Amiúde ouvem-se queixumes de que o país continua a pedalar na cauda dum pelotão chamado UE, nem ao meio do mesmo conseguindo chegar, quanto mais à sua frente, queixumes capazes de nos fazerem passar duma qualquer euforia futebolística ao mais profundo estado depressivo!
Admitindo-se haver razão em tais queixumes, estranha-se, contudo, tão falta de pedalagem!
É verdade que somos, territorialmente, um país pequeno, não dispondo de grandes riquezas naturais, tipo jazidas de ouro ou poços de petróleo, ainda que, no tocante a este último, se tivesse chegado a alimentar a esperança de que pudesse haver no Beato, esperança que, infelizmente, disso não chegou a passar (ou felizmente, pois que se petróleo nele se tivesse descoberto, hoje poderíamos estar a ser vítimas duma qualquer guerra entre grandes potências!).
Mas, ao invés, não deixaremos de ser, muito provavelmente, o país do mundo onde, entre a respetiva população, maior percentagem de «medalhados e comendadores» por «altos serviços prestados à sociedade e ao país» haverá, a par de «especialistas» nas mais diversificadas áreas, desfilando, diariamente, nas nossas televisões, capazes de nos elucidarem desde sobre o sexo dos anjos até à questão de se saber se nasceu primeiro o ovo ou a galinha!
Tudo isto, claro está, para já não se falar em «Personalidades do Ano» todos os anos, bissextos e não bissextos, sendo dadas à luz ou nos galardoados com «Globos de Ouro», mesmo que, neste caso particular, não se saiba se sendo de ouro maciço, banhados, apenas, nele ou, simplesmente, pintados de amarelo, mas serem ou não serem, também, reconheça-se, não será a questão, o que importará, isso sim, é o prestigio a eles associados!
Ora, ainda que não se possuindo minas de ouro ou poços de petróleo, mas no país não faltando, como se vê, «massa cinzenta, criativa e artística», a que se juntará os quase novecentos anos de existência que ele já leva, não sendo, por conseguinte, um «adolescente» imaturo, de borbulhas na cara, sem experiência ciclística, como compreender, então, que continue tão atrasadamente a pedalar?
Estranhíssimo!
Haverá por aí algum «especialista» capaz de explicar-nos por que assim sucederá?
E já agora, sempre irá haver ou não Orçamento de Estado aprovado? É que «nem o pai morre, nem a gente almoça!».
PS – Questões de regimes à parte:
A China, em 75 anos de Revolução acabados de comemorar, conseguiu passar de um país quase medieval à potência económica mundial que hoje é conhecida. Por cá, em 50 anos de Revolução e respetiva discussão à volta dele, ainda não se conseguiu ver sair do papel o novo aeroporto de que se diz o país ser precisado, receando-se, até, que quando vier a ser construído se torne num autêntico «elefante branco», por os chineses, entretanto, já terem enchido o mercado, «ao preço da uva mijona», de drones transportadores de passageiros e mercadorias, com isso aeroportos dispensando!
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