Diz-nos o antigo provérbio, que “Da Páscoa a Ascensão 40 dias Vão”, esta Ascensão a que provérbio alude, é a Ascensão de Cristo. De recordar que se Cristo ascende é porque Cristo vive e mais uma vez assim concluímos que a Morte, a Cruz e o Sepulcro foram derrotados e a Vida Venceu.
Celebrar o Dia da Espiga como popularmente é designado este dia em Portugal é celebrar a Ascensão de Cristo aos Céus passado 40 dias, após o Domingo de Páscoa, pois durante esses 40 dias, Jesus materializáva-se espiritualmente, convivendo, abençoando e ainda dando instruções aos seus discípulos.
Durante estes 40 dias, após o Domingo de Páscoa, Jesus ascende, o que quer dizer que não volta a materializar-se espiritualmente diante dos seus discípulos, embora venha a aparecer em várias ocasiões após a Ascensão aos seus discípulos, mas não de uma forma materializada, apenas na forma espiritual, esta materialização durante os 40 dias após o domingo de páscoa apenas serviu para reforçar a fé ainda frágil dos seus discípulos, daí Jesus se materializar durante estes 40 dias, após estes 40 dias, Jesus decide deixar de se materializar, por acreditar que já muitos eram eram os sinais que tinham os seus discípulos visto e ouvido estando na sua companhia e é assim decide deixar de se materializar espiritualmente, chegando o momento de se começar a acreditar sem se ver.

Médium, tarólogo, orientador mediúnico,
popularmente conhecido pelo “Santo do Algarve”
Celebrar o Dia da Espiga ou a Quinta-feira da Ascensão é celebrar a Vida após a morte, é afirmar que existe Vida para além do corpo físico, pois essa é a esperança que Cristo nos deixa
Celebrar o Dia da Espiga ou a Quinta-feira da Ascensão é celebrar a Vida após a morte, é afirmar que existe Vida para além do corpo físico, pois essa é a esperança que Cristo nos deixa, através das suas palavras: “Eu sou o Caminho a Verdade e a Vida”, e é essa Vida que se celebra neste Dia da Espiga, a Vida Espiritual.
Quanto ao porquê, de se designar a Quinta-feira da Ascensão como o Dia da Espiga, está relacionado com a própria simbologia da Espiga, primeiramente a Espiga está apontando para os céus, paralelismo com a ascensão de Cristo e nossa própria Ascensão ao céus após a morte física do nosso corpo um dia, o chamado “regresso à morada celestial”, em segundo lugar a espiga de cor amarelo/dourada, símbolo da luz, como deverá ser a luz da nossa alma, resultado das nossas boas ações praticadas durante esta jornada Terrena, e por fim em terceiro lugar a Espiga está seca, a planta morreu, contudo guarda dentro de si os Grãos, Grãos esses Símbolo de Esperança de Vida, pois se novamente lançados á terra irão novamente produzir mais Espigas, refletem assim os grãos da Espiga a Esperança que existe vida para Além desta Realidade Física.
Quanto ao ramo da Espiga que habitualmente é colhido, na Quinta-feira da Ascensão, pode esse ramo ser admirado de diversos prismas, dependendo da sensibilidade e do entendimento de cada um de nós: uns poderão o entender como um amuleto de sorte e de proteção, outros como um Símbolo de Cristo Vivo, quanto a mim, ao colher o Ramo da Espiga, admiro tal tradição, como um símbolo que representa a Imortalidade do Espírito após a sepultura do corpo.
Passarei agora a explicar segundo a Tradição Algarvia como colher e preparar o ramo da Espiga. No Algarve são colhidos 3 raminhos de romãzeira em flor, 3 raminhos de Oliveira, 9 espigas de trigo (se não existir trigo poderão ser espigas de centeio ou de cevada), colher 3 papoilas, colher igualmente 3 malmequeres e por fim 3 raminhos de alecrim. Depois de todos estes elementos colhidos, devem ser amarrados com uma fita branca, colocando pendurado atrás de uma porta ou no cimo de um armário, contudo com o cuidado das espigas não ficarem viradas para baixo, mas sim as espigas e todo ramo ficar virado para cima, apontando para os Céus.
Com o passar do tempo o Ramo da Espiga começou, a ser considerado como amuleto de sorte que devia estar presente em todas as casas, onde no centro de do ramo colocava-se uma moeda, com a intenção não faltar o dinheiro nessa casa durante todo o ano. Devo novamente recordar que a simbologia do colher da Espiga é Espiritual, pois o que estamos a colher é a simbologia da vida após a morte, e associar a Espiga a um amuleto não é o mais correto, de uma óptica espiritual.
Quanto a simbologia dos elementos que compõem o ramo da espiga, a Oliveira representa e tem como símbolo a luz e a paz, a romãzeira em flor representa prosperidade na saúde, as papoilas estão associadas á paixão do Senhor, nosso Irmão Maior Jesus, na Sexta-feira Santa e o seu Sangue derramado por nós, os malmequeres representam a alegria com que devemos viver, pois os malmequeres são os arautos da primavera e o alecrim representa a proteção contra os espíritos obsessores/ignorantes, as chamadas vulgarmente “almas panadas”, ou “perdidas”, pois o alecrim é recorrentemente utilizado em defumações para purificar o ambiente, assim esta planta transportar uma carga simbólica de Purificação. Quanto às espigas atrás já mencionei a sua simbologia pois os seus grãos representam a esperança da vida após a morte, pois os grãos guardam em si vida e é a verdadeira Vida que estamos celebrando nesta Quinta-feira da Ascensão.
Assim vos desejo a todos/as vós uma abençoada Quinta-feira da Ascensão, ou seja um Dia da Espiga, com a convicção da certeza que existe Vida para além da Morte. Celebrar a Quinta-feira da Ascensão é celebrar a Festa da Vida, é Celebrar Cristo Vivo e é igualmente celebrar a esperança, pois a morte física não é o fim, mas sim o recomeço.
Um Abençoado Dia da Espiga, do Algarve para o Mundo, um Irmão na Fé.
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