salvar sem olhar aos riscos que correm, e com a particularidade, de nem sempre estarem bem protegidos, quer pelos equipamentos pessoais quer pelas viaturas que utilizam .
Já para não falar na alimentação, que tantas vezes não é a mais adequada nas missões que se envolvem.
O País precisa muito destes Homens e Mulheres.
Merecem mais apoio das Instituições, em particular do Governo , já que as autarquias fazem um grande esforço para os apoiar.
O que se pede aos governantes, é que neste período de defeso se concentrem no essencial.
Olhem para as cooperações de bombeiros e vejam as suas fragilidades e as suas necessidades, e dêem todo o apoio necessário para virem a actuar com eficácia e prontidão.
Que vejam essa despesa como um investimento.
Investir na prevenção, deve ser a maior prioridade de qualquer governo.
Pensem nisso!
O Algarve agradece!